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Tipificação de carcaças, carne de qualidade e comercialização de gado para abate

O futuro da pecuária de corte passa pela qualidade de carne. Frango e peixe vão ser mais baratos que carne bovina daqui em diante. Logo, o consumo acontece pela preferência das pessoas: sabor, textura, tradição e cultura. Podemos ganhar a briga do sabor, não a do menor custo. A pecuária já evoluiu muito nos últimos anos, mas vai ser preciso ir mais adiante, de forma mais integrada. Produtividade, sustentabilidade, lucratividade e qualidade estão todos interelacionados. Precisamos avançar mais, fazer com que a realidade das melhores fazendas se espalhe pelo Brasil.

O futuro da pecuária de corte passa pela qualidade de carne. Frango e peixe vão ser mais baratos que carne bovina daqui em diante. Na verdade, a carne já é mais cara há muito tempo. Logo, o consumo acontece pela preferência das pessoas: sabor, textura, tradição e cultura. Podemos ganhar a briga do sabor, não a do menor custo.

A pecuária já evoluiu muito nos últimos anos. A combinação de gente que realmente gosta do que faz, vocação da nossa terra, clima e um grande rebanho nos colocaram no patamar atual de maior exportador de carne do mundo e segundo maior produtor. Daqui em diante, nossa importância no mercado mundial só vai crescer.

Vai ser preciso ir mais adiante, de forma mais integrada. Produtividade, sustentabilidade, lucratividade e qualidade estão todos interelacionados. Precisamos avançar mais, fazer com que a realidade das melhores fazendas se espalhe pelo Brasil.

Para mudar a pecuária, precisamos modernizar também a comercialização. Precisamos fazer com que a forma como o gado é comercializado seja um forte indicativo de onde queremos levar a pecuária. Como muito se diz, o órgão mais sensível é o bolso. Precisamos fazer com que a comercialização na pecuária seja um vetor de modernização. E temos muito onde podemos melhorar, pois na grande maioria dos casos, o formato é muito antigo, o mesmo há décadas.

O relacionamento produtor-frigorífico é um tema muito ligado a comercialização. Ainda se faz muita coisa igual fazíamos há 30-40 anos e o mundo mudou muito nesse tempo. Vai ser preciso trabalhar de outra forma. Precisamos estimular um debate mais inteligente e aprofundar a discussão, com foco em soluções e no alto nível das conversas.

O ponto chave para se melhorar a comercialização é diferenciar o melhor do pior. Dar mais valor ao que vale mais e menos ao que vale menos. Preços diferentes para produtos diferentes. Há várias formas de se dizer a mesma coisa, que já acontece em inúmeros setores. Com a carne não é diferente, há produtos melhores e piores, que valem mais e menos.

Há casos de frigoríficos que não pretendem pagar premiação para diferentes tipos de gado. Alguns estão acreditando que vão conseguir comprar gado bom pelo preço do ruim. Isso vai ser cada vez mais difícil, em especial quando a oferta não é grande e os melhores produtores estão procurando as melhores opções para vender seu gado de qualidade. Não vai dar certo.

Outros frigoríficos podem querer seguir um caminho diferente, definir um padrão uniforme para o tipo de animal (carne) que desejam comprar e se tornar um parceiro do produtor, fornecendo serviços, tecnologia e até financiamento. Aqui a proposta não é pagar diferente, mas tratar de forma diferente o produtor diferente, com serviços, apoio e consultoria. Essa é uma outra forma de encarar a situação e que pode trazer bons resultados.

Outro exemplo desse impasse na comercialização é o debate boi inteiro versus boi castrado. A indústria tenta impor um deságio no boi inteiro. No geral, o boi castrado produz carne de melhor qualidade, com mais acabamento, com menos DFD (carne escura e seca) e têm menos lesões na carcaça. O problema são dois: primeiro uma super-simplificação: boi inteiro é ruim, boi castrado é bom. Não é sempre assim, há vários outros fatores que devem ser levados em conta: idade, manejo, acabamento de carcaça. Ou seja, é possível ter um determinado boi inteiro melhor que um castrado.

Outro ponto é o próprio relacionamento frigorífico-produtor. Como a relação não é boa, toda tentativa de imposição, de criação de nova regra é vista de forma negativa, ainda mais quando a proposta é de desconto no valor de um determinado produto. Relacionamentos são como contas bancárias: para fazer um saque é preciso ter crédito. E o crédito de confiança dos frigoríficos com os produtores é quase sempre muito baixo.

