O assunto rastreabilidade tem consumido tempo enorme de todos aqueles envolvidos na atividade pecuária. Sua implantação e funcionamento são considerados por muitos como irreversíveis e os benefícios para a cadeia da carne como imprescindíveis.
Entretanto, o que estamos vivendo em termos de rastreabilidade e certificação é uma grande confusão. Segundo as autoridades, as exigências de novas regras de certificação para exportação para a CEE deveriam ser implantadas no início de 2002.
Como todos sabem, as normas do SISBOV saíram muito depois dessa primeira data tida como ponto de partida. Como todos também têm conhecimento, as datas de início foram adiadas algumas vezes. Finalmente, no começo de setembro foi iniciada a certificação individual dos animais abatidos para exportação para a CEE. Resultado, aumento da confusão, pois os frigoríficos começaram a entrar em contato com produtores para fornecimento de informações e para que assumissem responsabilidades por elas, para que a certificação fosse feita no próprio frigorífico, isto é, identificação, cadastramento e certificação individual.
O problema é que os produtores têm vendido bois para o abate sem saberem se os animais vão ou não fornecer carne para exportação para a Europa. Eles foram pegos de surpresa, pois poucos estavam sabendo que, para não atrapalhar as exportações, esse procedimento tinha sido autorizado. O mais curioso foi que a implantação da rastreabilidade, como foi feita, ao invés de agregar valor ao produto, parece que terá um efeito de depreciação do mesmo, pois está sendo introduzido um gasto a mais sem nenhum ou muito pouco ressarcimento.
Como todos sabem, a continuidade das exportações é importante tanto para gerar divisas como principalmente criar tradição do Brasil como fornecedor de carne bovina para o mercado mundial. Além disso, a diminuição e ou paralisação das exportações aumentaria a oferta interna e conseqüentemente diminuiria os preços.
Ficam duas perguntas a serem respondidas. Primeira, qual a diferença entre os procedimentos de exportação para a CEE que vinham sendo adotados até a exigência da certificação individual no frigorífico (ou mesmo 15 dias antes do abate) e os de agora? Mesmo que os cortes sejam identificados individualmente por animal, o que provavelmente não está ainda sendo feito, a certificação individual para efeito de rastreabilidade não acrescentará nada em termos de segurança alimentar ao que já vinha sendo feito. Segunda, quem está ganhando com essa certificação individual?
Não bastasse essa confusão que se tornou o SISBOV e sua implantação, vem o famigerado artigo 12 da MP 66. Será que na Receita Federal e no próprio Governo não tem ninguém que seja ou tenha conhecidos que são produtores rurais? E o que falar da demora para modificação do referido artigo?
0 Comments
De pleno acordo com o articulista.
Ou é para valer, ou só para inglês ver, como meu pai costumava dizer sobre coisas de mera aparência. Não agregamos nada em preço e ainda temos o encargo.
Aliás encargo que deve ser suportado pelos governos federal e estadual que são os maiores interessados na exportação e, por isso, devem socializar o custo.
Quanto ao art. 12 da MP 66, a demora demonstra que o Sr. Everardo Todo Poderoso Maciel, virá com alguma novidade tipo reduzir a alíquota de IRF para 1,65%. Por que não dizem agora? As eleições e a indignação do setor primário são os inibidores. Podem escrever: ou o setor segue pressionando forte, ou o governo enfia-nos goela abaixo a taxação. Como dizia o Tancredo Neves (depois da campanha das diretas já): Não vamos nos dispersar. Isso é com que eles contam.
Aristeu
Gostaria de parabenizar o autor pelo artigo.
Nós pecuaristas necessitamos de defender nosso sustento, pois senão, esta rastreabilidade resultará em benefícios para muitos, menos para nós.
Precisamos trabalhar para que a rastreabilidade não se torne mais um custo e o pior, quase que como obrigação para vendermos bois futuramente e sem nenhum valor agregado na arroba vendida.
Quando iniciou-se os abates de Novilho Precoce recebíamos um benefício significativo, hoje o animal não precoce é o que vale menos. Será que se nós pecuaristas não nos unirmos e lutarmos pelos nossos direitos, a rastreabilidade não se tornará mais um custo de produção?
Meu gado já está certificado faz mais de 30 dias, e quando fui perguntar para o comprador do frigorífico, o quanto a mais me pagariam pelo meu gado rastreado, ele simplesmente respondeu “Que só pagaria o custo da rastreabilidade”, agora pergunto? Que vantagem levo nisso, só mais trabalho, e nada mais…………..desse jeito esse programa de rastreabilidade, está muito longe de dar certo…….
A arroba do boi, nunca esteve tão baixa como está agora, apesar de estarem pagando seus 51,00 / 52,00 /@, mas, em relação ao Dólar, só esteve nesses patamares em 1988, O QUE O GOVERNO ESPERA? Que nós produtores continuem bancando a política deles, eles inventam leis para nós seguirmos, e problema nosso…………..tá tudo errado., vamos ver até quando………