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The Economist: preços globais dos alimentos deverão continuar altos, mesmo com incentivos à produção

As maiores razões para o alto preço global dos alimentos são variadas. Com manutenção do cenário, a situação é potencialmente inflacionária – especialmente em países cujos gastos com alimentos são uma parte grande da renda dos consumidores.

O forte aumento nos preços globais dos alimentos está causando preocupação internacional. A The Economist Intelligence Unit acredita que o risco relacionado ao clima está afetando diversos mercados de commodities e o preço para importantes grupos de alimentos permanecerá próximo ao atual alto nível pelo resto de 2012 e começo de 2013.

Os produtores agrícolas em países como Estados Unidos, Rússia, Cazaquistão e Ucrânia vêm sofrendo os efeitos da seca. Isso tem forte impacto nas estimativas de produção agrícola e rendimento para o ano produtivo de 2012/13, o que, por sua vez, contribuiu para o forte aumento nos preços. No relatório de preços dos alimentos de agosto, o Banco Mundial disse que os preços mundiais dos alimentos em julho aumentaram 10% com relação a mês anterior. Os preços de exportação para milho e trigo aumentaram 25% durante o mesmo período, enquanto os preços da soja aumentaram 17%.

Estes aumentos foram suficientes para o banco expressar preocupação sobre o impacto dos preços dos alimentos na pobreza dos países em desenvolvimento, particularmente África e Oriente Médio e, de forma mais geral, em países que dependem muito das importações de alimentos ou nos que os gastos com alimentos representam uma grande parte da renda familiar.

O relatório do Banco Mundial deu a manchete, mas as previsões do The Economist Intelligence Unit sobre o preço dos alimentos não deverá mudar significantemente. Em agosto, a unidade revisou para cima suas previsões para algumas colheitas e para seu próprio índice de alimentos, alimentos para animais e bebidas. Isso devido em grande parte à seca e ao clima seco nos Estados Unidos (onde as colheitas de milho e soja foram afetadas) e no Leste Europeu (importante produtor de trigo).

Além disso, o fato de que os preços do trigo, milho e soja estavam muito menores no começo de 2012, limitará o potencial para aumentos nos preços na média anual. Por exemplo, ainda há a expectativa de que o preço médio do milho fique apenas 4,2% maior em 2012 do que em 2011 – apesar de os preços terem aumentado até 51% com relação ao ano anterior. Os estoques globais de milho permanecerão escassos no próximo ano. As preocupações internacionais sobre a disponibilidade e acessibilidade de alimentos não deverão se dissipar facilmente. Em 2013, os preços deverão cair levemente no começo do ano, mas permanecerão altos.

As maiores razões para o alto preço global dos alimentos são variadas. Com manutenção do cenário, a situação é potencialmente inflacionária – especialmente em países cujos gastos com alimentos são uma parte grande da renda dos consumidores. Altas inflações seriam um fator não desejável em um momento em que a maioria dos bancos centrais está lutando para enfraquecer ou desacelerar a atividade econômica, relaxar as políticas monetárias ou manter uma politica monetária frouxa. As mudanças políticas em resposta à inflação direcionada pelos alimentos poderá por em risco os esforços mais amplos para apoiar a recuperação econômica.

Outra complicação é o efeito dos preços do petróleo, que contribui significantemente para os preços dos alimentos, através do custo de fertilizantes e transporte. O preço do petróleo não alcançou os picos atingidos em março desse ano ou em 2008, mas aumentaram bastante desde o final de junho. Com os preços sustentados – por exemplo, como resultado de tensões geopolíticas envolvendo o Irã – isso seria um fator de alta para os mercados de alimentos.

Em conclusão, a previsão para 2013 permanece incerta. Dependendo da demanda e outros fatores, os preços teriam chances de cair caso o clima melhorasse e reduziria a pressão da oferta. Além disso, em períodos de altos preços, são lançados estímulos aos produtores para investirem e plantarem mais, eventualmente aumentando a oferta. Entretanto, as atuais condições de seca deverem durar, afetando negativamente as previsões de colheitas do próximo ano. De fato, a The Economist Intelligence Unit revisou recentemente para cima as previsões de preços dos alimentos em 2013 por essa razão

Dadas essas forças variadas de mercado, mais volatilidade nos preços dos alimentos notadas pelo Banco Mundial são esperadas sem surpresas. A recente redução na oferta torna os mercados de commodities alimentícias mais vulneráveis ao mais leve choque adicional no clima, que poderá, então, levar ao “pior caso” nos cenários de preços. Por exemplo, embora haja expectativa de queda na colheita de soja dos Estados Unidos, as previsões para a produção total parecem boas, porque se espera uma forte produção na América Latina para o começo de 2013. O risco é que o Brasil e Argentina representem quase 50% da produção global de soja (comparado com quase um terço dos Estados Unidos). Mas, se os dois países também sofrerem com o clima atípico, resultando em uma colheita menor do que o esperado, o aumento nos preços realmente seriam justificados.

Fonte: The Economist, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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