A instrução normativa da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, que regulamenta o trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa, produtos e subprodutos do Mato Grosso do Sul e do Paraná, exceto de áreas consideradas de risco, provocou reações bastante distintas entre representantes dos pecuaristas.
Parte do setor considera que a liberalização da passagem em território nacional terá reflexos positivos junto aos importadores da carne brasileira. Outra parcela avalia a medida como precipitada, pois ainda não há conclusão dos exames sobre as suspeitas de aftosa em animais adquiridos do Mato Grosso do Sul por produtores do Paraná.
“A liberação sem conhecimento do resultado desses exames é temerária”, afirmou o presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Estado Rio Grande do Sul), Carlos Rivaci Sperotto, destacando que o governo federal deveria ter aguardado a conclusão antes de autorizar o trânsito de animais. “Não se sabe bem a extensão do problema”, disse.
O presidente da Comissão Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, porém, aprovou a decisão. “Se o País não suspender restrições internas, o que os importadores vão pensar?”. Na avaliação de Nogueira, a mudança não deve provocar variações significativas nos preços do boi gordo, por causa da oferta restrita de animais para abate neste período de entressafra.
O presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso), Homero Alves Pereira, considerou que não deve haver empecilhos à entrada de gado do Mato Grosso do Sul no estado desde que os animais não tenham origem nas regiões definidas como de risco.
“Como vamos querer que os outros países confiem no trabalho que está sendo feito se nós não confiarmos?”, questionou. Ele contou que, apreensivos com os focos de aftosa registrados no estado vizinho e as suspeitas no Paraná, frigoríficos do estado têm trabalhado com escala de abate de uma semana, período mais curto que o normal.
Para o assessor da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Carlos Augusto Albuquerque, a liberação do trânsito de animais dos dois estados é positiva. “Mas por que tantos municípios do Paraná foram considerados área de risco, se só há suspeitas no estado e essas suspeitas estão sendo monitoradas? No Mato Grosso do Sul, há vários focos confirmados”, disse.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Chiara Quintão), adaptado por Equipe BeefPoint