"A gente vê que está havendo um ajuste no segmento. No momento, há muita insegurança e preocupação, porém confio que o cenário vai mudar em breve, pois o Brasil é um país de grande potencial agropecuário e o mundo não vai deixar de comer, principalmente proteínas de animais".
O leitor do BeefPoint Thomas C. S. Kim, de Goiânia, Goiás, enviou um comentário ao artigo “Frigoríficos: cenário ruim aumenta desconfiança“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“A gente vê que está havendo um ajuste no segmento. No momento, há muita insegurança e preocupação, porém confio que o cenário vai mudar em breve, pois o Brasil é um país de grande potencial agropecuário e o mundo não vai deixar de comer, principalmente proteínas de animais.
Há muitos empresários sérios no segmento, tanto produtores como industriais. Mesmo aqueles que estão em dificuldades, acredito que alguns conseguirão encontrar saídas logo e estes se fortalecerão baseado na experiência obtida nesses tempos difíceis.
Como um todo, o Brasil é viável e nós estamos num segmento promissor a médio e longo prazo. Portanto, vamos acreditar no futuro da agropecuária brasileira e vamos em frente companheiros!”
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Uma combinação de fatores está causando a crise atual:
1) descarte de matrizes no passado recente,
2) migração da pecuária para produção de etanol,
3) em sentido inverso do mercado pecuário a elevação da capacidade instalada nas indústrias,
4) fechamento das torneiras no sistema financeiro, com a brusca interrupção dos ACC e financiamentos diversos,
5) a estratégia equivocada de alguns dirigentes de frigoríficos, motivada pela ambição de crescer sem medir consequências de longo prazo,
6) a desunião crônica entre os elos da cadeia produtiva e, finalmente,
7) o apetite voraz dos supermercados fazendo de conta que da crise nunca ouviram falar, mantendo margens incompatíveis em relação aos demais setores, inibindo o maior giro da mercadoria em suas prateleiras.
Vejo como natural a apreensão dos pecuaristas, principalmente em razão da precária situação de alguns grandes frigoríficos brasileiros. Esta mesma reação estão tendo os Bancos.
Todavia, embora o quadro esteja realmente dificil, nem todos estão na UTI. Muitos se encontram longe disto e ainda com muita força e disposição. Aqueles que prudentemente souberam se proteger, ainda quando os ventos sopravam a favor, se encontram em melhor situação e merecem o crédito geral.
E estes representam um número significativo da indústria brasileira. Aos que mereceram ficar na sombra, só resta uma saída: a reoganização estratégica interna de suas atividades; a correção de rumos e a busca dos instrumentos corretos para se navegar neste momento de mar agitado. Mas, principalmente, transparência e sinalização adequada ao mercado.
O mundo não vai acabar nem hoje, nem amanhã e depois. A crise um dia vai passar, e acabará mais cedo desde que encaremos a situação atual com um pouco mais de otimismo, determinação e coragem.
O Pericles Salazar está coberto de razao na combinacao de fatores que causaram a crise atual – se bem que o descarte de matrizes nao é recente, ja vem de alguns anos atras causado pelo desestimulo do pecuarista pelos baixos precos do boi, razao pela qual inumeros fazendeiros “queimaram” o plantel e desistiram da atividade.
Enquanto isto os frigorificos cresciam exponencialmente, baseados em um mercado demandando carne a precos altissimos (precos as vezes superiores a carne australiana) e credito farto.
Como consequencia, ocorreu uma reducao significante no plantel brasileiro (era estimado em 200 milhoes hoje dizem ser 150 milhoes ou até menos) e um total desajuste no mercado entre a pecuaria e a industria.
Mais cedo ou mais tarde o mercado iria cobrar um ajuste – e agora parece que chegou (tarde mas chegou!) a tal hora do ajuste – realmente nao é possivel a industria frigorifica nacional sobreviver com uma capacidade de abate instalada de 75 milhoes de cabecas ano e uma oferta de bois de 45 milhoes – para a industria operar com uma capacidade ociosa que vai de 30 a 50% com um mercado de carne em baixa tanto no Brasil como no exterior é impossivel – e isto ficou provado visto as dificuldades por que passa a industria no presente momento, agravada pela crise munidal, restricoes de credito e inadimplencia de clientes no exterior.
A crise vai passar? Vai! Acabará mais cedo ou mais tarde? Sem duvida vai acabar talvez muito mais tarde do que esperam!
Mas, da mesma forma que muitos frigorificos estao saindo e ainda sairao da atividade (obrigados ou nao!) o ajuste tambem vai cobrar o seu preco dos pecuaristas – o preco do boi vai ter que cair em um percentual que pode chegar até 40% menos do preco atual da arroba para tornar a atividade frigorifica viavel – o preco do boi saiu de usd 21 em dezembro de 2006 para usd 31 em 2007 e 42,17 preco medio em 2008 – e claro este preco tambem terá que ser ajustado as atuais condicoes de mercado.
Nao devemos nos iludir na crença de que o mercado de carne vai melhorar que os precos vao subir que a demanda vai aumentar etc etc – Já passou a epoca de espalhar falso otimismo como muitos ainda teimam em fazer – a crise é muito maior do que os otimistas de plantao podem achar – temos mais é que ter coragem para enfrentar por mais dura que seja a realidade que nos é imposta e tentar nos adaptar, tendo paciencia e tranquilidade para administrar os problemas com bom senso e tentar sair desta dignamente. Muitos já se foram e alguns mais deverao ficar pelo caminho nesta depuracao de mercado. Vamos ver quem vai conseguir ficar.