A União Européia entrega hoje relatório da inspeção que fez no Brasil sobre as condições sanitárias no setor de carnes. O governo tem certeza de que os europeus vão ser duros nas exigências ao Mapa, principalmente no que se refere à rastreabilidade dos animais.
Devem exigir que o país cumpra o que está na lei da rastreabilidade, que determina que os animais que vão para o abatedouro e depois para exportação, sejam rastreados há pelo menos 40 dias.
Os europeus devem pedir, ainda, que os animais transferidos de áreas não-habilitadas para UE, para as habilitadas, só sejam abatidos após 90 dias.
O Mapa sabe que os europeus vão ser duros porque essa é a forma de imporem barreiras ao produto brasileiro e limitar as exportações. Essa atitude já era esperada, principalmente depois das perdas que tiveram nas disputas com o Brasil na OMC.
O secretário da Defesa Agropecuária do ministério, Gabriel Alves Maciel, diz que o país precisará de um plano B para atender às exigências de rastreabilidade. A intenção dos pecuaristas era adiar o cumprimento dessas medidas até 2006.
Vigilância sanitária e movimentação de animais também vão ser itens constantes do relatório, segundo Maciel. Os europeus querem saber se o país está apto a controlar a passagem de animais de áreas não-livres de aftosa para as livres. “Temos dificuldades”, admite Maciel. Mas, para ele, o Brasil deve reconhecer essas falhas e apresentar soluções práticas.
Na visão de Maciel, é preciso muita atenção com o setor de carnes, que é extremamente importante para o país. As receitas com as exportações do setor deverão superar as do complexo soja.
Para o secretário, no entanto, alguns setores do próprio governo não reconhecem essa importância. Ele se refere à busca constante de superávit primário e de cortes de verbas para a agricultura.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Mauro Zafalon), adaptado por Equipe BeefPoint