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UE e Mercosul negociarão acordo de livre comércio

A Europa e os países do Mercosul retomam, em Madri, as negociações para um acordo de livre comércio entre os dois blocos, iniciadas em 1999. A negociação será o principal tema da 6.ª Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, na capital espanhola. A iniciativa é vista com ceticismo pelo Brasil, já que um grupo de sete países europeus, liderado pela França, já tentava minar as discussões antes mesmo da reabertura da reunião.

A Europa e os países do Mercosul retomam, em Madri, as negociações para um acordo de livre comércio entre os dois blocos, iniciadas em 1999. A negociação será o principal tema da 6.ª Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, na capital espanhola.

A iniciativa é vista com ceticismo pelo Brasil, já que um grupo de sete países europeus, liderado pela França, já tentava minar as discussões antes mesmo da reabertura da reunião. O anúncio oficial da retomada das negociações será feito pelo presidente do governo espanhol e presidente rotativo da União Europeia, José Luis Rodríguez Zapatero, e pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que acumula a presidência do Mercosul no período.

Ontem, porém, o líder espanhol confirmou o reinício dos debates. “Nós decidimos retomar as negociações com vistas a um acordo ambicioso e equilibrado”, disse Zapatero, destacando o potencial positivo para a economia europeia. “Um acordo de livre comércio representaria a cada ano 5 bilhões de euros suplementares em exportações da UE para o Mercosul e do Mercosul para a UE.”

Zapatero criticou ainda as intenções contrárias, que possam impedir o acordo. “Face a toda tentação protecionista, a melhor resposta à crise econômica é a abertura comercial”, argumentou. O espanhol foi além, pedindo um entendimento amplo entre os países latino-americanos, de forma a ampliar o Mercosul e a potencializar os efeitos de um acordo com a UE. “Eu apoiaria de maneira determinada uma União Latino-Americana”, reiterou.

Sem grandes expectativas. A defesa veemente por Zapatero de um compromisso entre os dois blocos visa a neutralizar as críticas que as negociações já sofrem antes mesmo que as discussões sejam reabertas. Há cerca de um mês, um grupo de sete países europeus – França, Áustria, Finlândia, Grécia, Hungria, Irlanda e Polônia – lançou um manifesto contrário à retomada dos debates.

“Esse anúncio é um sinal muito ruim para a agricultura europeia, que já está confrontada com desafios muito importantes”, afirmou o grupo em nota oficial, na qual deixa claro que deseja “não criar em grandes parceiros expectativas que não poderemos satisfazer”. “As ambições e interesses das duas partes não parecem permitir o progresso dessa negociação lançada em 1999, além de tentar novas concessões agrícolas europeias, o que seria inaceitável.”

A advertência do grupo liderado pela França faz o governo brasileiro se mostrar cético em relação às possibilidades de sucesso da rodada. Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, disse ontem, em Madri, que o que terá início são “discussões informais”, e não negociações. “Vai ter conversa. A negociação eu não sei se vai ter. Mas vai ter conversa. Podemos conversar e não negociar. Vai depender muito da posição de alguns países aqui.”

Miguel Jorge foi claro ao expor os motivos do ceticismo. Para ele, a posição contrária da França, que define como “absolutamente decepcionante e surpreendente”, pode ser determinante para o bloqueio da rodada. “Como negociar com a posição contrária da França é justamente o que vamos saber amanhã (hoje).”

Mesmo que a Espanha seja bem-sucedida em sua tentativa de reabrir o diálogo entre UE e Mercosul, nada garante que as negociações possam chegar com sucesso ao fim. Nem mesmo um calendário para o debate foi estabelecido. Zapatero prevê que as primeiras rodadas diplomáticas de discussão possam ocorrer até julho.

A matéria é de Andrei Netto, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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