Troca de pasto por plantio de soja eleva arroba do boi no PR

Para a maioria dos produtores rurais da região de Campo Mourão (PR), a substituição de áreas de pasto pela soja já virou rotina. Reflexo direto da boa rentabilidade do grão nos últimos anos, a troca da pecuária pela agricultura vem fazendo com que a região seja uma das principais produtoras de soja do estado. No entanto, a redução das áreas de pastagens no interior paranaense pode acarretar na elevação dos preços da carne ao consumidor.

“Isso já é um fato. Desde que as pastagens começaram a diminuir, o preço da arroba do boi quase dobrou nos últimos 12 meses”, verificou o agricultor Dionei Martins Pereira. Ele lembrou que, até 2002, a arroba era comercializada por até R$ 38. Hoje o preço subiu para R$ 60. Produtor rural no município de Mamborê, 36 quilômetros de Campo Mourão, Pereira já reduziu os dez alqueires de pasto que mantinha até o ano passado para apenas dois alqueires. Segundo o agricultor, a idéia é aumentar ainda mais a área de soja para a safra 2003/ 2004.

O mesmo ocorre com o produtor Albino Néspolo, de Campo Mourão. Hoje, com uma área preparada para o cultivo de 100 alqueires de soja, o agricultor disse que, ano a ano, vem retirando parte do pasto para plantar o grão. “De tanto ampliar o cultivo me restou apenas meio alqueire de pasto”, contou. Ele ressaltou que a cultura tornou-se tão atrativa que o gado na região acabou sendo “inviável”. “A soja virou ouro”.

De acordo com o engenheiro agrônomo Erikson Camargo Chandoha, chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Agricultura do Paraná, em Campo Mourão, a diminuição das áreas de pastagem em todo o estado é bastante significativa, principalmente na Região Noroeste, onde o arenito vem despertando a atenção de donos de propriedades rurais para o plantio da soja. “50% do que era pasto até a década de 70, acabou virando soja”. Entretano, Chandoha ressaltou que, embora as áreas diminuam, o rebanho paranaense, que hoje gira em torno de dez milhões de cabeças, não foi reduzido. “Nos últimos cinco anos nosso rebanho tem permanecido estável”.

Fonte: Gazeta do Povo/PR (por Dilmércio Daleffe), adaptado por Equipe BeefPoint