Nesta semana, o mercado do boi está mais pressionado pela decisão do governo brasileiro em suspender as exportações de carne industrializada para os Estados Unidos em um momento em que a oferta de animais já excede o consumo de carne no mercado interno.
Os Estados Unidos são responsáveis pela importação do equivalente a dez mil dianteiros por dia ou 700 mil animais por ano, segundo o consultor Alcides Torres, da Scot Consultoria. No curto prazo, o destino deverá ser mesmo o mercado interno e os frigoríficos deverão tentar comprar animais a preços menores, já que perderam parte de sua receita.
O fato de o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa ter anunciado, um dia depois da suspensão, que o Ministério do Planejamento autorizou a contratação de 100 fiscais federais agropecuários, como prevê a Portaria 85, de 27 de abril, e, em caráter temporário, 210 agentes de inspeção sanitária, torna mais claro o que todos suspeitavam.
As causas da decisão brasileira de suspensão das exportações foram mais de ordem técnica. Os Estados Unidos não aprovaram o fato de o Brasil ter convênio que permite aos governos estaduais e prefeituras contratarem os fiscais que fazem a inspeção nos frigoríficos. O fato de esses recursos para a contratação desses novos fiscais terem sido “liberados” tão repentinamente, depois de tantos anos sendo requisitados, leva a crer que este é o principal entrave posto pela missão norte-americana que visitou os frigoríficos brasileiros recentemente.
Um problema operacional, como ocorreu com o Friboi, por exemplo, pode ser facilmente ajustado e não requer suspensão das vendas. O Frigorífico Bertin chegou a emitir uma nota à imprensa afirmando que, na inspeção realizada pela missão norte-americana em suas plantas, não foi encontrada nenhuma inconformidade.
Está prometida para as próximas semanas a liberação do auto-embargo. Uma missão norte-americana volta ao Brasil entre os dias 16 e 20 e deve rever a situação. O diretor do Dipoa, Nelmon Oliveira Costa, assegurou, entretanto, que a liberação não depende dessa visita.
No mercado físico, a arroba está cotada entre R$ 55 e R$ 55,50 para descontar o Funrural a prazo no interior paulista. Com as chuvas recentes, os pecuaristas estão reduzindo suas ofertas, mas mesmo assim é grande a quantidade de bois prontos que estão sendo desovados, permitindo que os frigoríficos mantenham escalas em torno de sete dias, na média.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Eduardo Magossi), adaptado por Equipe BeefPoint