Para melhorar a comercialização de gado para abate, vale lembrar do impacto e efeito da transparência. Há muitos bons exemplos do que a simples visualização dos resultados traz.

Carros com um sistema de computador de bordo que mede (e mostra) em tempo real o consumo de combustível por km faz que o motorista mude a forma de dirigir, gastando menos combustível. Simplesmente porque você vê que se acelerar de forma mais suave, irá gastar menos. Outro exemplo ainda mais simples é o placar mostrando a todo momento o resultado parcial de um jogo. Visualizar que você precisa recuperar tempo perdido é uma força a mais. Em nossos cursos online, por exemplo, criamos um ranking que mostra sempre quem são os 10 melhores alunos da turma. Isso aumentou a participação de todos que fazem o curso, não só dos 10 melhores.

A pecuária poderia adotar esses “truques” psicológicos, que funcionam muito bem em tudo que fazemos. Mesmo que não exista uma pagamento financeiro diferenciado, é muito interessante que exista um ranking de resultados dos melhores abates, dos melhores lotes, melhores fornecedores. Se a relação entre as partes for boa (ou razoável) mostrar quem vai bem é um estímulo importante.

O ser humano não é movido apenas a dinheiro. Comemorar e premiar os melhores resultados com reconhecimento, troféus e homenagens, quando acompanhado com um relacionamento mais aberto e transparente podem trazer excelentes resultados para a compra do frigorífico e para a qualidade da carne produzida.

Precisamos encontrar, reconhecer e comemorar os melhores exemplos de pecuaristas nos mais diversos fatores ligados a carne de qualidade. Apresentar o que temos de melhor é uma forma de provar que é possível fazer. Uma maneira de estimular quem já faz e quem quer fazer. E também mostrar aos céticos que temos bons exemplos que funcionam aqui no Brasil, na sua região, no seu vizinho. Isso tem um poder muito grande.

Para melhorar a pecuária, precisamos melhorar a comercialização de gado.

Acreditamos que esse é um dos temas mais relevantes para a pecuária atual. Por isso, estamos preparando um série de webseminários sobre tipificação de carcaça, qualidade de carne e comercialização de gado para abate. Um dos pontos que mais interessa é como fazer com que a tipificação de carcaça seja adotada de forma mais ampla no Brasil.

Nos ajude a organizar e realizar um evento único. Gostaríamos de saber:
• Quem é o melhor produtor de gado de qualidade a pasto?
• Quem é o melhor produtor de gado de qualidade confinado?
• Quem é o melhor produtor de boi inteiro de qualidade?
• Quais projetos de produtores, frigoríficos, associações, supermercados e marcas de carne deveriam ser incluídos nesse evento do BeefPoint?

Muito obrigado. Pecuária moderna, nós podemos e nós queremos!

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Muito interessante seu artigo Miguel,

    Para mudar a relação entre frigoríficos e pecuaristas,a meu ver,primeiro é necessário entender que o modelo de gestão corporativo não cabe no nosso setor.Pode dar muito certo para proteínas produzidas no modelo de Integração.

    Sugiro então,como já o fiz outras vezes,o que chamo de Gestão Mista – o melhor da gestão Corporativa mesclado com o melhor da gestão cooperativa.O modelo cooperativo sugere,e de fato é,mais respeitoso com as partes envolvidas,indústria x produtor.

    Outro fato importante é pararmos de falar,ou de aceitar o termo desconto(s),e adotarmos o termo Premiação(ões),é muito mais fácil premiar aquilo que se deseja,para tanto os produtores que servem a tais ou quais frigoríficos de suas regiões,precisam ser informados daquilo que cada uma das indústrias desejam.

    Outra coisa muito importante que você mencionou,é participação da indústria,diretamente no campo,orientando,ofertando prestação de serviços de qualidade aos parceiros produtores.

    O nosso seguimento só mudará quando entender a necessidade,a urgência,os benefícios da Boa Prestação de Serviços,que também os encaminhará as Boas Praticas,e os levará aos sempre cada vez melhores produtos,sempre cada vez melhores relações,sempre cada vez melhores respeito e conceito por parte dos parceiros produtores.E se entende,e chegar,até ao consumidor final,passando pelos parceiros supermercadistas.

    Ainda mais do que tipificar carcaças,poderíamos,talvez,tipificar o que e como se produz.Animal vivo.

