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Tendências de consumo para produtos lácteos e produtos de origem animal nos países da Europa Central e Oriental que entrarão na União Européia

Sumário

Este relatório tem como objetivo descobrir quais serão os fatores determinantes da demanda com a extensão dos mercados alimentícios da União Européia (UE) através da discussão da demanda por rações e alimentos. A maioria das avaliações é baseada no julgamento de especialistas da Rede de Especialistas Independentes dos países candidatos da Europa Central e Oriental (Network of Independent Experts in the CEE Candidate Countries – CEEC).

Apesar do consumo de alimentos normalmente seguir um padrão estável, as doenças animais que ocorreram nos últimos anos tornaram este padrão mais dinâmico no caso de certos produtos. Doenças como encefalopatia espongiforme bovina (EEB), febre aftosa e febre suína tiveram um severo impacto nos mercados de alimentos da UE levando a um rápido decréscimo na demanda por carnes. Atitudes voltadas à qualidade e origem dos alimentos parecem ter mudado; a percepção do aumento das chances de se ter uma saúde melhor ingerindo os chamados “alimentos funcionais” é um importante assunto de mercado, enquanto aspectos éticos como bem estar animal também entraram na consciência das pessoas. Estes desenvolvimentos são muito importantes para a análise.

O relatório fornece uma avaliação do consumo de carnes e de produtos lácteos nos anos noventa, que conclui que o consumo de carnes de forma geral apresentou um declínio agudo durante o período em quase todos os países que entrarão na UE, equivalendo a 10-20% do nível de consumo do final dos anos oitenta. Isso, entretanto, ocorreu com grandes diferenças entre os países. O único país que teve um desenvolvimento positivo no consumo de carnes é a Eslovênia, onde este consumo aumentou em 80%. A principal causa deste aumento, entretanto, está nas mudanças feitas na pesquisa estatística do país.

O decréscimo da demanda variou de acordo com os diferentes tipos de carnes. O consumo de carne bovina e ovina declinou severamente enquanto o consumo de carne suína e de aves se desenvolveu positivamente. Dois efeitos ocorreram: renda, principalmente, efeito de substituição.

O desenvolvimento em carne suína e aves é parcialmente explicado pela renda, a qual declinou até o início do meio dos anos noventa e começou a se recuperar a partir de 1995. Outra parte do decréscimo no consumo de carne bovina foi devido ao aumento nos preços das carnes. Uma redução na produção planejada e subsidiada levou à redução na oferta, aumento de preços e finalmente, redução no consumo. Carnes importadas eram muito caras para elevar o consumo para os níveis anteriores. É notável que o consumo de carnes brancas cresceu sendo relativamente de baixo custo e tendo ciclos curtos de produção. Uma causa adicional pode ser a perda da confiança dos consumidores especialmente nos produtos de carne bovina após a crise da EEB no final dos anos noventa.

O consumo de leite durante os anos noventa também caiu, mas diferentemente do consumo total de carnes – exceto para poucos países – este não se recuperou no final da década. As únicas tendências positivas podem ser vistas na Eslovênia, na Lituânia e na Romênia.

Apesar de o leite e os produtos lácteos terem mostrado um declínio no consumo, o cenário aqui é menos diverso do que no caso do consumo de carnes, o que pode ter razões estatísticas, à medida que há maior variedade de produtos de carne do que lácteos. Entretanto, também pode ser observado que no setor de lácteos, há um aumento na demanda por produtos de alto valor, como queijos. O consumo de leite na forma de leite fresco parece ser mais alto em países relativamente mais ricos e em países mais pobres onde há importância na economia de subsistência.

O relatório também oferece uma avaliação das possibilidades nos mercados de carnes e produtos lácteos. De acordo com esta avaliação, a previsão para o consumo de carnes reflete uma certa continuação dos desenvolvimentos do passado. O consumo total per capita deverá aumentar somente levemente até o final desta década, mas os efeitos de substituição são mais dinâmicos: o consumo de carne bovina e de vitelo deverá cair levemente, enquanto o consumo de carne suína será mais estável, com um leve aumento. Um contínuo crescimento no consumo de carne de frango é esperado. O consumo de carne ovina também deverá declinar em uma alta taxa em termos relativos, mas em uma baixa taxa em termos absolutos, à medida que já está em um baixo nível.

Contrariamente ao consumo de carnes, as previsões para o consumo de lácteos mostram um provável, mas pequeno, declínio. O consumo de manteiga e leite fresco deverá se reduzir, mas deverá haver um fortalecimento relativo para os queijos.

De acordo com as previsões detalhadas sobre o consumo de carnes, o consumo de carne bovina deverá apresentar uma tendência levemente positiva. Cortes de alta qualidade de carne bovina deverão ser mais consumidos em países como Polônia, Romênia, República Eslovaca, estados Bálticos e Eslovênia. O consumo de cortes de carne bovina de baixa qualidade deverá se desenvolver negativamente em países como República Tcheca, República Eslovaca e Estônia, enquanto no restante da região, não há previsões de mudanças nos padrões de consumo. Para produtos de carne contendo carne bovina, o cenário é diverso. Em países como Polônia, República Tcheca e República Eslovaca, as tendências são negativas, enquanto no restante dos países, as tendências são neutras ou até mesmo positivas.

A carne de vitelo terá tendências positivas de consumo na maioria dos países, enquanto em países como República Tcheca, República Eslovaca e Polônia, não haverá mudança nestas tendências.

