Veterinários do governo da Irlanda chegaram à conclusão de que o produto brasileiro não atende às exigências sanitárias e vão sugerir à UE que as autoridades do bloco tomem medidas contra as carnes brasileiras. Caso a UE não tome providências, os fazendeiros irlandeses prometem ir à Corte Européia para pedir a adoção de barreiras contra o Brasil.
Cresce a pressão na Europa por restrições contra a carne bovina do Brasil. Nesta semana, veterinários do governo da Irlanda chegaram à conclusão de que o produto brasileiro não atende às exigências sanitárias e vão sugerir à UE que as autoridades do bloco tomem medidas contra as carnes brasileiras. Caso a UE não tome providências, os fazendeiros irlandeses prometem ir à Corte Européia para pedir a adoção de barreiras contra o Brasil.
As autoridades européias estão avaliando a política de controle fitossanitário do Brasil e afirmam estar conscientes da pressão irlandesa e de outras cooperativas regionais que também pedem medidas protecionistas. Até o final deste mês, devem indicar o que ainda deve ser modificado no controle de resíduos para que os produtos nacionais não sofram embargos. A possibilidade de impor restrições existe.
Além da pressão do setor privado, o setor público começa a se manifestar. Segundo a ministra da Agricultura da Irlanda, Mary Coughlan, seus funcionários concluíram que a carne brasileira não segue os padrões europeus.
Para o setor privado, não é justo que a UE cobre da Irlanda um padrão mínimo para exportar para os demais países do bloco europeu, enquanto permite que a carne brasileira continue entrando em condições consideradas no país como “inadequadas”.
Segundo a Associação Nacional dos Fazendeiros da Irlanda, a situação relativa à febre aftosa no Brasil está “fora de controle” em algumas regiões como na fronteira com o Paraguai. Para os lobbistas, a importação de carne brasileira para o mercado europeu “é um risco desnecessário para a saúde da população”.
De acordo com o pesquisador do Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Rodrigo Lima, a questão não é tão simples, porque a UE teria dificuldade em encontrar fornecedores que a abasteçam na quantidade relativamente grande e nas mesmas condições de preço que consegue com o Brasil. “Ela vai fazer o quê? Não dá para a Austrália abastecer tudo”, disse. As informações são do Estadão/Agronegócios.
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O que os pecuaristas europeus acham da presença da carne brasileira no mercado europeu, tudo mundo sabe. Não há muita novidade nessa história. As pressões do lobby do setor varejista europeu sobre as autoridades européias e a favor de uma maior abertura do mercado são tão fortes (mas mais discretas) quanto as pressões tradicionais dos pecuaristas do velho continente.
Hoje, dá para se dizer que o grande varejo está pronto para organizar pelo menos operações de promoção da carne brasileira nas grandes cidades (inclusive da França !). Na realidade, o mercado europeu está mudando. E as declarações de pecuaristas europeus conservadores visam esconder isso. Resta a questão da seriadade da gestão do risco sanitário no Brasil. Isso é sim um problema sério que deve ser tratado para responder da maneira mais concreta aos argumentos dos pecuaristas da Irlanda ou da França.
Abraço,
JY Carfantan
Desconheço a situação do abastecimento de carne vermelha no Reino Unido como um todo. A carne brasileira está estabelecendo um novo patamar de preço nos mercados europeus, em que pesem as tarifas protecionistas. Sentindo-se prejudicados, os produtores e os abatedores lançam mão de todo o recurso disponível para afastar a concorrência do Brasil. Ora é a aftosa, ora é a floresta amazônica, ora o seqüestro de carbono, ora é a higiene dos nossos frigoríficos.
De nossa parte, já inventamos uma trapalhada para tentar satisfazer os consumidores europeus. Refiro-me ao Sisbov que não vai adiantar muito. Com brinco ou sem brinco, temos que achar meios de obter pelo menos uma fatia desses mercados. Por vezes a matéria vai bater no Itamaraty, então….pecuaristas, abatedores e exportadores têm que juntar forças para superar essas dificuldades do presente e do futuro. Não tenhamos ilusões: os produtores de carne entreverada da Grã Bretanha não vão arriar armas tão fácil. Seus custos são muito altos e há uma tradição criatória “britânica” difícil de alterar”.
Sobre esse assunto do protecionismo dos fazendeiros europeus, vai continuar. Como já foi comentado por alguns articulistas em artigos anteriores, ora é a questão sanitária, a floresta amazônica, seqüestro de carbono, SISBOV e outras razões que eles poderão inventar de uma hora para outra.
O que temos que fazer é trabalhar sério nos aspectos não somente no combate a Febre Aftosa, como também em outras enfermidades como a TBC e a brucelose. Além disso, difundir as novas técnicas de manejo, buscando enviar para o abate animais mais precoces e com carcaça padronizada.
Recentemente estive na Europa e lá já estão surgindo as churrascarias de rodízio. Posso afirmar que as que utilizam carne brasileira o sabor é bem melhor. O europeu sabe que a nossa carne é produzida a custo menor que em qualquer país do mundo e que ela é mais saborosa, e criada a pasto, sem confinamento ou outros aditivos suplementares para engorda e terminação. Temos que continuar trabalhando sério, buscando a meta da qualidade do produto, quer na sanidade, como na produção e no custo final.