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Técnica produz clones bovinos sem problemas nos EUA

Um estudo feito nos Estados Unidos, o qual aperfeiçoou a técnica de clonagem que produziu a famosa ovelha Dolly, permitiu agora que clones de vacas fossem produzidos em boa quantidade e sem apresentar defeito algum. É o primeiro grande grupo de clones perfeitos conhecido. De 30 bezerros clonados, 24 sobreviveram à idade adulta, sem apresentar problema genéticos ou de metabolismo evidentes.

O estudo foi feito por uma equipe de 9 pesquisadores liderada por Robert Lanza e José Cibelli, dois cientistas da empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology, de Worcester, Massachusetts. “A possibilidade de clonar seres humanos levantou questões sobre a capacidade da transferência de núcleos poder ser usada para reproduzir animais adultos sadios. Relatos na imprensa leiga e científica sobre problemas genéticos, imunológicos e outros problemas de desenvolvimento levantam a questão da ‘existência ou não de clones normais’.”

A resposta a esta questão, pelo menos em relação a vacas e bezerros, foi dada por este estudo, que mostrou um alto índice de animais clonados (80%) com boa saúde e nenhum problema constatado.

O processo de clonagem foi praticamente o mesmo nos casos de Dolly e dos bovinos. Ele consiste em colocar o núcleo de uma célula de animal adulto em um óvulo imaturo do qual se retirara o núcleo original. A grande diferença é a célula que doou o núcleo (além de detalhes do tratamento em proveta).

O óvulo de Dolly recebeu o núcleo de uma célula de mama, que havia sido deixada em estado hibernal, privada de nutrientes. O experimento com vacas envolveu núcleos de fibroblastos (células de pele). Um estudo anterior, publicado pela “Science”, revelara que seis vacas clonadas tinham completado um ano sem apresentar problemas. Mais ainda, suas células como que “rejuvenesceram”, ao contrário do que tinha acontecido com Dolly. As células de Dolly têm uma estrutura ligada ao envelhecimento -o telômero- 20% menor do que ovelhas normais da mesma idade. O mesmo não aconteceu com os bezerros.

“Nós não observamos defeitos genéticos, deficiências no sistema imunológico, obesidade doentia ou outras anormalidades drásticas citadas por outros pesquisadores. Ainda precisa ser determinado se essas anormalidades ocorrem em outras espécies e/ou se são devidas a diferenças nas técnicas de clonagem”, afirmam os autores do estudo atual.

Apesar dos resultados, a clonagem continua sendo um processo difícil. Neste estudo, de 247 vacas que receberam embriões, 110 tiveram gestação, mas 80 tiveram aborto espontâneo (um índice de 73%, alto, se comparado com a média normal da fertilização in vitro de 7% a 24%). Apenas 30 bezerros nasceram. Cinco deles morreram logo depois do nascimento, de problemas cardiopulmonares, e um, depois de 149 dias, de problemas intestinais.

Fonte: Folha de São Paulo (por Ricardo Bonalume Neto), adaptado por Equipe BeefPoint

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