O Tabapuã, raça genuinamente brasileira, reconhecida pelo Ministério da Agricultura, leva o nome de sua cidade de origem, onde fica a Fazenda Água Milagrosa, www.aguamilagrosa.com.br. A escolha do nome Tabapuã obedece a uma tradição mundial de denominação, que privilegia local ou região da raça.
Em 1940, a Fazenda Água Milagrosa – berço da raça Tabapuã – ganha um bezerro mestiço, resultado do provável cruzamento entre zebuínos (Nelore com Guzerá e um pouco de Gir), que viria a ser o touro Tabapuã T-0. Seus acasalamentos começam em 1942-1943, com a característica de ser mocho.
No final da década de 1950, fica comprovado o sucesso do sistema adotado pelo engenheiro Alberto Ortenblad, de acasalamento em linha reta (“in and in breeding”), pela verificação da qualidade das progênies, a linhagem dos filhos-netos do T-0.
Em 1961, apenas dentro do Estado de São Paulo, o Tabapuã passa a ter um padrão racial, registro genealógico, e participa de exposições estaduais e provas de ganho de peso, cujas vitórias sucessivas sobre as demais raças zebuínas conferem-lhe valor e prestígio.
Em 1968, Alberto Ortenblad funda a Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT). No ano seguinte, a raça é reconhecida e registrada sob o no 8 pelo Ministério da Agricultura.
Em 1970, a Comissão do Ministério da Agricultura recomenda incluir-se o Tabapuã no cadastro das raças zebuínas, ainda sob a denominação de “tipo”. Em dezembro de 1970, o Conselho Técnico da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) aprova o padrão racial do “Tipo Tabapuã”.
A ABCZ realiza em 1o de fevereiro de 1971 o primeiro registro genealógico do “Tipo Tabapuã” em LA (Livro Aberto), ainda provisório, na Fazenda Água Milagrosa. Abre-se um período de dez anos para ratificar ou não o Tabapuã como raça. Neste período o Tabapuã precisaria provar seus méritos.
Em 1975, começam os CDPs (Controles de Desenvolvimento Ponderal), que consideram e avaliam diferentes fases de ganho de peso, a exemplo da desmama e de um ano de vida, permitindo levantamento de médias diárias de engorda, entre outros dados.
Nesta década e na seguinte, o Tabapuã sozinho vence 80% das pesagens, em ambos os sexos e em todos os regimes alimentares, enquanto as demais raças zebuínas juntas ficam com apenas 20%. Fica assim comprovada a característica de rápido ganho de peso e precocidade do Tabapuã. Em 1981, o “Tipo Tabapuã” é finalmente reconhecido como raça Tabapuã.
Na última edição de seu livro, “O Tabapuã da Fazenda Água Milagrosa”, já com idade avançada, Alberto Ortenblad descreveu a atividade agropecuária com palavras simples: “Extenso e apaixonante campo de atividade é este, exercido no silêncio do isolamento, nem sempre isento de revezes, amálgama de negócio com prazer, em que sentimos, como em nenhum outro, a rapidez do curso da vida, curta demais para o objetivo visado”. Alberto Ortenblad, criador da raça Tabapuã, faleceu em 1994.
O mocho Tabapuã reúne atributos vitais do ponto de vista econômico: fértil; precoce sexualmente; extremamente rústico e de fácil adaptação; matrizes são dotadas de ótima habilidade materna; ganho de peso e precocidade excepcionais, imbatíveis entre as raças zebuínas, inclusive quanto a aproveitamento de carcaça.
Proporcionalmente ao tamanho de seu rebanho, o Tabapuã tem longa história de participação em provas oficiais de desempenho, como CDP (Controle de Desenvolvimento Ponderal) e PGP (Provas de Ganho de Peso), fazendo com que os dados e índices relativos à raça sejam confiáveis. (Como exemplo genérico, o Tabapuã tem um peso de desmama de até 30% maior que outras raças zebuínas, devido a habilidade materna da raça.)
Todos os animais colocados à venda passam por rigoroso controle de qualidade. Animais com qualquer defeito “desclassificante” – racial, congênito ou adquirido – são expurgados. Animais que, mesmo perfeitos, mas com desenvolvimento ponderal abaixo dos padrões de qualidade da Fazenda Água Milagrosa também não são vendidos como reprodutores. Este rigoroso critério vale tanto para machos quanto para fêmeas, explica o gerente pecuário da Fazenda Água Milagrosa, zootecnista Paulo Henrique Julião de Camargo.
Embora o rebanho Tabapuã da Água Milagrosa seja extremamente homogêneo racialmente, e de ótimo desenvolvimento ponderal, há rigor no descarte entre a desmama e os 18 meses de idade. “A fazenda não vende boi de corte, vende reprodutores de alta qualidade”, enfatiza o gerente.
É necessário, conseqüentemente, que os animais colocados à venda tenham boa caracterização racial e bom desenvolvimento ponderal. Devem apresentar ainda, como potencial genético, mais duas características: descender de touros e vacas férteis e de alto “predomínio hereditário” e ter “prepotência genética”. Só assim o comprador poderá ter certeza de que não está comprando apenas um belo animal, mas, acima de tudo, um reprodutor que irá imprimir, com dominância, suas características a seus filhos.
A Fazenda Água Milagrosa dispensa o manejo artificial de seus reprodutores à venda (machos e fêmeas), considerando que o Brasil apresenta as mais diversas condições de meio ambiente e de manejo. A suplementação alimentar, na seca, é feita somente com uso de sal proteinado, técnica usada amplamente por todos os criadores. “O nosso manejo presume que o comprador possa utilizar-se imediatamente dos animais adquiridos em regime de campo, sem necessidade de adaptação, desde que a idade dos animais adquiridos já permita que entrem em reprodução”, acrescenta Camargo.
Os reprodutores vendidos pela Água Milagrosa por serem PO (Puros de Origem), são isentos de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços). O único imposto pago pelo comprador é o ICMS de frete, de menor valor.