As previsões para a carne suína seguem as tendências estatísticas esperadas, que é a de demandas crescentes para cortes de alta qualidade nos 10 países em acessão, exceto na Polônia, onde o desenvolvimento será neutro. O consumo de cortes de baixa qualidade declinará na Estônia, Polônia, Bulgária e Romênia, enquanto somente na Hungria é esperado um aumento na demanda por estes cortes. O consumo de produtos de carne suína também deverá aumentar, exceto na Estônia e na Bulgária.

O consumo de carne de ovinos e caprinos deverá aumentar na maioria dos países, exceto na Estônia, República Tcheca e Bulgária.

As previsões de consumo para carne de frango, bem como para produtos de carne de frango, são positivas, com exceção da Estônia, que deverá ter queda considerável neste segmento de mercado.

Com relação ao consumo total de carnes, a tendência é também de elevação, à medida que somente em dois países o consumo deverá se manter estável no futuro. O mesmo ocorre com os produtos cárneos, enquanto que o consumo de miúdos deverá aumentar na Romênia e na República Tcheca.

Enfim, pode ser observado que o consumo de carnes nos 10 países em acessão deverá seguir as mesmas tendências que podem ser vistas na UE. Os determinantes e efeitos de mudanças nos padrões de consumo de carnes são o rendimento e os efeitos relacionados com o consumo de alimentos fora de casa e o crescimento da conveniência, preços (especialmente para frango), consciência sobre saúde e, em menor extensão, consciência ambiental. A carne ovina tem tido perspectivas positivas. Este tipo de carne tem sido visto como na moda, com elasticidade-renda positiva e relativamente saudável, entretanto, não no mesmo grau da carne suína e de frango.

Lácteos

De acordo com as previsões detalhadas para produtos lácteos, o consumo destes produtos deverá ter uma tendência positiva em quase todos os países, exceto na Bulgária, onde não será esperada mudança na próxima década.

As previsões para o setor de lácteos parecem ser mais homogêneas entre os países do que no setor de carnes, pelo menos no que se refere aos principais produtos analisados. Isso pode também ser derivado do fato de diferenças qualitativas serem mais pronunciadas entre os produtos de carne do que entre os produtos lácteos incluídos no questionário usado para a avaliação.

As piores expectativas são reportadas para manteiga, que é o único produto com previsões negativas. Expectativas positivas para o consumo de manteiga somente ocorrerão na Romênia e na Hungria.

O queijo é o produto com melhores expectativas para a próxima década em todos os países (exceto Estônia), seguido pelo iogurte, para o qual somente a Bulgária não deverá apresentar mudanças.

Sobremesas e bebidas lácteas também deverão se desenvolver positivamente em todos os países, enquanto o leite fresco e o creme de leite deverão ter um crescimento moderado. A Romênia é a exceção, onde o “fenômeno do leite fresco” continuará no futuro: a menor renda e a alta elasticidade-renda dos produtos lácteos que têm preços relativamente baixos são fatores direcionadores deste desenvolvimento.

Entre os determinantes e os efeitos das mudanças nos padrões de consumo de produtos lácteos, a consciência sobre saúde e a conveniência terão um forte impacto, à medida que ultrapassam a elasticidade positiva de rendimento para manteiga e creme. Os efeitos do rendimento parecem ser mais fortes do que para carnes. Os produtos lácteos estão parcialmente sendo vistos como substitutos dos produtos de carne. Produtos de frutas e vegetais substituirão produtos com alto teor de gordura.

O relatório é concluído com a análise do uso de rações para alimentação animal. As recentes ocorrências mostraram que a alimentação de animais é discutida de forma controversa entre os consumidores, e as conseqüências da crise da EEB levaram ao ajuste da alimentação animal, também devido à pressão do lado da demanda. Uma demanda aumentada dos consumidores por carnes brancas tem como conseqüência que cereais e especificamente trigo serão utilizados em maior extensão do que antes, afetando os mercados de trigo da Europa e de outros países.

Avaliando o uso de alimentos animais de um ponto de vista qualitativo e quantitativo, a análise tenta levar em consideração as relações dos diferentes fatores que influenciam a demanda por alimentos animais – produção e uso. As previsões para uso de alimentos animais são avaliadas através da observação dos desenvolvimentos na produção animal e seus impactos na produção e uso destes alimentos.

O número de animais domésticos depende bastante da demanda por carnes e produtos de carnes, assim como de leite e produtos lácteos. Como avaliado anteriormente, o aumento na demanda por carnes irá afetar principalmente a carne branca, enquanto a demanda por carne vermelha decrescerá durante a próxima década. Isto resulta em um aumento nos estoques de carne de frango e em um conseqüente aumento da demanda por itens apropriados de ração animal.

A produção de suínos também deverá aumentar, de forma que o uso de grãos para alimentação animal irá provavelmente aumentar. A produção de bovinos deverá decrescer, devido ao decréscimo da demanda para carne bovina e de vitelo. A demanda por produtos lácteos terá um leve decréscimo, mas, ao mesmo tempo, haverá uma mudança estrutural nos rebanhos leiteiros: enquanto o número de vacas leiteiras deverá decrescer em 13% até o ano de 2008, a produção por vaca deverá aumentar em 11%.

Isso implica que a demanda total por alimentos animais decrescerá, mas também, a qualidade estrutural mudará, à medida que alimentos fibrosos e pastos serão substituídos ou pelo menos suplementados por proteínas e amido contidos nos alimentos.

