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Tempo de crise para demanda por carne bovina nos EUA

Imagem ilustrativa para a matéria: "Tecnologias nutricionais promissoras para melhora da eficiência na pecuária de corte"

Por Derrell S. Peel, da Oklahoma State University Extension

A demanda por carne bovina tem sido uma agradável surpresa até agora nesse ano nos Estados Unidos. Os preços da carne bovina no atacado e no varejo aumentaram rápido o suficiente para manter margens decentes para os frigoríficos e permitir que os confinamentos tivessem lucratividade para os três primeiros trimestres do ano. Os preços da carne bovina no varejo aumentaram nesse ano com relação ao ano anterior em média quase 11% até agosto, com os preços mensais em agosto subindo quase 17% com relação ao ano anterior.

Os preços da carne bovina (boxed beef) aumentaram em média em 21-11% para cortes de classificação Choice e Select até agora nesse ano, com aumentos de 32-34% em agosto com relação ao ano anterior. Os preços varejistas atualmente não refletem todo o aumento nos preços atacadistas e nos próximos meses serão ainda mais importantes para a demanda por carne bovina à medida que os ajustes varejistas continuam.

Além disso, embora os preços da carne bovina tenham declinado em setembro, a pressão por maiores preços não terminou. Os abates totais de bovinos caíram mais de 7% desde o começo de agosto, com os abates de novilhas caindo quase 11% e os abates de vacas caindo quase 17%. Cada um desses continua pressionando os totais até agora nesse ano para baixo, com os abates de novilhas caindo em 8,8% e de vacas, 14,6%, até agora nesse ano.

Os abates de novilhos caíram em 1,9% desde o começo de agosto, um declínio levemente menor que no ano todo até agora, que foi de 2,9%. Mais novilhos no mix total de abates (os novilhos representaram 2% mais dos abates totais do que no ano anterior) combinado com pesos maiores das carcaças de novilhos, de 6,8 a 9 quilos com relação ao ano anterior nas últimas semanas, mitigaram o declínio na produção de carne bovina nas últimas semanas. A produção de carne bovina em agosto e setembro caiu em 5,5%, menos que o declínio ocorrido até agora nesse ano, de 6,1%. A oferta limitada de carne bovina continuará desafiando a demanda.

As carnes concorrentes podem ter um papel maior no final de 2014 e em 2015. Os preços varejistas da carne suína aumentaram em 11% até agora em 2014, mas podem ficar sob pressão nos próximos meses. O último relatório sobre suínos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a indústria de suínos está buscando expandir a produção apoiada nos preços recordes da carne suína nesse ano. Para os últimos 17 meses, o vírus da diarreia epidêmica suína (PEDv) resultou em uma mortalidade significante de leitões, mantendo a produção de carne suína em 2014 modestamente baixa com relação ao ano anterior.

A doença não está controlada e deverá aumentar nesse inverno, mas a indústria de suínos está tentando aumentar os partos o suficiente para mais que compensar as perdas devido à doença. A produção de carne suína deverá aumentar com relação ao ano anterior em 2015. Os maiores preços da carne suína ajudaram a apoiar os preços da carne bovina em 2014, mas poderão ajudar menos em 2015.

A produção de carne de frango aumentou modestamente em 2014, em menos de 2%, mas o aumento deverá quase dobrar em 2015. Os preços varejistas da carne de frango aumentaram em média em 3,3% em 2014, incluindo um aumento de 5,6% com relação ao ano anterior em agosto. Os preços da carne bovina mostraram menos sensibilidade aos preços da carne de frango em 2014 do que o esperado, mas as ofertas abundantes de carne de frango aumentarão o desafio para os preços da carne bovina aumentarem em 2015.

O componente de exportação da demanda será mais importante nos próximos meses. Os últimos dados comerciais de julho mostraram os primeiros sinais de que as exportações de carne bovina poderão começar a diminuir com os preços altos. As exportações de carne bovina em julho caíram com relação ao ano anterior para todos os principais destinos de carne bovina, exceto Coreia do Sul. Não é de surpreender que a demanda de exportação para carne bovina está racionada a preços mais altos, mas a resposta do mercado de exportações a ainda mais preços sobre os preços nos próximos meses será muito importante.

Os declínios recentes nos valores da carne bovina levantaram preocupações de que a demanda por carne bovina poderá ter alcançado um limite, apesar de não haver indicação específica disso ainda. As margens dos frigoríficos ficaram negativas, à medida que os preços da carne declinaram mais que os preços do boi gordo. Os confinamentos enfrentarão maiores situações de breakevens (ponto de equilíbrio, onde não há perda nem ganho) no quarto trimestre devido aos maiores preços de compra dos bovinos para engorda.

As margens dos confinamentos poderão passar de lucros para perdas se os preços do boi gordo não forem capazes de aumentar. Se a demanda por carne bovina está limitada, a pressão sobre as margens dos frigoríficos e dos confinamentos poderão persistir como parte de um processo mais lento da indústria de carne bovina de ajuste a um tamanho limitado da demanda. No final das contas, os preços dos bovinos para engorda se ajustarão, mas isso provavelmente levará vários meses. Um cenário muito mais provável é que a demanda continuará a aumentar mas talvez a um ritmo mais lento que na primeira metade de 2014.

Os frigoríficos e confinamentos poderão enfrentar mais pressão sobre as margens, à medida que as ofertas limitadas de insumos pressionam os custos dos insumos para cima mais rápido do que os preços de produção são capazes de aumentar. Como tem sido por muitos meses e ainda mais nos próximos meses, a demanda por carne bovina é a chave.

Por Derrell S. Peel, da Oklahoma State University Extension

Fonte: Drovers, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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