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Tratamento dos resíduos da colheita de sementes para alimentação de bovinos de corte

A bovinocultura de corte, nos últimos anos, vem sofrendo redução nos lucros finais da atividade, devido ao aumento dos custos de produção e a estabilização do valor do produto final. Com isso, a utilização de resíduos agroindustriais para alimentação de bovinos passou a ser uma boa alternativa para a produção de carne, além de ser uma boa solução para os problemas ambientais causados por esses resíduos. Porém, para a utilização de resíduos na alimentação de bovinos, devem ser levados em consideração os seguintes fatores: a proximidade da produção de resíduos e dos animais a serem alimentados (conservação), características nutricionais do produto, custo de transporte e necessidade de processamento dos resíduos.

Na produção de cereais e de sementes de forrageiras, são produzidas grandes quantidades de resíduos, que na maioria dos casos, são incorporadas ao solo ou queimadas, sendo utilizada na alimentação animal uma pequena parte desse total. A produção de sementes de forrageiras aumentou muito nos últimos anos, devido ao aumento nas áreas de pastagens cultivadas, principalmente na região centro-oeste.

A colheita de sementes pode ser feita pelos métodos de colheita “no cacho” ou “no chão”. No caso do método de colheita “no cacho”, as sementes são colhidas diretamente do cacho das inflorescências, enquanto que na colheita “no chão”, utilizam-se ceifadeiras e ancinhos, com posterior sucção das sementes do chão e beneficiamento.

Após a colheita das sementes, o resíduo passa a ser um transtorno para os produtores, pois apresenta grande volume, podendo chegar a 10-15 ton/ha. A permanência dessa palhada no campo vai causar alguns problemas para a produção do ano seguinte, como impedir o perfilhamento vigoroso, levando à queda na produção. Freqüentemente, essa palhada é queimada, causando grande poluição atmosférica. Uma outra alternativa para o destino dessa palhada seria a alimentação de bovinos.

O baixo valor nutritivo desses resíduos é uma das causas para a sua pouca utilização como ingrediente na dieta de ruminantes. Esses resíduos apresentam baixos teores de proteína bruta, e altos teores de fibra: fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA). Apresenta também, baixa digestibilidade, tendo um consumo reduzido pelos animais. Dessa forma, a utilização de resíduos para a nutrição de ruminantes fica restringida às situações de escassez de alimentos ou para as categorias menos exigentes.

O tratamento químico desses resíduos com amônia anidra ou com uréia, aumenta tanto a digestibilidade e o teor de proteína bruta como a ingestão e a retenção de nitrogênio pelo animal, aumentando assim, a eficiência de utilização dos mesmos na nutrição de bovinos de corte.

Além dos tratamentos químicos para a melhora da qualidade desses resíduos, pode-se fornecer algum tipo de suplemento protéico, juntamente com a palhada, para a melhora das condições de fermentação ruminal.

Tratamentos químicos

Na utilização de tratamentos químicos como amonização com amônia anidra ou uréia, ocorre melhora na digestibilidade devido à expansão da fração fibrosa e aumento no conteúdo total de nitrogênio, principalmente devido ao aumento de nitrogênio não protéico (NNP). Além das alterações na porção fibrosa, também ocorrem alterações na quantidade de carboidratos fermentescíveis e na coloração, ficando mais escuros.

Em dois trabalhos com tratamento de palhadas de gramíneas tropicais (após maturação das sementes) com amônia, foram mostrados os efeitos positivos dessa tecnologia. No trabalho de Rosa (1999), ficou evidente que o tratamento com 3 % de amônia produziu melhores resultados que o tratamento com 5,4%, tanto para palhada de braquiária brizanta como de decumbens (Tabela 1). No trabalho de Reis et al. (1990), o tratamento de palhada de braquiária decumbens com 3% produziu melhores resultados do que o tratamento com 1,5% (Tabela 2).

Tabela 1 – Composição química de gramíneas tropicais colhidas após a maturação das sementes, não tratadas e amonizadas

Tabela 1

*HEM: hemicelulose
*CEL: celulose
*DIVMS: digestibilidade in vitro da matéria seca
Fonte: adaptado de ROSA, B. (1999)

Tabela 2. Efeitos da amonização sobre a digestibilidade aparente do feno de Brachiaria decumbens

Tabela 2

Fonte: REIS et al. (1990)

Os dados acima nos permitem concluir que resíduos volumosos amonizados apresentam qualidade semelhante à de fenos de qualidade média, com 55% NDT. Permitem também verificar que a recomendação seria o uso de 3 % de amônia anidra, base seca. Para a utilização dos métodos de tratamento químico de volumosos, deve ser feita uma análise do custo / benefício, considerando os custos de aquisição e aplicação do produto químico, os custos de transporte e de manipulação dos resíduos, e o valor nutricional final obtido comparado com outras fontes de volumosos.

Referências Bibliográficas

ROSA, B. Aproveitamento de resíduos agroindustriais na alimentação de bovinos de corte. In: Simpósio Goiano sobre produção de bovinos de corte. p. 153-161, 1999.

REIS, R.A.; GARCIA, R.; SILVA, D.J. Efeito da aplicação da amônia anidra sobre a digestibilidade do feno de capim brachiaria (Brachiaria decumbens). Rev. Soc. Bras. Zoot., v. 19, n. 3, p. 201-208, 1990.

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