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UE: Brasil é rebaixado em avaliação de risco para EEB

Em documento recentemente publicado pela União Européia, o Brasil é considerado risco 2 para EEB, ou doença da “vaca louca”. A avaliação leva em conta número de animais e materiais de risco importados de países com incidência de EEB. Além disso, avalia as medidas de prevenção adotadas pelo país.

A avaliação é conhecida como GBR, abreviatura em inglês para avaliação geográfica de risco de EEB. Segundo o documento da UE, risco 2 significa improvável, mas não desprezível.

O relatório do órgão oficial da UE responsável pela segurança de alimentos afirma que a avaliação de risco piorou devido a importações relativamente grandes de animais no período de 1991 a 1995, de países como Reino Unido.

O estudo também analisa a “estabilidade”, caracterizada como habilidade do país em “barrar” a disseminação do príon, na existência de animais infectados. O Brasil é classificado como “muito instável” até 2000 e “instável” até 2003, devido a fragilidades no controle de sub-produtos na alimentação de ruminantes, processamento de farinha de carne e remoção de materiais de risco especificado (ex.: medula).

O documento afirma que o banimento do uso de farinhas de sangue e carne foi reforçado depois de legislação específica, de fevereiro de 2001. É considerado “razoavelmente OK”. O processamento da farinha de carne e osso é considerado “não OK”, uma vez que a maioria das plantas não atende aos padrões internacionais mínimos de 20 minutos, temperatura de 133o e 3bar de pressão. A remoção de material de risco não especificado (sigla em inglês SRM) é considerada “razoavelmente OK”.

Segundo o documento, a vigilância brasileira em relação à EEB foi passiva de 1980 a 2000 e a partir de 2001 os europeus classificam como “alguma vigilância ativa” as medidas de monitoramente adotadas pelas autoridades brasileiras.

Os europeus ainda afirmam que se todos os animais importados forem abatidos para consumo, haverá incremento no risco. Afirma ainda que as autoridades brasileiras afirmam que todos os animais importados do Reino Unido e a quase totalidade de importações de outros países com alto risco de EEB não foram abatidos para consumo humano e a maioria foi enterrado nas propriedades. Os europeus afirmam que se essa afirmação não se manter, há chance de piora no risco brasileiro para EEB.

Vale lembrar que Uruguai, Paraguai, Argentina e Austrália, principais concorrentes do Brasil no mercado internacional, têm todos GBR 1, mais baixo risco para EEB, na avaliação feita pela UE.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Um mês antes do embargo canadense do início de 2001 comecei a pôr em dúvida a maneira como a Secretaria de Defesa Sanitária do Ministério da Agricultura vinha lidando com a prevenção à BSE (ou EEB – Encefalopatia Espongiforme Bovina), inicialmente em reuniões com pecuaristas, depois falando com jornalistas da Folha de São Paulo e Gazeta Mercantil.

    Aí deu-se o embargo e sustentei, como sustento até hoje, e tenho material suficiente para demonstrar que a CFIA – Agência Canadense de Inspeção de Alimentos não tinha alternativa senão fazer o que fez naquele momento, já que o Ministério brasileiro não atendia seu pedido de explicações.

    Depois disso, em algumas entrevistas, principalmente depois que surgiu um caso da doença nos EUA, continuei criticando a maneira como tratamos de um assunto tão crítico como esse, considerando que a abordagem deveria ser muito mais franca e que deveria haver muito mais divulgação do que ficar dizendo que nosso boi é verde.

    Considero esse um assunto para ser tratado por profissionais altamente qualificados que não se deixariam levar por essa conversa de “bois verdes”. É bom ter gado criado na sua grande maioria a pasto, sem jamais receber rações contendo produtos de origem animal? É óbvio que é, mas não basta.

    Se retomo o assunto nessa carta à redação do BeefPoint é só para dizer que os técnicos da área lá em Brasília ficam irritados com as minhas considerações a respeito do tema, mas eu continuarei dizendo o que eu penso e nem devem mais perder tempo em escrever para me “esclarecer” de nada.

    Defendo uma outra estrutura para lidar com as Encefalopatias comandadas por uma Comissão Científica Supraministerial, e uma Diretoria que tenha acesso fácil e constante ao Sr. Ministro, e verbas, muitas verbas do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia.

    Ou não vai adiantar gastar dinheiro da APEX com promoção às exportações nas feiras internacionais.

    Do meu ponto de vista, a ABCZ que é a maior e mais representativa organização da pecuária nacional não pode se omitir desse debate, ela própria deveria promover reuniões a respeito do tema pelo menos a cada seis meses para acompanhar as ações do governo.

  2. Paulo Sérgio Telles da Cruz disse:

    Desde 2002, para ser preciso, venho batendo na tecla de que o Brasil precisaria olhar com mais rigor os problemas relativos à sanidade animal.

    Desde décadas o sucateamento das forças de defesa animal tem sido uma constante.

    Como veterinário atuando há 33 anos, vi o enorme esforço feito nos anos 60 e 70 no que diz respeito a Inspeção de Produtos de Origem Animal. Tudo em vão. Aos poucos tudo foi sendo desmontado.