    É necessário começar a falar do animal vivo,e deixar para segundo plano a carcaça,que sugere animal morto.

    A carne nasce Marca no animal vivo.

    Quero parabenizá-lo por este maravilhoso e oportuno artigo.

    Saudações do amigo,

    EVÁNDRO D. SÁMTOS.

  2. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Miguel,

    Parabens pelo artigo e a chamada para organizar um evento para colocar a cadeia de carne bovina de vez no seculo 21.

    Eu perguntaria o que os frigorificos podem fazer para que podemos atingir um nivel de comercialização onde cada um sabe o que deve fazer e receber.

    Será que um dia podemos ter uma estimativa com laser-electronica que da no momento da pesagem do carcaça estimativas sobre cada um dos cortes e assim estabelecer parametros para um tipo de rendimento por carcaça?

    No que os orgões e institutos que trabalham e pesquisam carne e seus derivados podem ajudar?

    Um abraço,

    Louis.

  3. carlos massotti disse:

    Prezado Miguel – como evidentemente  voce precisa ver  as coisas pelo lado da pecuaria,  seu raciocinio pode parecer as vezes nao tao completo  ,pois falta voce considerar os outros elos da cadeia que afetam a comercializacao do gado em si — voce diz que frango e peixe vao ser mais baratos…ora ja sao e sempre foram mais baratos que a carne bovina (alias voce se esqueceu da carne suina tambem mais barata!) – voce tambem diz que o consumo acontece pela preferencia das pessoas (sabor,textura,tradicao,cultura) -voce se esqueceu do fator preponderante – preco! e as outras carnes nao tem tambem sabor textura tradicao e cultura?

    Voce tambem escreve "Daqui em diante nossa importancia no mercado mundial so vai crescer"

    .ERRADO !!!-  nossa importancia dimunue a cada dia ,visto a sensivel dimunuicao da nossa participacao no mercado mundial de carnes bovinas -so para sua lembranca, em 2007 exportamos 1.285 mil toneladas em 2010 exportamos 951 mil toneladas ou seja perdemos quase 40% do nosso market share mundial – e a tendencia, visto as crises nos mercados que temos pelo mundo afora, alem da concorrencia acirradissima e dos nossos problemas internos (cambio preco do boi etc etc) é de continuarmos perdendo participacao de mercado!!!

    Aí voce chega ao ponto principal do artigo – o relacionamento produtor-frigorifico – aí sim temos um grande problema -embora sejam elos ligados umbilicalmente e dependam um do outro, o relacionamento é um permanente e estressante conflito !!

    Ja existem exemplos , e voce sabe disto, de empresas de alimentos que fazem tipificacao de carcaca, pagam precos melhores para animais de qualidade, financiam os produtores enfim procuram criar um relacionamento estavel , confiavel (e necessario) entre o produtor e o frigorifico –

    Mas temos um problema de mentalidade enraizada por muitos e muitos anos ,que , baseados nestas acoes que cito acima, aos poucos (mas muito aos poucos) vao mudando a cabeca dos pecuaristas , os quais, na verdade, sempre acabavam( ou ainda acabam )vendendo seus animais a qualquer um que apareca pagando alguns centavos a mais – isto sempre foi assim (que atire a primeira pedra o pecuarista que disser o contrario!!) -e se é esta mentalidade está realmente mudando…a coisa vai ainda muito devagar.

    mas concordo plenamente que é aí um dos pontos fundamentais para uma melhor evolucao da pecuaria – melhorar o relacionamento produtor x frigorifico.-como chegar lah??Este sim é um assunto otimo para ser debatido nos seus webseminarios !

    E por ultimo mas nao menos importante, nao se esquecam do elo mais importante de todos e que afeta tudo o que discutimos aqui – o mercado consumidor – a industria tem que trabalhar de acordo com o mercado consumidor que ela vai atender – e é aí que mora o problema – o habito alimentar da maioria do povo brasileiro -que compra PRECO NAO QUALIDADE!!

    0s habitos alimentares estao mudando? Sim estao aos pouquinhos – mas vai demorar ainda um longo tempo!! grato pela oprotunidade.

  4. Marcelo Ribeiro disse:

    Miguel,

    Sou seu fa! Sempre muito sensato, atualizado e buscando maneiras de responder ao anseio de todos.

    Que a cadeia produtiva precisa ser organizada, acho que todos concordam!