Devido aos progressos tecnológicos que são esperados para quase todos os países em acessão, a conversão alimentar melhorará em todos os sistemas de produção, significando que serão necessários menos alimentos para produzir a mesma quantidade de carne. Assim, com exceção de cereais e trigo, a produção e o consumo de alimentos animais será reduzido.

Estes desenvolvimentos terão conseqüências para o uso de alimentos animais nos países candidatos a entrar na UE. O aumento da produção de frango resultará em maior uso de cereais, especialmente trigo, que deverá ter seu uso aumentado em 23% de 2000 a 2008. O uso de grãos grosseiros também aumentará em 22,7%. As sementes utilizadas para fabricação de óleo também apresentarão um crescimento no uso na alimentação animal, enquanto o uso da batata nestes alimentos apresentará um leve declínio na próxima década.

Os cereais provavelmente serão a parte mais importante na produção de suínos e frango. Os alimentos protéicos serão mais afetados pelos desenvolvimentos na produção tanto de suínos como de frangos. Especialmente leguminosas deverão apresentar um aumento de uso na produção de carne bovina e de leite, enquanto o uso de raízes amiláceas, de acordo com os resultados da pesquisa, não será afetado pelas mudanças na produção animal. Apesar da expectativa de uma maior produção de leite e uma conseqüente substituição para cereais e proteínas, as pastagens e outros alimentos ricos em fibras ainda terão um papel importante na produção de carne bovina e leite.

As análises mostram que, quando se observam as tecnologias que afetam o uso de alimentos animais, as coisas são mais dinâmicas do que quando se observam os sistemas de produção em si. As mudanças tecnológicas serão fortemente afetadas pelo uso, mas – exceto pelo forte aumento nas rações protéicas -, os sistemas tradicionais de alimentação de animais, como pastagem, manterão sua participação na alimentação total dos animais, e até apresentarão um certo aumento. Isso ocorrerá também devido a uma certa consciência de que a alimentação animal determina vários aspectos de qualidade dos produtos de origem animal requeridos pelos consumidores, e a pastagem é certamente vista como saudável, tanto para os animais como para os consumidores.

1. Introdução

Doze países provavelmente se unirão à UE nos próximos cinco anos. Para dez deles a entrada no bloco deverá ocorrer em 2004. Estes países incluem 10 da Europa Central e Oriental: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Eslovênia. Os outros dois países são Chipre e Malta. Em 2007, a Bulgária e a Romênia deverão entrar na UE. Com esta mudança em seus membros, os mercados da UE para produtos agrícolas e alimentícios serão afetados. A questão é quanto serão afetados.

É, então, de substancial importância para muitos grupos, como produtores rurais, processadores de alimentos, comerciantes, consumidores e também políticos, como estes mercados se desenvolverão depois do aumento do bloco europeu.

A consideração principal que foi feita neste estudo foi encontrar quais os fatores determinantes da demanda estão presentes nos mercados de alimentos entendidos da UE. Por exemplo, se irá ocorrer uma substituição para produtos de alta qualidade, biologicamente seguros e funcionais, como esperado no atual bloco europeu, ou se haverá uma contínua demanda por produtos agrícolas tradicionais.

Os produtos lácteos e os produtos de carne são de particular interesse. Os produtos lácteos têm alto valor e são altamente diferenciados em uma ampla variedade de produtos. Isso implica em um padrão variável de exigências de processamento e qualidade. A produtividade do trabalho e a lucratividade são maiores na indústria de lácteos do que nos outros ramos do setor alimentício. Desta forma, os mercados deverão ser altamente dinâmicos no futuro. Quase as mesmas influências ocorrem para carnes, onde o consumo também é direcionado pelos aspectos de saúde e questões éticas, e onde mudanças nos mercados parecem ser ainda maiores do que nos mercados de lácteos.

Como Chipre e Malta têm uma população relativamente pequena, eles não afetarão a demanda de produtos agrícolas e alimentícios consideravelmente e não são introduzidos neste estudo. Somente os outros 10 países estão incluídos neste relatório.

2. Consumo de carnes e produtos lácteos nos anos noventa

    2.1. Consumo de carnes

      2.1.1. Consumo total

O consumo de carnes de forma geral apresentou um severo declínio durante os anos noventa em quase todos os países em acessão. Os declínios equivalem a entre 10% e 20% do volume consumido no final dos anos oitenta, entretanto, com grandes diferenças entre os países. As maiores quedas ocorreram na Letônia (-49%) e na Lituânia (-28%), seguidos pelos outros países, como Bulgária e Estônia, onde a taxa de declínio significantemente excedeu 10%. O único país com um desenvolvimento positivo do consumo de carnes foi a Eslovênia, onde o consumo de carnes aumentou severamente em 80% (Tabela 1). Entretanto, este aumento é provavelmente devido às mudanças na pesquisa estatística que foram colocadas em prática entre 1992 e 1993.


NOTA: 1 Dados desde 1993 (ano de base); 2 Dados desde 1992 (ano de base). De 1992 a 1993, a pesquisa estatística na Eslovênia mudou consideravelmente.

Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

A quantidade absoluta de carne consumida foi, no final da década de noventa, na maioria dos países, abaixo da quantidade da UE (cerca de 90 quilos per capita) e ficou entre 51 quilos per capita na Romênia e 96 quilos per capita na Eslovênia, exceção à regra novamente, à medida que a Eslovênia é o único país onde o consumo de carnes excedeu o consumo dos 15 membros da UE (Tabela 2).


