O atual déficit de carne bovina na União Européia (UE), que foi por muito tempo considerado como salvador do setor de carne bovina da Irlanda, está agora levando a indústria do país a uma derrocada, de acordo com o presidente do Meat Industry Ireland (MII), Ciaran Fitzgearld.
“A carne bovina brasileira está agora preenchendo o espaço no mercado da UE e fazendo uma enorme pressão nos preços da carne bovina local”.
Segundo ele, a Comissão Européia tem recursos para restaurar alguma ordem no mercado. “Algum tipo de mecanismo precisa ser colocado em prática para garantir que a carne bovina sul-americana não continue tendo um sério efeito prejudicial no comércio europeu”.
Fitzgearld disse que o comissário da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescado da UE, Franz Fischler, vendeu o conceito de que o regime de pagamento único para fazendas com base no déficit no mercado de carne bovina resultaria em maiores preços para bovinos de qualidade. “Todas as análises realizadas previram melhores preços, mas nós fomos deixados agora em uma situação onde os produtores precisam pagar muito caro pelos bovinos na primavera e não estão obtendo retorno agora”.
O MII criticou a Associação de Produtores Rurais da Irlanda (IFA) por ter realizado protestos na semana passada devido à importação de carne bovina brasileira. “Embora eu possa entender sua frustração, desordens não funcionam. Eu não acho que ações como esta conseguirão nada para os produtores que estão tentando vender seu gado”.
Ele disse que um dos principais problemas da carne bovina brasileira é o preço, cuja comparação com a carne bovina irlandesa é dramática. “A carne bovina brasileira é pelo menos três vezes mais barata. Os processadores de carne bovina há anos enfrentam a carne bovina, mas nunca em uma extensão como a que estamos vendo agora”.
Ao mesmo tempo, o presidente da IFA, John Dillon, criticou a campanha Feile Bia do Bord Bia (Irish Food Board) – campanha que enfatiza a importância da denominação da origem dos alimentos em hotéis, restaurantes, lanchonetes e outros locais do país – dizendo que a organização precisa expandir essa campanha para incluir todos os restaurantes, hotéis, lanchonetes e estabelecimentos de bufês do país.
Falando no AIB National Livestock Show em Tullamore no domingo, o presidente da IFA que faz parte da diretoria do Bord Bia, disse que com mais de 14 mil estabelecimentos vendendo alimentos aos consumidores irlandeses, o Feile Bia precisa rapidamente expandir de sua base existente de 1400 estabelecimentos para resolver o problema da importação.
Ele informou sobre os estabelecimentos alimentícios onde a IFA irá instalar um amplo programa de teste do país de origem da carne bovina durante os próximos meses e criticou aqueles que vendem produtos que não têm origem na Irlanda.
Dillon também criticou o Departamento de Agricultura por fechar dois terços dos pequenos abatedouros da Irlanda e remover a competição essencial para o comércio de carnes e animais domésticos. Ele disse que são necessárias medidas concretas para que a indústria irlandesa recupere os 30% do mercado doméstico de carne bovina perdido para as importações.
“O fato é que o Departamento fechou mais de 500 pequenos abatedouros desde o início dos anos noventa, com somente 276 agora em operação. Ao mesmo tempo, as importações de carne bovina aumentaram dramaticamente para 30 mil toneladas no ano passado e agora representam quase um terço de nosso mercado doméstico”.
Ele disse que os dados ao comércio resultados da política do Departamento nesta área foram de mais de 60 milhões de euros (US$ 73,61 milhões) do valioso mercado de carne bovina para os importadores. Dillon pediu mais uma vez que o Ministério da Agricultura introduza um sistema de rotulagem do país de origem.
Em 18/08/05 – 1 Euro = US$ 1,22690
0,81506 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
Fonte: Unison.ie (por Maeve Dineen), adaptado por Equipe BeefPoint
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Gostei muito do artigo, infelizmente nem todos tem acesso a tais informações é importante que tudo isso seja divulgado. Este tipo de mecanismo adotados por alguns países é desleal e injusto.