    Sobre a realizacao do ciclo completo, e´ muito importante que o produtor entenda que o frigorifico, como qualquer outro negocio enfrenta tambem dificuldades relativas a comercializacao de “marcas´ de carne. Isso talvez seja fundamental para se ter padronizacao na producao de bovinos.

    Acho que todos tambem concordam que a carne e´ uma comodite e que trabalhar nos nichos de mercado mundiais com marcas que possam garantir a mesma apresentacao do produto com consistencia de qualidade, cor, mamoreio, embalagem e muito importante: entrega nas datas marcadas. Isso esta provado que pode agregar mais valor ao produto “boi”.

    Temos que incrementar varias muralhas (possiveis de serem derrubadas) para manter essa consistencia. Uma delas e muito importante e´ a questao portuaria brasileira. Como fazer compromissos na data de entrega de produtos, quando em alguns momentos se tem que esperar dias nos porto para embarcar um container?

    Sobre a questao mencionada pelo Sr Louis, qual seria o corte mais valorizado na carcaca, para assim desenvolve-lo? Sobre o melhor produtor: qual seria o mercado de carne desejado? Merdado domestico, exportacao, Asia….ou todos? Para todos, existem variacoes de produtos. Mercados como a China, que esta chegando, nao compra marmoreio; Europa nao compra cortes com osso; Oriente Medio nao compra qualidade; Asia “baixa” compra qualquer coisa barata, mercado interno brasileiro e´ um monstro faminto que esta acordando e consumindo mais; minha sugestao seria talvez focar na consistencia de producao e integracao com a industria, porque o mercado de grande quantidade ultrapassa a barreira do sonho da marca e vai ao volume a ser produzido e entregue.

    Considero o cadeia da carne brasileira (produtor, frigorifico e traders exportadores) a mais organizada do planeta, pois sobrevive e cresce no meio de todos as dificuldade que existem ai (as fora da porteira!), mas precisa de exatamente o que voce propoe: UNIAO, PADRAO DE PRODUCAO e CONSISTENCIA!

    Um bom sistema de padronizacao de carcacas e´ o da AUSMEAT Australiana, mas tambem nao e´ perfeita.

    Moro na Australia e faco a integracao entre frigorifico, produtor e comprador de carne. Estamos a 4 anos realizando esse trabalho de integracao e produzimos 400.000 kilos de carne por semana de um unico produtor, tudo de boi inteiro, 100 dias de confinamento e bois de 4 dentes permanentes ou mais. Hoje obtemos um pequeno percentual a mais pelo preco do nosso kilo de carne vendida, simplesmente pelo fato de fornecermos semalmente o mesmo produto. No mes de setembro comeco no Brasil o mesmo trabalho, e posso garantir que funciona bem a parceria entre todos os elos da cadeia!

    Fica o convite para quem quiser nos conhecer aqui!

    Grande Abraco e boa sorte!

    Marcelo Ribeiro

  5. Felipe Pohl de Souza disse:

    Caro Miguel,

    Em primeiro lugar, gostaria de parabeniza-lo pelo artigo, que reflete de maneira clara o futuro e os gargalos da pecuária de corte brasileira.

    Depois gostaria de relatar nossa experiência na busca por uma melhor relação industria – produtor.

    A algum tempo sou coordenador técnico de um grupo de produtores da região centro-sul do Paraná, que vem trabalhando na busca da melhora das relações entre os elos da cadeia.

    O primeiro ponto que tratamos foi da padronização do nosso produto, no momento ainda estamos trabalhando com cria, definindo uma raça e um modelo de cruzamento. Esta escolha foi baseada na consulta a consumidores especiais, como chefs de cozinha e donos de restaurantes especializados em carne grill. Com isso iniciamos uma relação nova na cadeia, qual seja, do produtor com o consumidor.

    Num segundo momento procuramos uma industria, que sentindo que estávamos com consumidores do nosso lado, tornou-se parceira e se propem a remunerar de maneira diferente os animais do grupo que atingirem um padrão de carcaça, estabelecido em comum acordo entre os produtores e a industria.

    Entendemos que esta pode ser uma alternativa, para que a cadeia da carne bovina seja um ganha-ganha e que todos sejam beneficiados.

    Att.

    Felipe Pohl de Souza

    Coordenador Ténico da AANC – Associação Araucária de Carne Nobre

  6. Frank Yeo disse:

    Miguel,
    Este é o próximo grande passo para a indústria de carne brasileira. Eu, o Reino Unido, temos usado o sistema de classificação de carne por muitos anos e que tem dirigido os agricultores a produzir carne das carcaças e da carne que é exigido pelos varejistas de alimentos. O agricultor paga o preço mais alto para a qualidade melhor e tem descontos para as carcaças que são muito gordo, muito magro ou muito pesado.