No final dos anos noventa, o consumo de carnes se recuperou em alguns dos países, como por exemplo Hungria, Bulgária e Polônia, mas não o suficiente para atingir os valores pré-transição. Os maiores aumentos ocorridos durante o período de 1997-1999 foram na Hungria e na Bulgária, enquanto que na Eslovênia o lento crescimento indicou mercados saturados.

O desenvolvimento do consumo de carnes nos países em transição, imediatamente após a transição no começo dos anos noventa, foi o resultado de um ajuste estrutural geral. Primeiro de tudo, a renda declinou na maioria dos países até a metade da década de noventa e então, somente se recuperou lentamente na segunda metade da década. A renda destes países, no entanto, se recuperou bem antes do consumo de carnes se recuperar ou, pelo menos, mostrar algum tipo de recuperação. Desta forma, deve haver outras razões para o declínio no consumo de carnes: a oderta foi mais reduzida que a demanda e os aumentos de preços resultantes foram a principal causa na queda das compras. Além disso, uma série de outros bens de consumo foi oferecida, de forma que os consumidores reconsideraram seus hábitos alimentares. Uma aguda redução na oferta ocorreu devido ao fato de que um setor antes subsidiado tinha agora que se reorientar para se adequar às condições de mercado. Os preços dos insumos, especialmente dos alimentos animais, aumentaram e estes custos não podiam ser cobertos pelos retornos de mercado. A produção caiu e, com o conseqüente aumento dos preços, a demanda seguiu sua tendência de baixa.

      2.1.2. Carne bovina

O consumo de carne bovina declinou mais acentuadamente nos anos noventa e, diferente dos outros tipos de carnes, não se recuperou até agora. O menor declínio ocorreu na Romênia com -31% durante os anos noventa, enquanto o maior declínio, -68%, ocorreu na Letônia. A Eslovênia foi o único país a mostrar um aumento no consumo de carne bovina nos anos noventa, mas no final da década, houve um declínio de -5% (Tabela 3). Isso mostra que o setor de carne bovina foi um dos mais afetados pelos ajustes descritos acima, na seção 2.1.1.


NOTA: 1 Dados desde 1993 (ano de base); 2 Dados desde 1992 (ano de base). De 1992 a 1993, a pesquisa estatística na Eslovênia mudou consideravelmente.

Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

Como o setor de carne bovina era altamente subsidiado pode ser mostrado pelo fato de que antes da transição, o consumo de carne bovina em muitos países da Europa Central e Oriental era maior do que na UE, especialmente nos Bálticos, onde a produção de carne bovina era subsidiada pela antiga União Soviética. Estes países mostram o agudo declínio de todos (Tabela 4).

    2.2. Consumo de produtos lácteos

      2.2.1. Consumo total de leite

O consumo de leite durante os anos noventa também caiu, mas, diferentemente do consumo total de carnes, não se recuperou, exceto em poucos países, no final da década. As únicas tendências positivas podem ser vistas na Eslovênia, Lituânia e Romênia. É interessante notar que duas nações com economias extremamente diferentes como Eslovênia e Romênia mostraram os mesmos padrões de consumo – pelo menos à primeira vista. Todavia, ao se analisar a situação, encontram-se explicações que levam a diferentes conclusões. O consumo de leite na Romênia não aumentou apesar da bem conhecida queda na renda, mas por causa dela. Propriedades rurais de pequena escala incluindo uma ou duas vacas leiteiras aumentaram na última década e, conseqüentemente, o leite cru se tornou um importante alimento que é produzido e consumido na fazenda. A Eslovênia é o país onde o aumento na renda provavelmente levou ao aumento no consumo na forma de produtos processados. Com relação à Lituânia, é provável que as razões do leve aumento no consumo de leite sejam as mesmas da Romênia. Os desenvolvimentos durante os anos noventa podem ser vistos na Tabela 5.


NOTA: * Todos os produtos lácteos exceto manteiga convertidos de volta em seu produto primário equivalente, ou seja, leite cru; 1 Dados desde 1993 (ano de base); 2 Dados desde 1992 (ano de base).

Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

O consumo per capita de leite no final dos anos noventa foi em todos os 10 países candidatos a entrar na UE menor do que na UE. Pode ser assumido que a tendência no consumo de lácteos foi induzida pelos mesmos fatores que levaram ao declínio no consumo de carne bovina, ou seja, declínio nos rendimentos somado aos aumentos nos custos de produção e na redução dos rebanhos. Os valores absolutos do consumo de leite estão na Tabela 6.

      2.2.2. Consumo de manteiga

O consumo de manteiga mostra as mesmas tendências negativas do consumo de leite durante os anos noventa. A única tendência positiva pode ser vista na Estônia. A Romênia e a Lituânia, embora com tendências positivas no consumo de leite, agora mostram efeitos negativos (Tabela 7). Isso pode ter ocorrido porque a manteiga é um derivado processado do leite que, contrariamente a seu produto cru, não pode facilmente ser produzida e consumida na própria fazenda. Desta forma, com uma maior importância da agricultura de subsistência, o consumo de leite cru aumentou, enquanto o consumo de manteiga conseqüentemente diminuiu.


Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

O consumo de manteiga nos países da Europa Central e Oriental com baixa renda ficou bem abaixo da média da UE, enquanto que nos países de maior renda, o consumo de manteiga foi equivalente à média da UE, como no caso da Polônia e da República Tcheca, e também da Estônia.

