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Tolerância do capim-pojuca ao alagamento

Patricia Menezes Santos1, Luiz Alberto Rocha Batista1 e Marco Antonio Alvares Balsalobre2

O capim-pojuca (Paspalum atratum) foi lançado após um extenso trabalho de avaliação, desenvolvido pela Embrapa Cerrados e pela Embrapa Pecuária Sudeste. Ele é um representante do gênero Paspalum, que apresenta o maior número de espécies nativas com potencial forrageiro no Brasil.

O capim-pojuca tem sido divulgado como tolerante ao alagamento, sendo recomendado para substituir a braquiária humidícola em algumas regiões do país. Muitos técnicos e produtores, no entanto, têm se queixado do desempenho deste capim quando sob condições de alagamento.

Ruivo et al. (2003) desenvolveram um experimento na Universidade Estadual do Norte Fluminense com o objetivo de avaliar o efeito de zero, 10 e 20 dias de alagamento na produção de biomassa e na relação folha/caule do capim-pojuca, após 52 dias de rebrota. O experimento foi desenvolvido em casa-de-vegetação. As plantas foram cortadas rente à superfície do solo 30 dias após o plantio e, logo depois, submetidas ao alagamento. Após 52 dias de rebrota, as plantas foram cortadas e separadas em folha, caule e material morto. O material foi levado à estufa a 65oC e depois pesado. Os autores observaram que a produção de matéria seca e de matéria seca verde do capim-pojuca diminuía com o aumento do período de alagamento (Figura 1). Após o término do período de alagamento, no entanto, as plantas apresentaram uma rápida recuperação, não sendo observado nenhum dano grave. Os autores concluíram que o capim-pojuca é tolerante a períodos de alagamento de até 20 dias, pois mesmo nos tratamentos com alagamento mais prolongado, não houve morte total de plantas.


Figura 1: Produção de matéria seca total (MST) e de matéria seca verde (MSV) para o capim-pojuca, de acordo com o período de alagamento (dias).

Comentário: o capim-pojuca é uma gramínea nativa de áreas próximas ao Pantanal do Mato Grosso, sendo, realmente, tolerante a períodos curtos de alagamento. Períodos longos de alagamento, no entanto, determinam a morte das plantas, sendo que a recuperação do pasto poderá ocorrer a partir do banco de sementes existente na área. Um dado importante mostrado por Ruivo et al. (2003) é a redução na produção de matéria seca, observada mesmo com 10 dias de alagamento. Apesar de não se observar a morte de plantas com períodos curtos de alagamento, o desenvolvimento do capim-pojuca é comprometido sempre que o sistema radicular fica submerso. É importante que estas características do capim-pojuca sejam observadas e analisadas antes de sua implantação, a fim de se evitar decepções por parte do produtor.

RUIVO, K.R; SOARES, M.P.; HADDADE, I.R.; VASQUEZ, H.M.; SCOFORO, L.; PAES, H.M.P. Efeito de diferentes períodos de alagamento na produção de biomassa do capim-pojuca (“Paspalum atratum”cv. Pojuca) aos 52 dias de rebrota. Anais da 40a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. (cd-room). 2003.
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1 Embrapa Pecuária Sudeste

2Doutor em Ciência Animal e Pastagens, Diretor de produto Bellman, Sócio-Diretor da B&N Consultoria.

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