    Modernamente, parecia que o SISBOV seria o início de uma retomada no sentido de modernizar a pecuária e finalmente os órgãos de defesa terem algum controle sobre o processo. Pura ilusão. Não só descompuseram o SISBOV, como as prometidas reformas até agora não vieram.

    Sinceramente, até melhor que não tenham vindo, pois se fosse para fazer o que vi circular recentemente, como rascunho, teríamos aí motivos para chorar, ou rir… Sei lá.

    Quem sabe, com a reforma política que terá que vir, dado o grave momento que vivemos, possamos ter um serviço público menos dependente das nomeações dos cargos de confiança e mais centrado nos de carreira. Esta é uma das providências que em todos os níveis o país está a exigir.

  3. Guilherme Marques disse:

    Meu nome é Guilherme Marques, sou Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura, e respondo pelo Programa de Prevenção da Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB.

    Venho informar aos leitores do BeefPoint que caso tenham interesse de conhecer as ações executadas pelo MAPA para prevenir a Doença da Vaca Louca no Brasil devem acessar o site (www.agricultura.gov.br), ou encaminhar as dúvidas para o email do programa (pncrh@agricultura.gov.br).

    Somente para tranquiliza-los, me cabe ressaltar que a reclassificação do Brasil em relação à EEB, foi feita pela União Européia que alterou o risco Brasil de GBR I para GBR II, que significa: “improvável a possibilidade de ter casos clínicos ou pré clínicos da EEB”.

    O reconhecimento anterior (GBR I) significava: “altamente improvável a possilbidade de ter casos clíncios e pré-clínicos de EEB”.

    Como os senhores podem perceber é uma mudança muito sutil e que provavelmente não causará restrições comerciais para aqueles países. Tal mudança se deu principalmente pelo fato do Brasil ter importado nesses últimos 20 anos milhares de bovinos dos EUA e Canadá, que na época não eram considerados como de risco para EEB.

    O MAPA está promovendo uma análise de risco brasileiro, com consultores nacionais e internacionais, visando submeter perante a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) o pleito de país de risco neglicenciável, que seria a melhor classificação de risco em relação a EEB.

    Como a OIE é composta por 167 países membros, a classificação emitida por ela é reconhecida por todos, mesmo porque esses países são signatários. Além disso, vamos também solicitar ao GBR da União Européia a reavaliação do Brasil, para que possamos o mais breve possível retornar ao GBR I.

    Diversas outras ações (vigilância ativa e passiva, treinamento, educação sanitária, remoção de material de risco, fiscalização das rações de ruminantes, adequação das graxarias etc) tem sido executadas pelo MAPA e órgãos estaduais de defesa.

    Caso os senhores tenham interesse convido-os a participar do VII SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE EEB que o MAPA promoverá nos dias 29 e 30 de setembro, com aulas teóricas e práticas, em Brasília/DF. As fichas de inscrição serão disponibilizadas no site do MAPA.
    Como pode ser observado temos trabalhado arduamente para assegurar a sanidade do rebanho brasileiro.

    Isso são fatos e não boatos oportunistas.

  4. André Luís M. Nunes disse:

    Olá meus amigos,

    Mais uma vez o Brasil, com todo o seu potencial produtivo, é colocado como se fosse irresponsável.

    Já temos consciência que somos grandes produtores, não só de gado, mas também de grãos (e estes também já sofrem embargos).

    Precisamos de alguém que esqueça um pouco os “mensalões” e trabalhe em prol da produtividade e do mercado para estes produtos.

    Não é justo o produtor ter que arcar com tantas taxas, serviços, produtos, datas, qualidade e tudo o mais e ser taxado de “pior que os vizinhos”.

    Saudações pecuaristas,

    André Luís Nunes
    Zootecnista

  5. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Na minha carta anterior, onde eu disse “e verbas, muitas verbas do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia.”, o correto é dizer “… do Fundo Setorial do Agronegócio”.

    Quanto à tentativa do Dr. Guilherme Marques de desqualificar a crítica, referindo-se a “boatos oportunistas” não pretendo polemizar. Ele não me compreende, muito embora eu tenha muito respeito pelo trabalho que ele desenvolve com os escassos recursos a que tem acesso; não creio que algum outro profissional pudesse fazer melhor do que ele faz.

    Apenas lembro que se agora o rebaixamento no GBR, de 1 para 2, é uma “mudança muito sutil e que provavelmente não causará restrições comerciais”, não era o que ele pensava no final do ano passado quando apresentou palestra em reunião do Fórum Nacional da Pecuária.

    Constava de um de seus slides, e eu anotei, o seguinte: “Provavelmente o Brasil será categorizado com GBRII (Improvável, porém não descarta a possibilidade de ter casos clínicos ou pré-clínicos de EEB (…). Isso implicará em reavaliações do Brasil por outros blocos econômicos”.

    Oxalá o Dr. Guilherme esteja certo e tudo não passe de “boato oportunista”, porque se não for, o que será de nós?