      2.2.3. Consumo de creme

O consumo de creme mostrou os mesmos padrões dos itens discutidos antes. Houve declínio na maioria dos países, exceto Estônia, Hungria, República Eslovaca e Eslovênia. As variações e os valores absolutos podem ser vistos nas Tabelas 9 e 10.


Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

      2.2.4. Consumo de queijos

O consumo de queijos é a única luz na escuridão do consumo de produtos lácteos, mostrando desenvolvimentos positivos na maioria dos 10 países da Europa Central e Oriental candidatos a entrar na UE durante a década de noventa. Os países que apresentaram tendência negativa foram Bulgária, Romênia (provavelmente devido ao declínio na renda) e Letônia. Este último mostrou pelo menos alguma recuperação no final dos anos noventa (Tabela 11).


Fonte: Cálculos da Rede de Especialistas Agrícolas Independentes nos países da Europa Central e Oriental, candidatos a entrar na UE, dados: FAO-Agrostat.

O consumo de queijos nos 10 países em acessão ficou no máximo em 75% do consumo da UE, mas na maioria dos casos, ficou bem abaixo deste volume. Os valores absolutos estão na Tabela 12.


3. Previsões para carnes e produtos lácteos

    3.1. Previsões do consumo total de carnes e produtos lácteos até 2008

As previsões de consumo de carnes refletem uma certa continuação dos últimos cenários. O consumo per capita total deverá aumentar somente levemente até o final desta década. Porém, os efeitos de substituição serão mais dinâmicos: o consumo de carne bovina e carne de vitelo deverá cair levemente, enquanto o consumo de carne suína estará mais estável, com um leve aumento. É esperado também um contínuo crescimento no consumo de carne de frango. O consumo de carne ovina também deverá declinar, a taxas altas em termos relativos, mas a baixas taxas em termos absolutos, uma vez que já está em um nível baixo (Tabela 13).


Contrariamente ao consumo de carnes, o consumo de produtos lácteos deverá declinar, mas somente levemente. O consumo de manteiga e leite fresco se reduzirá. Os efeitos relativos mais fortes serão vistos nos queijos, mas isso somente significa um aumento absoluto de 1,6 quilos per capita (Tabela 14).

    3.2. Previsões detalhadas sobre o consumo de carnes, segundo especialistas

      3.2.1 Desenvolvimentos totais da demanda

A Tabela 15 mostra as mudanças esperadas no consumo de carnes, segundo os especialistas. Para fazer a avaliação, os índices de extremamente negativo para extremamente positivo foram agora transformados em valores quantitativos com alcance de -2 a 2, em unidades de um. Esta medida não deve criar a ilusão de que estes são números ordinários. Eles podem somente ser interpretados relativamente e com relação ao cenário do país. Desta forma, a simples média dada no final da tabela fornecerá somente uma tendência que precisa ser cuidadosamente interpretada, levando-se em consideração as diferentes características da população de cada país. A seção subseqüente será um breve resumo nos diferentes produtos de carnes.

A carne bovina deverá apresentar uma tendência somente levemente positiva. Os cortes de alta qualidade serão os melhores, com uma tendência total de 0,67, enquanto os cortes de baixa qualidade serão os piores, com uma tendência de -0,33. Estes dados refletem a tendência em países individuais: cortes de alta qualidade de carne bovina deverão ser mais consumidos em países como Polônia, Romênia, República Eslovaca, Bálticos e Eslovênia, enquanto na Hungria, República Tcheca e Bulgária, a expectativa é que não haverá aumento no consumo destes produtos. Para cortes de baixa qualidade, o mesmo acontecerá: o consumo deverá se desenvolver negativamente em um terço dos países, incluindo República Tcheca, República Eslovaca e Estônia, enquanto no restante da região, não são esperadas mudanças. Para produtos alimentícios contendo carne bovina, o cenário é diverso. Na Europa Central, incluindo Polônia, República Tcheca e República Eslovaca, as tendências são negativas, enquanto na Europa Oriental e Sul-Oriental, as tendências são neutras ou, até mesmo, positivas.

A carne de vitelo terá tendências positivas de consumo, especialmente na Europa Oriental e na Eslovênia, enquanto na Europa Central, incluindo República Tcheca, República Eslovaca e Polônia, não haverá mudanças.

A carne suína deverá seguir as seguintes tendências: cortes de alta qualidade deverão ser demandados em quantidades crescentes nos 10 países em acessão, exceto na Polônia, onde o desenvolvimento será neutro. O consumo de cortes de baixa qualidade declinará, com um valor de -0,44, o que significa um desenvolvimento negativo em quatro dos países (Estônia -2, Polônia, Bulgária e Romênia -1), enquanto somente a Hungria apresentará um aumento na demanda por cortes de baixa qualidade. Mais produtos de carne suína deverão ser consumidos, exceto na Estônia e na Bulgária (ambos -1).

O consumo de carnes ovina e caprina deverá aumentar na maioria dos países. Somente três dos países não deverão apresentar mudanças (Estônia, República Tcheca e Bulgária), sendo que todos os outros deverão apresentar mudanças positivas. É interessante que, para este produto e somente para ele, as expectativas dos especialistas diferem das previsões da Comissão Européia.

As previsões para carne de frango estão de acordo com as estatísticas. A carne de peito de frango tem o maior escore, de 1,22, com somente um país, Hungria, devendo apresentar um consumo estável (0). Quase o mesmo acontece para outras carnes de frango. As previsões para produtos de carne de frango também são positivas com algumas exceções, como Estônia, que espera desenvolvimentos extremamente negativos de consumo neste segmento de mercado.

Com relação ao consumo total de carnes, a tendência é também principalmente de alta para carnes, à medida que somente em dois países, o consumo deverá se manter estável no futuro. O mesmo acontecerá com produtos cárneos, enquanto o consumo de miúdos deverá decrescer na maioria dos países, exceto Estônia, Hungria e Eslovênia (não haverá mudanças) e Romênia e República Tcheca (tendência positiva).

Observando os fatos discutidos acima, o consumo previsto dos diferentes tipos de carnes parece ser bastante diverso para que seja possível avaliar em detalhes as razões para as diferenças nas tendências futuras de consumo.


NOTA: * Expectativas das mudanças na demanda: -2: extremamente negativo; -1: negativo; 0: nenhuma mudança; 1: positivo; 2: extremamente positivo.

Fonte: Cálculos baseados na avaliação de especialistas.

      3.2.2. Determinantes e efeitos das mudanças nos padrões de consumo de carnes

Nesta seção, os determinantes para as mudanças nos padrões de consumo, bem como certos efeitos para carnes e produtos de carne serão avaliados. A avaliação cobre tanto os determinantes “neoclássicos” discutidos acima, como renda e estruturas de preços de bens competidores, como fatores demográficos e psicológicos que determinam o consumo de um bem. Os índices continuam sendo os mesmos acima com as mesmas reservas sobre o valor quantitativo dos mesmos. Esta seção será dividida em duas subseções: a primeira está relacionada com os determinantes “neoclássicos”, como renda e preços, e a segunda, com os fatores orientadores “modernos”, demográficos e de mercado. Nem todos estes fatores são significantes ou interpretáveis, de forma que a discussão deverá principalmente destacar as importantes tendências ao invés de explicar cada item (Tabela 16). Na Tabela 16, é dada a agregação dos índices (novamente uma simples média).

O Aumento na renda irá afetar a demanda por produtos de carne de diferentes maneiras. Serão afetados positivamente pelo aumento na renda os cortes de alta qualidade, especialmente de carne suína e – com maior valor – os cortes de peito de frango. Produtos especiais de carnes, como carne de vitelo e carne ovina, também terão possibilidades positivas com o aumento na renda e podem, então, ser caracterizados pela positiva elasticidade da renda (valor da mudança da exigência do produto em relação à mudança na renda) sobre a demanda. Uma negativa elasticidade da renda sobre a demanda é esperada para todos os tipos de cortes de baixa qualidade, incluindo os miúdos. Esta suposição poderá, entretanto, ser mais pessimista. Os produtos de baixa qualidade poderão ter uma elasticidade abaixo de um, mas dificilmente menor que zero.

A esperada mudança nos preços no varejo para bens é preferencialmente um efeito do que um determinante e, então, parece que a avaliação desta questão poderá estar, de certa forma, “colocando o carro na frente dos bois”. Entretanto, estes dados destacam a relação entre oferta e demanda e seus respectivos desenvolvimentos. Para carne bovina, carne suína e carnes, no total, os preços deverão aumentar no caso de cortes de alta qualidade e outros produtos de carne. Isto significa que a demanda aumenta para aqueles produtos que excederão o aumento da oferta. Cortes de baixa qualidade são subprodutos daqueles de alta qualidade. Portanto, à medida que a demanda por produtos de alta qualidade aumenta, ela diminui para cortes e baixa qualidade e, conseqüentemente – como a oferta é ligada aos cortes de alta qualidade – os preços precisarão declinar para que se consiga vender estes produtos. Os desenvolvimentos de preços para carne de vitelo e carne ovina também são considerados, de forma geral, como positivos. É interessante notar que os preços de carnes de frango deverão declinar, apesar de a demanda por estas carnes provavelmente aumentar. Isso pode ser explicado pelo fato de que a produção de carne de frango pode ser aumentada de uma forma principalmente industrial para atender a demanda e, por outro lado, esta crescente produtividade na produção de carne de frango poderá chegar aos consumidores através da competição e do declínio dos preços.

Os itens alimentícios competidores, ou principalmente, a competição entre os diferentes itens alimentícios parece ter um importante papel na estrutura da demanda futura do setor de carnes dos 10 países da Europa Central e Oriental em acessão. A carne bovina é o produto com efeitos mais negativos pela exposição à competição. A carne suína também sofrerá efeitos negativos da competição pelo gosto dos consumidores. Os campeões na competição são os produtos de carne de frango, que deverão ganhar a corrida no setor de carnes. Os especialistas deram várias explicações para este desenvolvimento esperado. Em sua opinião, as melhorias no sabor (isto é, através da defumação) de carne de frango e suína poderão contribuir com a substituição da carne bovina. Não somente outros produtos de carne, mas também os produtos lácteos, poderão substituir a carne bovina. Os peixes também são considerados como um possível substituto das outras carnes.

Tendo discutido – mais ou menos diretamente – os efeitos neoclássicos de preço, renda e efeitos cruzados, a próxima seção é dedicada à análise moderna.

