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Suplementação de matrizes visando aumentar a ingestão de matéria seca e melhorar a condição corporal

Baixas taxas de prenhez são normalmente devidas a anestros prolongados pós-parto. Distúrbios fisiológicos, partos distócicos, interações mãe-cria e deficiências nutricionais estão entre os principais fatores envolvidos. Embora todos sejam importantes, deficiências nutricionais e as interações mãe-cria, merecem atenção especial, por causarem os maiores prejuízos no momento em nossas condições. Boa condição corporal, sinônimo de nutrição adequada, é imprescindível para a ocorrência de ciclos estrais e ovulação em fêmeas bovinas, sendo possível prever a taxa de prenhez de um rebanho através da avaliação de condição corporal.

Com a estação de parição durante o período de pleno crescimento forrageiro, a utilização de forragem de alta qualidade através de um bom manejo das pastagens poderá permitir a manutenção ou mesmo melhoria na condição corporal das fêmeas, mesmo estando amamentando. Entretanto, em determinadas condições de baixa qualidade de forragens e ou de categorias de fêmeas mais exigentes (primíparas), a suplementação pós-parto pode ser uma alternativa para melhorar o nível nutricional (fornecer nutrientes direta e indiretamente através do aumento de ingestão) e consequentemente melhorando a condição corporal.

Ruas et al. (2000) avaliaram o ganho de peso e a condição corporal de fêmeas pós-parto em pastagens de capim jaraguá, sem suplementação ou com dois níveis de suplementação protéica (1 ou 2 Kg do suplemento contendo 60% de farelo de soja e 40% de farelo de algodão). Logo após o nascimento dos bezerros, as fêmeas eram colocadas em um dos tratamentos. Para avaliação da condição corporal, foi utilizado um sistema simplificado de valores:

3 = vacas magras, com cobertura muscular ruim, aparecimento das costelas, processos vertebrais, ísquios e íleos.

4 = vacas em boas condições, com boa musculatura, porém sem deposição de gordura.

5 = vacas em boas condições, com boa musculatura e com deposição de gordura.

Foram observados aumentos na ingestão de forragem, ganho de peso e condição corporal das fêmeas suplementadas em relação às não suplementadas (tabelas 1 e 3). Não foi observado efeito de substituição, pelo contrário, houve aumento na ingestão de MS tanto para consumo de forragem (não significativo estatisticamente) e para o consumo total (P< 0,05), tabela 1. Tabela 1. Consumo de forragem e total (MS) de fêmeas suplementadas ou não.

Mesmo com forragem de boa qualidade, apresentando teores de proteína bruta (PB) de 8,5% (tabela 2), os valores apresentados acima mostram o aumento da ingestão média diária das vacas suplementadas em relação às não suplementadas.

Tabela. 2 Teores médios de PB, FDN e FDA da extrusa e do suplemento fornecido aos animas.

Não houve diferença estatística (P< 0,05) no peso vivo das vacas no parto, sendo observadas diferenças no peso vivo final (tabela 3). O aumento da ingestão de MS propiciou aumento de ganho de peso e da condição corporal das fêmeas suplementadas, permitindo que essas entrem na próxima estação de monta em melhores condições, ou seja, com maiores chances de concepção. Não houve aumento (P< 0,05) no peso vivo dos bezerros, mostrando que as fêmeas sem suplemento, apesar de estarem em piores condições corporais, priorizaram a produção de leite em detrimento do ganho de peso. Tabela 3. Médias de escore de condição corporal no parto (ECCP) e final (ECCF), peso vivo no parto (PVI), peso vivo final (PVF), ganho médio diário (GMD) e peso final dos bezerros (PFB).

Infelizmente, com os dados disponíveis, não é possível fazer uma estimativa econômica da suplementação. Entretanto, os dados são importantes para mostrar o efeito da suplementação protéica na ingestão de matéria seca e no ganho de peso de vacas mesmo durante o período das águas.

Referências Bibliográficas:

RUAS, J.R.M.; TORRES, C.A.A., VALADARES FILHO, S.C.; PEREIRA, J.C.; BORGES, L.E.; MARCATI, A.N. Efeito da suplementação protéica a pasto sobre consumo de forragens, ganho de peso e condição corporal em vacas Nelore, Rev. Bras. Zoo. V. 29, n. 3, p. 930-934, 2000.

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