Na próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior, na semana que vem, o governo federal poderá decidir por não reeditar a medida que taxa a exportação do couro tipo wet blue>/i> em 9%. Uma fonte do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) disse que, se o assunto não está na pauta e o imposto tem data para terminar (final de novembro), “provavelmente a medida não será reeditada”.
A taxação do couro wet blue tem sido motivo de controvérsia entre o setor primário e o industrial desde a sua implantação, no final de 2000. Ela visava aumentar a exportação de produtos com maior valor agregado, no entanto, em volume, desde a sua vigência, não houve queda de exportações de wet blue.
Segundo o assessor econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Paulo Mustefaga, entre janeiro e agosto, as exportações de calçados, por exemplo, caíram 10% e as de couro wet blue cresceram 20%. Pelos cálculos da CNA, entre janeiro e julho deste ano, houve uma transferência de renda do setor para o governo de US$ 55 milhões, calculada com base na alíquota do imposto. “Não tem sentido represar aqui, se contribui para derrubar os preços internos”, avalia.
Curtumes
Para o vice-presidente do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB), Arnaldo Frizzo, a taxação deve ser mantida e até ampliada. Segundo ele, o principal efeito do imposto foi o aumento das exportações de couro acabado, que entre janeiro e agosto deste ano cresceram 68,7% sobre o mesmo período do ano passado. Além disso, houve ampliação de investimentos em curtumes na Bahia, Ceará e Goiás.
Para ele, o que deveria mudar é a política industrial, ou seja, o governo precisaria dar incentivos para que o couro fosse manufaturado e vendido com maior valor agregado.
Frizzo diz que, enquanto nos anos 80, 90% das exportações eram de couro manufaturado, hoje, “em decorrência de uma política tributária onerosa” não chegam a 20%.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint