Tendências de foodservice americano e oportunidades para o Brasil – parte 2

Publicamos aqui a continuação do artigo Tendências de foodservice americano e oportunidades para o Brasil – parte 1

e) principais tendências de foodservice

As principais tendências de foodservice nos EUA hoje são:

– Conveniência – (alimentos em embalagens que possam ser seguradas somente com uma mão, como por exemplo carne enrolada em uma panqueca, os chamados “wraps”)
– Snacking – hora do lanche, sendo incorporado como uma nova refeição, pela tendência dos consumidores desejarem aumentar o número de refeições, porém reduzir seu tamanho (barras de cereal, jerked beef)
– Bem estar – alimentos saudáveis, não necessariamente dietéticos
– Orgânicos – presentes como itens do cardápio
– Comida fresca e natural
– Cozinha étnica – estão na moda as comidas latino-americanas, mediterrânea, do Pacífico Sul; são comidas temperadas e saborosas. As comidas francesa, alemã, escandinava não estão na moda.
– Fitoquímicos e outros nutrientes benéficos
– “Comfort foods” – alimentos que são familiares aos americanos, de consumo habitual, como macarrão com queijo (macaroni and cheese)

f) tendências de culinária

Em relação às tendências culinárias, a simplicidade é cada vez mais importante. A simplicidade engloba:

– preparo rápido, básico, “honesto”
– valorização da herança culinária (valores familiares)
– variações dentro de “comfort foods”
– distribuição dos alimentos no prato ao invés de empilhar a comida
– comida mais “descomplicada”: “não” ao foie gras, infusões, confits, comidas muito complexas
– comida da década de 80
– comidas mais saborosas (contraposição à tendência de comida de dieta sem sabor)

Além disto, sanduíches gourmet (misturando diferentes comidas étnicas), e a variedade de sabores proporcionada pela “fusion food”. A comida japonesa e comida marroquina são fortes tendências atuais.

Dentro dos diversos produtos de origem animal, os que estão mais “na moda” atualmente nos EUA (não necessariamente em ordem de preferência) são: hambúrgueres; carpaccio (de qualquer tipo); bacalhau; caranguejo; presunto e outros produtos de carne suína; lagosta; pratos com frutos do mar crus; alimentos defumados; bifes; tacos; comidas cozidas ou ensopadas e sushi.

Todas as tendências descritas acima têm grandes implicações na indústria de alimentos processados. Os consumidores e estabelecimentos de foodservice estão buscando por produtos de carne que possam ser facilmente descongelados, de fácil preparo e com excelente sabor. Pratos principais com valor agregado e produtos com maior durabilidade (tempo de prateleira) ficam cada vez mais populares. Comidas preparadas oferecem tanto conveniência quanto eficiência de custos.

Além de implicações na indústria em si, os produtos à base de carnes também sofrem influências. Observa-se hoje que a carne fresca está perdendo mercado para pratos principais congelados. É previsto que haja significativo aumento de vendas de carnes processadas com valor agregado, e que a conveniência e qualidade dominem o mercado. Existem grandes oportunidades no setor de carnes tipo “case-ready” e de carnes pré-preparadas ou pré-cozidas. A título de esclarecimento, as carnes “case-ready” saem embaladas da indústria (antes de chegar aos supermercados), portanto os varejistas não precisam manipular a carne, mas simplesmente colocá-la à venda.

Segundo o Sr. William Ritcey, existem grandes oportunidades para as companhias brasileiras atuarem em parceria com companhias americanas a fim de produzir de alimentos com marcas, que são produtos com maior margem de lucro e maior preço de venda que as carnes sem marcas. Marcas de carne são uma grande tendência nos EUA. O Sr. Ritcey crê que as opções seriam criar-se uma marca de valor, associada à marca Brazilian Beef, ou então fazer parcerias com companhias americanas, que já tem companhias e estruturas de distribuição estruturadas. O exemplo do CAB (Certified Angus Beef), segundo ele, deveria ser estudado profundamente.

As novas oportunidades no mercado de carnes incluem um maior interesse em profissionais de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de ingredientes naturais e orgânicos; o aumento da preferência por sabores étnicos e grande tendência para o processamento de alimentos e o foodservice de culinária cubana, coreana, sul-americana e vietnamita.

Para o desenvolvimento de novos produtos com carnes, é preciso considerar-se que:

– a segurança alimentar é fundamental;
– no passado a preocupação dos consumidores com a dieta forçou a criação de produtos mais magros (com menos gordura) e também menos saborosos;
– o elevado consumo de frango permanece um grande desafio;
– a parceria com os processadores de carne é muito importante.

Finalmente, as oportunidades para a carne brasileira nos EUA podem ser resumidas da seguinte forma:

– incrementar o uso de alimentos processados e pré-cozidos;
– colocar mais ênfase em carnes magras;
– aproveitar a tendência para produtos orgânicos, de animais criados a campo;
– aproveitar a lacuna que existe atualmente em produtos de carnes com marcas

Este texto é uma adaptação do material de William Ritcey, Vice-Presidente para desenvolvimento de negócios da Marketing Concepts, Inc., apresentado à comitiva brasileira em 26 de outubro de 2002 em Nova Orleans, LA em seminário especial organizado pela Embaixada Brasileira de Washington, D.C.

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