    O sistema de classificação dá uma acurada análise de cada carcaça, que pode estar relacionado com o programa genético ou do regime alimentar sobre a fazenda. O frigorífico pode dar um preço mais elevado prémio de carcaças que são bons e dão descontos para aqueles que não são boas.

    Eu não entendo porque no Brasil você receber um preço similar para novilhas ao preço de vacas. No Reino Unido nós produzimos novilhas que são 17 arrobas e frigos pagar um preço similar ao valor de boi e preços para vacas são muito mais baixos. Com clasification carcaça Creio que isto irá mostrar que você tem carcaças bom para novilhas e o valor deve ser o mesmo que boi.

    Você deve ir por esse caminho.

    Frank Yeo.

  7. Modesto Jose Moreira disse:

    Ola Miguel,

    O assunto que voce levantou, com muita propriedade aliás, envolve toda a cadeia de produção da carne Bovina Brasileira.

    Um sistema Tipificação de Carcaça, ajustado a nosso ambiente , permitiria fazer da pecuaria de corte uma atividade capilarizadora de riquezas,pois não dependeria mais de volumes para obter melhores preços e consequentemente maior prosperidade para o setor como um todo.

    Seria importante ver frigorificos contatar diretamente produtores pequenos para formar lotes de carne top, fazendo ofertas no pico de preço do mercado de balcão.Seria possível?

    Atualmente, causa espanto entrar em um supermercado e ver a quantidade de marcas de carnes , cada qual promovendo uma caracteristica, sendo que não existe uma autoridade  que possa chancelar as qualidades promovidas.

    Nosso consumidor tem que dispor de conhecimentos profundos para orientar-se pelas informações de rótulo e conseguir tomar uma decisão acertada.

    Acho que é dever sim, das nossas autoridades, alem de atestar a qualidade sanitaria atraves do SIF, orientar o consumidor para o tipo de carne que esta nesta embalagem.

    Seria padronizado e de facil entendimento.

    Só vejo melhoras! Não consigo ver desvantagens para a cadeia como um todo.

    Desculpem o tom de depoimento.

    Abraço e Parabens

  8. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Carlos Massoti, muito obrigado pelo seu comentário.

    A opção pela carne bovina há anos não é pro preço, mas pela escolha. Ou seja, ao comprar um pedaço de carne bovina e não de frango, o consumidor está dizendo que prefere comprar o mais caro.

    Dentro apenas do mercado da carne bovina, estamos vendo mais e mais ofertas de carnes especiais, com preços especiais. Alguns extremamente altos (há até carne com preço acima de R$150/kg no varejo de alto luxo na cidade de SP). E o mercado só cresce.

    Com o crescimento da renda, tivemos migração da classe D e E para classe C. E também da classe C para A e B. Os dados mais recentes mostram isso, que é um grande fator de aumento de consumo de produtos de luxo, com sobre-preço.

    Mas o meu foco no artigo não é apenas o mercado de carnes ultra-especiais, de preço mais alto. Gostaria muito de discutir como facilitar e estimular que, como o Louis disse, todos saibam o que tem que fazer.

    Quero estimular a tipificação de carcaças de uma forma muito mais ampla, não apenas para poucos projetos de pequenos nichos. Há como fazer isso (vários outros países já fazem) e isso pode trazer um grande avanço ao setor.

    Muito obrigado. Abs, Miguel

  9. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Evandro, Louis, Marcelo, Felipe, Franck e Modesto,

    Muito obrigado pelos comentários que complementam e melhoram o artigo.

    Nosso plano é fazer um webseminário com várias palestras incluindo:
    – Prof Pedro de Felicio (que já confirmou participação)
    – dois frigoríficos
    – duas associações
    – um supermercado
    – uma associação
    – três estudos de caso de produtores (a pasto, confinado e boi inteiro)

    Além da participação de especialistas e outros convidados.

    No momento, gostaria de incluir um representante do MAPA e também de alguma associação de consumidores. Alguma sugestão de nomes em relação ao MAPA e consumidores?

    Muito obrigado. Abs, Miguel

  10. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Olá Miguel,

    Sugiro também convidar algumas donas de casa e ouvi-las,além da associação de consumidores.