A mudança na estrutura demográfica é um campo amplo e compreende mudanças na estrutura etária, mudanças no tamanho das famílias e estruturas conjugais, migração de áreas urbanas para rurais e muitas outras variáveis. De acordo com os especialistas, estas mudanças irão, entretanto, resultar principalmente no declínio do consumo de carne bovina e produtos de carne bovina, mas aparentemente não irão influenciar muito o consumo de outros produtos de carnes. Para interpretar isso adequadamente, um estudo demográfico deveria ser feito dentro da análise, o que não pôde ser feito no espaço deste estudo. Uma interpretação grosseira poderia ser a seguinte: pode ser proposta uma hipótese que a carne bovina é uma carne de famílias rurais, tradicionais e grandes, enquanto a carne suína e de frango é consumida por pessoas mais jovens e urbanas e por aqueles empregados no setor secundário e terciário. Se nós assumirmos que durante a transição, as famílias se tornaram menores e as pessoas se tornaram urbanizadas, então a hipótese resulta em uma mudança no consumo de carnes.

De grande interesse estão freqüentemente os assuntos relacionados à crescente conscientização sobre saúde e meio-ambiente. A conscientização ambiental favorece o consumo de carne bovina, mas não de vitelo ou frango. Isso pode ser devido ao fato de a produção de carne bovina ser percebida como associada a animais alimentados a pasto e, desta forma, ambientalmente segura. A produção de vitelo e de frango, em contraste, está associada com a produção em massa e até, talvez, à crueldade com os animais. Mas o meio-ambiente e a saúde humana não estão ligados, como mostram os resultados: os produtos mais saudáveis são a carne de frango e – em menor extensão – de ovinos, vitelos e cortes de alta qualidade de carne suína e bovina. Isso implica que, por razões de saúde, o menor teor de gordura e uma certa conscientização com relação ao risco da EEB podem ser importantes. As diferenças significantes nos índices destes assuntos implicam que os temas que estão relacionados com estes assuntos, como bem estar animal, emissões de nitrogênio, e outros, realmente não tem importância.

Carnes de alta qualidade parecem ser mais favoráveis para todos os produtos. O aumento no número de diferentes variedades afetará os mesmos produtos e aqueles que sofrem altos efeitos da renda. O mesmo acontece com relação ao aumento da participação do consumo de alimentos fora de casa e o crescimento da relevância da conveniência, à medida que tudo isso está relacionado ao aumento na renda e aos efeitos conseqüentes. A integração no mercado único da UE tem um impacto similar com os efeitos na renda implicando que efeitos positivos nesta são esperados com a entrada no mercado único, o que estimulará o consumo. Os produtos mais populares são, como esperado, a carne de frango e os cortes de alta qualidade de carne suína e bovina, bem como carne ovina e caprina.

Sumarizando a análise, ela mostra principalmente os seguintes pontos: o consumo de carnes seguirá as mesmas tendências nos 10 países em acessão que podem ser vistas na UE. Os fatores direcionadores são rendimento e efeitos relacionados com o consumo de alimentos fora de casa e a crescente conveniência, preços (especialmente para frango), conscientização sobre saúde e, em menor extensão, conscientização ambiental. A carne ovina é vista como tendo perspectivas positivas, contrariando algumas previsões. Este tipo de carne é vista como da moda, com elasticidade da renda positiva e relativamente saudável, entretanto, não no grau da carne suína e de frango.


NOTA: * Expectativas das mudanças na demanda: -2: extremamente negativo; -1: negativo; 0: nenhuma mudança; 1: positivo; 2: extremamente positivo.

Fonte: Cálculos baseados na avaliação de especialistas.

    3.3. Previsões detalhadas sobre o consumo de produtos lácteos, segundo especialistas

      3.3.1. Desenvolvimentos totais da demanda

A Tabela 17 mostra os índices dos especialistas para o desenvolvimento do consumo de diferentes produtos lácteos. Aqui nós podemos ver que os índices dos especialistas diferem das previsões citadas anteriormente. Os especialistas assumem uma tendência positiva no consumo de lácteos em quase todos os países, exceto na Bulgária, onde não são esperadas mudanças para a próxima década.

Os índices para o setor de lácteos parecem ser mais homogêneos entre os diferentes países do que para o setor de carnes, pelo menos no que se refere aos principais produtos. Mas isso também pode ter sua origem no fato de que as diferenças de qualidade são mais pronunciadas entre as carnes do que entre os produtos lácteos incluídos no questionário.

As piores expectativas são para manteiga. Este é o único produto com índice negativo, com somente dois países, Romênia e Hungria, tendo expectativas positivas para o consumo de manteiga. O queijo é o produto com as melhores expectativas para a próxima década em todos os países (exceto Estônia), seguido de perto pelo iogurte, que somente na Bulgária não deverá apresentar alterações. As sobremesas e as bebidas lácteas também deverão se desenvolver positivamente em todos os países, enquanto o leite fresco e o creme deverão ter um crescimento moderado, exceto na Romênia, onde o fenômeno do leite fresco continuará no futuro: uma baixa renda e uma alta elasticidade de renda para produtos lácteos que estão a preços relativamente baixos são fatores direcionadores para este desenvolvimento. Vale também notar, entretanto, que na Romênia, o queijo também tem boas perspectivas.


NOTA: * Expectativas das mudanças na demanda: -2: extremamente negativo; -1: negativo; 0: nenhuma mudança; 1: positivo; 2: extremamente positivo.

Fonte: Cálculos baseados na avaliação de especialistas.