    A meu ver,não há em todo o processo pessoa mais importante do que o consumidor final,vamos ouvi-los,o que você acha?

    Quanto aos supermercadistas,sugiro que convide quatro,ao invés de dois,sendo dois que têm como premissa comprar preços (comditistas),e outros dois com premissas de qualidade agregada,mas não de grandes redes,mas de médias redes.

    Abraços,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  11. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Miguel,

    Vai ser um sonho ver todo mundo pensando junto e as vezes devemos mudar e ter menos palestras e mais debates; ajudaria muito saber com antecedencia o que vai ser discutido; deixaria para a MAPA indicar um representante e o conhecimento cientifico com Prof. Pedro e outros é extremamente importante.

    Boa sorte e um abraço,

    Louis.

  12. Ernesto Coser Netto disse:

    Caro Miguel,

    Pode contar com a Brangus nestes projetos.

    Mas gostaria de comentar alguns pontos desta discussão.

    Você é prova que venho repetindo a frase:

    -Na hora em que a dona de casa(consumidor comum) tiver mais informação sobre carne bovina e conseqüentemente ficar mais exigente a pecuária sofrerá uma revolução.

    Portanto, só credito que seja possível um tipificação de carcaça quando os frigoríficos conseguirem diferenciar os preços dos produtos no consumidor.

    Coisa que no momento é muito difícil(eles não sabem vender carne, sabem atender pedidos).

    Nunca foi necessário desenvolver mercado, pois tudo o que compravam(abatiam) já estava vendido e com boas margens.

    Hoje o cenário é diferente, com o arroba cara , o dólar baixo a rentabilidade crescente na cana,etc.Esta complicando o futuro deste modelo.

    E como não sabem vender carne, não fidelizaram clientes.

    Para fidelizar clientes , tem que ter diferenciais distinguíveis no mercado.(Não tem).

    Para desenvolver mercado é necessário desenvolver bons fornecedores, nunca fizeram isto também.

    Tratam a compra de gado, quase que como um extrativismo, matando a arvore que dá os frutos, não se preocupando com sua sustentabilidade e sua perenização.

    Para desenvolver mercado, tem que ter bom marketing, tem que ter melhores cortes e novas apresentações da carne, novos nomes e deixar de ter carne de primeira e carne de segunda e por ai vai.

    Em função disto, só acredito em uma tipificação de carcaça na hora em que os frigoríficos conseguirem realmente mostrar e convencer o mercado sobre estes diferenciais.

    Não agregam valor no mercado interno, por causa da falta de comunicação e investimentos no consumidor.

    E não agregam valor no mercado externo em função da falta de padrão e de qualidade.

    Eles vão ter que desenvolver fornecedores para poder desenvolver este 2 mercados.

    Temos que juntar forças e incentivar os frigoríficos neste sentido, pois, na hora em que a dona de casa aprender a comprar carne a pecuária sofrerá uma revolução.

  13. Filogomes Alves de Carvalho Neto disse:

    Ola Miguel,

    Gostaria de parabeniza-lo pelo artigo e a todos que contribuiram na secao de comentarios.

    O seu artigo e os comentarios relacionados ao mesmo me fizeram pensar em algumas questoes basicas:  Como deve ser definido o que e Qualidade de Carne?  Como essa tipificacao de carcacas sera feita? Atraves de meios de avaliacao subjetivos ou objetivos?  Os fatores determinantes de qualidade variam dependendo do mercado final do produto.  Porem, um fator comum em relacao a qualidade da carne para a maioria dos mercados e a maciez.  Deve-se identificar junto ao consumidor, tanto no mercado interno como no mercado externo, quais sao os atributos relacionados a qualidade de maior importancia.  Depois disso devemos fazer um estudo para caracterizar o produto que temos em mao.  Vejo varias “marcas de carne” fazendo alegações sobre os seus produtos como maciez garantida sem apresentar qualquer informacao de como aquela garantia e estabelecida.  E vou alem, qual e o valor de sizalhamento para se dizer que a carne e macia ou nao (threshold value)?

    Existem tecnologias capazes de segregar carcacas em diferentes classes de maciez e ao mesmo tempo agrupar as mesmas em diferentes classes de rendimento de cortes carneos.  Como voce disse no seu artigo “A combinação de gente que realmente gosta do que faz, vocação da nossa terra, clima e um grande rebanho nos colocaram no patamar atual de maior exportador de carne do mundo e segundo maior produtor.”  Devemos agora adicionar ciencia, pesquisa e clareza ao nosso consumidor.

    Muito obrigado pela oportunidade,

    Filogomes

  14. István Wessel disse:

    Caro Miguel.

    Voce está mais do que certo. Tipificação oficial (do MAPA) está em gestação há mais de 35 anos. Nos anos 70 eu mesmo participei de algumas reuniões.

    Sem citar o exemplo americano, fiquemos apenas no Chile em pais infinitamente menor que o Brasil e com pecuaria igualmente pequena, perto da gente. Pois bem. Eles tem tipificação oficial de carcaças há mais de 30 anos.

    Incrível não?

    Abraços e parabéns pela seriedade com que voce trata dos assuntos no site!

    István Wessel

  15. Bruno Antonio Biondi disse:

    Istán Wessel

    Concordo com sua colocação. Sou Zootecnista e no momento estou trabalhando com tipificação e certificação de carne para o mercado do Chile. Como você disse um país muito menor que o nosso e possui um sitema de tipificação bovina muito mais evoluido e complexa

    Senhor Miguel da Rocha Cavalcanti, fico feliz pelo seu artigo que ira nos ajudar muito na tipificação.

    E também gostaria muito de participar desse seminario.

    Bruno Antonio Biondi

    Zootecnista

    Certificador de carnes segundo a lei chilena 19.162

  16. Bruno Candia Nunes da Cunha disse:

    Boa tarde Miguel,

    Primeiramente parabenizo pelo oportuno artigo, realmente estamos em tempos de nos posicionar como produtores de carne de alta qualidade, ja que os tempos de um Brasil como produtor de carne em extrema abundância e barata ficaram no passado, e  tipificação com certeza é parte fundamental deste processo.

    Acredito que posso contribuir para o debate em seu webseminário representando consumidores de carne Brasileira na Europa. Atuo como comprador e certificador da qualidade da carne para esta empresa da Suécia que é líder em importação de carnes naquele mercado, distribuindo principalmente para a grandes redes de varejo na Suécia, Finlândia e Noruega, onde temos estabelecida uma marca própria, Naturkõtt® que é forte, e baseada na carne da América de Sul e em seus valores fundamentais de qualidades naturais, e politicas sócio ambientais que são muito valorizadas naqueles mercados.  Assim, tenho contato direto com os consumidores finais de nosso produto e seus anseios, podendo compartilhar de meu ponto de vista quais são nossos pontos fortes, quais os avanços já conquistados e onde perdemos e precisamos melhorar como um todo na cadeia produtiva com foco ao Mercado Comum Europeu e seus exigentes consumidores principalmente.

    Fico à disposição se for do interesse a participação neste seminário ou qualquer outro foro de discussão onde possa agregar com um pouco desta visão do consumidor la de fora sobre nossa carne e suas necessidades.

    Forte abraço,

    Bruno C N Cunha

  17. Angélica Simone Cravo Pereira disse:

    Parabéns pelo artigo e iniciativa Miguel! Precisamos pensar em tipificação de carcaça, mas antes precisamos pensar em classificação de carcaça, pois são termos bastante diferentes. Além disso, o que se tem hoje no Brasil é que grande parte dos frigoríficos têm seu próprio sistema de classificação e isso serve inclusive para ovinos! Pensarmos em tipificar, é pensarmos em atingir um nicho de mercado que acredito que hj esteja preparado para pagar por um bife, por exemplo, 5 estrelas que apresentasse maciez comprovada (abaixo de 5 kg de força de cisalhamento, por exemplo), ou cor de carne e gordura aceita pelo consumidor, avaliada por meio de parâmetros objetivos ou subjetivos, ou que garantisse pH em torno de 5,6 a 5,8. Precisamos pensar em como isso pode ser feito e um simples detalhe… Cortamos as carcaças aqui no Brasil entre a 5ª e 6ª costelas e como vamos avaliar isso, em nível comercial, nas indústrias frigoríficas na 12ª e 13ª costelas, como é padrão? O sistema nos EUA foi criado desde 1926 e quase 95% dos animais são avaliados. Acredito que os objetivos principais desse sistema no Brasil deveriam ser de disciplinar a comercialização de animais vivos e de sua carne, orientar os produtores sobre quais tipos mais procurados pelo mercado e agrupar os produtos de acordo com sua qualidade estimada.
    Como diz o prof. Pedro de Felício, me lembro em uma de suas aulas de classificação há alguns anos.. Primeiro é preciso “juntar o que é igual” (classificar) e só depois “separar o que é diferente” (tipificar).
    Precisamos ter treinamento competente para conduzir e aplicar este sistema. Além disso, é preciso ter um sistema efetivo de qualidade montado, iniciativas de marketing, uso de tecnologias, organização (defesa, inspeção sanitária, treinamento competente), normas para padronização e linguagem a fim de facilitar a comercialização.
    Um último detalhe é a previsibilidade! Será hoje conseguimos isso no mercado da carne?
    Um grande abraço,