      3.3.2. Determinantes e efeitos das mudanças nos padrões de consumo de produtos lácteos

Para começar novamente com os determinantes neoclássicos, nós observamos os efeitos da renda e dos preços (Tabela 18). É possível observar que os produtos lácteos têm elasticidade de renda, com uma média de 1,33, o que é maior do que a de produtos de carnes. A maior elasticidade de renda da demanda é encontrada para queijos, que é o único produto que tem uma melhor performance do que os produtos lácteos totais nesta categoria. Sobremesas, iogurtes e bebidas lácteas seguem com índices de 1,11 e 1, respectivamente. São esperados modestos efeitos da renda para sorvete, creme, queijo, manteiga e leite fresco.

O efeito das mudanças nos preços de varejo deverá ser induzido pelas reações de oferta e demanda de forma muito menos drástica do que para carnes. Este será modesto, com índice entre 0,11 e 0,44 para a maioria dos produtos. O destaque é o iogurte (0,56), e o único declínio é no caso do creme de leite.

Os itens alimentícios competidores não afetarão muito o consumo total de produtos lácteos, exceto para aqueles produtos que podem ser substituídos por frutas e vegetais, isto é, sucos de frutas (substituindo bebidas lácteas, com índice de -0,33), frutas (substituindo sobremesas) e margarina (substituindo manteiga).

Se interpretarmos as mudanças demográficas da mesma forma como foi feito para os produtos de carnes então se conclui que queijos e iogurtes são produtos para famílias pequenas, jovens e urbanas, enquanto a manteiga definitivamente não é.

A conscientização ambiental afeta o consumo de lácteos positivamente, mas a uma baixa extensão, contrariamente ao consumo de carnes, onde os índices são muito mais diversos. Porém, isso é lógico, considerando que a produção de carne bovina tem os melhores índices ambientais, e a produção de leite está bastante relacionada com a produção de carne bovina.

A crescente relevância da conveniência leva a índices mais positivos do que para os produtos de carne, o que implica que com as mudanças econômicas e demográficas, os alimentos mais “rápidos” são os produtos lácteos. Os valores são bastante altos para todos os produtos, exceto para manteiga, que é bem conhecida por não ser bem transportável como os potes de iogurte.

O aumento da consciência com relação à saúde tem, em geral um impacto mais positivo no consumo de produtos lácteos do que de carnes. Além disso, estes índices são mais diversos do que muitos outros índices. Os maiores índices relacionados à saúde são obtidos para iogurtes (1,33) e queijos (1), sendo que impactos negativos da crescente consciência com relação à saúde são esperados para produtos com alto teor de gordura, como manteiga (-0,67) e creme (-0,44).

O maior nível de diferenciação de produtos afetará os produtos lácteos (1,11) mais do que os produtos de carne (0,56). Foram determinados altos índices para bebidas lácteas, iogurte, sobremesa e queijos, ficando entre 1,22 e 1,44, e baixos índices foram determinados para sorvete (1) e para produtos menos favoráveis como manteiga e creme (0,22 e 0,44, respectivamente).


NOTA: * Expectativas das mudanças na demanda: -2: extremamente negativo; -1: negativo; 0: nenhuma mudança; 1: positivo; 2: extremamente positivo.

Fonte: Cálculos baseados na avaliação de especialistas.

O consumo fora de casa será uma força direcionadora, especialmente para sobremesas, bebidas lácteas e queijos, e terá um efeito negativo para a manteiga.

Outros índices também podem ser considerados como explanatórios ou itens derivativos. Manteiga e creme não são produtos “da moda”, enquanto queijos e iogurte são. A tendência com relação à variedade de produtos com alta qualidade no caso de produtos lácteos é maior do que para os produtos de carne e, especialmente alta para queijos e iogurte (ambos 1,56). A integração em um único mercado provavelmente aumentará as tendências mencionadas acima, principalmente através da influência de outros fatores, como renda.

A análise mostra que os produtos lácteos, assim como as carnes, também seguem uma tendência positiva. Parâmetros como consciência com relação à saúde e conveniência têm um forte impacto, ultrapassando a flexibilidade de renda positiva para manteiga e creme. Os produtos lácteos são substitutos parciais dos produtos cárneos. Produtos com alto teor de gordura serão substituídos por produtos de frutas e vegetais.

4. Referências

EUROPEAN COMMISSION (1998): Agricultural situation and prospects in the Central European Countries, various editions.

EUROPEAN COMMISSION (2001): Prospects for agricultural markets 2001-2008.

ESTONIAN STATISTICAL OFFICE (2000): Yearbook Agriculture.

HARTMANN, M. (2001): The dairy sector in the Central European Candidate (CEC) countries – the status of restructuring and future challenges in: Agrarwirtschaft 50 (2001), No. 6, pp. 342 – 353.

HENZE, A. (1994): Marktforschung: Grundlage für Marketing und Marktpolitik, Stuttgart (Ulmer).

HOUTHAKKER (1950): Revealed preference and the utility function, Economica, XVII (66), May, 159-74, reprinted in: LANCASTER, K. (1999, ed.): Consumer theory, II. series, pp. 108 – 123.

REISCH, E., ZEDDIES, J. (1992): Einführung in die landwirtschaftliche Betriebslehre. Band 2: Spezieller Teil, 3. Auflage, Stuttgart (Ulmer).

SAMUELSON, P. (1948): Consumption theory in terms of revealed preference, Economica XV (60), November, 243-53, reprinted in: LANCASTER, K. (1999, ed.): Consumer theory, II. series, pp. 97 – 107.

Fonte: Network of Independent Agricultural Experts in the CEE Agriculture Candidates, adaptado por Equipe BeefPoint

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