  18. Bruno Antonio Biondi disse:

    Angélica,

    Você colocou muito bem, toda parte de tipificação e classificação bovina. E como poderia ser feito da melhor maneira.

    Porém quem tem uma vivencia dentro de um frigorifico sabe que não é facil modificar isso no sistema de abate que nós brasileiros fazemos.

    Respondendo sua pergunta:

    Não conseguiriamos tão cedo modificar todo um sistema, iria demorar muitos anos!!!

    Sei que pareço negativo, mas gostaria e muito que mudace, porém é o que vejo pelos bastidores.

    Um forte abraço!!!

  19. Frank Yeo disse:

    Miguel e Bruno,

    Eu reconheço que é difícil estabelecer um sistema de classificação no Frigoríficos – algumas empresas podem estar dispostos a fazer isso, mas eu entendo outras não.

    Eu acredito que um programa-piloto para classificação das carcaças precisa ser iniciado por um frigorifico brasileiro para desenvolver a grelha de classificação mais adequado como um "modelo" para todo o país. No Reino Unido temos seis graus de conformação (forma) e cinco graus para os níveis de gordura. O pagamento é feito sobre um valor base das notas médias para ambos os níveis de gordura e conformação. Prémios são pagos para notas acima da média para a conformação e os descontos são feitos para as carcaças que são muito gorda ou muito magra. O Frigoríficos necessidade de calcular o rendimento de carne vendável da carcaça – relacionadas com o grau ea base o pagamento dos seus prémios e descontos sobre esses resultados. O pagamento também pode adicionar os pagamentos para o gado novilho e para a qualidade da carne com base no aumento ‘marmorização’.

    Este sistema irá atrair produtores de carne bovina com gado de alta qualidade e eu acredito que o sistema de classificação vai se desenvolver. Uma vez que as principais empresas frigorifico perder fornecimentos de gado de alta qualidade que vai tomar este esquema de classificação a sério.

    Frank.

  20. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Boa noite prezados (as),

    Vejo a grande e galopante mudança em nosso setor.Entendo que dentro de no máximo 5 anos o nosso setor como todo será grandiosamente modificado,melhorado,profissionalizado,normatizado.

    As necessidadesbem como as exigências do consumidor vêm mudando,e mudarão muito mais ainda,quanto maior o poder aquisitivo,também quão maior são os níveis de exigência destes consumidores.

    A necessidade também dos produtores caminham a passos muito largos.A terra em São Paulo valorizou acima de 700%,bem como em todo o território nacional,cada região com sua valorização,mas valorizados com certeza.

    A terra que antes servia apenas a esta ou aquela cultura,hoje presta-se a CULTARAS DIVERSAS.O fazendeiro,hoje já não é mais apenas pecuarista,ou apenas plantador seja de qual cultura for,hoje ele é e precisa ser tudo isso.COMMODITIE não deixa espaço para erros.

    Então vemos em São Paulo que o boi passou a ser engordado (criado) confinado.No Mato Grosso do Sul,em Goiás,no Paraná e mesmo em boa parte do Mato Grosso do sul e Minas Gerais,e mesmo na Bahia,a pasto,semi confinado e confinado.

    Com a demanda interna e também externa aumentando o desfrute precisa aumentar,bem como também o pecuarista necessita do retorno de seus investimentos mais rápido.

    Ou seja,todas as necessidades se conjuminam,e o côncavo e convexo unen-se e formam o circulo.

    Este é o momento.Momento de falarmos em o que o consumidor e por conseqüência a indústria demandam.

    O consumidor é comprador,não temam.Mas saibam que a demanda é cada vez maior por melhor qualidade,maior ética,maior comprometimento.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  21. Araujo Moura Agronegocio disse:

    Evandro,concordo com seu ponto de vista ,basta ver o crescimento de IATF, de quase 300% em nossa empresa nos últimos 12 meses.
    É a tecnologia chegando ao campo,e o melhor ,sendo aceita.