A mais nova crise financeira internacional tão falada e lamentada foi financeira e especulativa, não tendo sido provocada pelo trabalho e produção. Aí poderá estar para o Brasil, um novo filão.
A mais nova crise financeira internacional tão falada e lamentada foi financeira e especulativa, não tendo sido provocada pelo trabalho e produção. Aí poderá estar para o Brasil, um novo filão.
Com essa compreensão surge a nova oportunidade para mostrar a capacidade dos produtores e inovar o agronegócio da carne na Bahia. É o momento exato de pensar o futuro e utilizar mais a nossa energia, enquanto o cenário externo é de paralisia. A nossa hora é agora.
A tradição de pecuária na Bahia, que remonta ao pioneiro e lendário Garcia D’Ávila, tem uma lógica ecovocacional. Com cerca de 2/3 da sua área inserida no semi-árido, o nosso Estado possui, em vários municípios, a pecuária (bovinocultura e/ou ovinocaprinocultura) como a atividade produtiva relevante, às vezes única. Vale sempre lembrar e refletir.
Feira de Santana, portal do sertão e a maior cidade do interior do estado, por exemplo, deve à força do comércio do gado a partida para o seu estágio atual de município com uma economia mais diversificada. Precisamos, no entanto, para a continuidade desse desenvolvimento, inovar e sintonizar na estação do novo tempo.
A recente EXPOFEIRA 2009, tradicional vitrine da pecuária baiana e encontro fraterno dos fortes e abnegados produtores sertanejos, demanda algumas reflexões em busca do progresso e desenvolvimento sustentável da nossa Bahia.
O universo dos produtores do nosso estado compreende desde os criatórios familiares até os grandes rebanhos da pecuária empresarial. Diversificado, o agronegócio da carne na Bahia é uma atividade imprescindível para a geração de trabalho e renda no interior.
O conceito moderno do agronegócio, vale sempre lembrar, contempla o que fica antes (pesquisa e desenvolvimento, fornecedores de insumos, logística), dentro (produção rural) e depois (agroindústrias, distribuidores e varejo) da porteira.
Poucos, no mundo, podem produzir o boi verde, o brasileiro boi de capim que não disputa os grãos com a alimentação humana. Faz o inverso, do inaproveitável pelo homem, como uma usina viva, transforma isso em alimento.
O tempo não pára. O mundo mudou.A boiada precisa de uma nova estrada. A inovação é a trilha moderna para um processo de desenvolvimento sustentável e adequado ao cenário competitivo contemporâneo.
Inovação não é um assunto privativo da alta tecnologia, das grandes corporações ou da academia. A visão moderna de fazer o novo, não precisando ser uma invenção, pode ser aplicada a todos os segmentos, inclusive à cadeia produtiva da carne.
Precisamos fortalecer e modernizar o setor industrial da carne na Bahia. Fomentar os novos processos e tecnologias para agregar valor e estimular o processamento da matéria prima boi gordo. Precisamos sair do estágio atual, ainda colonial, da carne, bucho e couro. Inovar em produtos e aproveitar melhor os subprodutos.
Inovar é, também, repensar a forma de relacionamento entre fornecedores de insumos, pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e o varejo, enfim entre todos os integrantes da cadeia produtiva. O atual cenário de disputa precisa evoluir para o moderno cenário negocial do ganha-ganha, onde todos conseguem a sua correspondente fatia, compartilhando bons resultados, praticando preços justos e viáveis, vendendo para muitos, por muito tempo e por todo o tempo. Não se constrói nada sozinho.
Esse fomento à inovação deverá vir do poder público, com a visão moderna de ser o indutor do desenvolvimento, atuando como o agente da interação e integração das pesquisas universitárias, na agronomia, zootecnia, veterinária, mercadologia, logística e engenharia de alimentos, com os demais elos da cadeia produtiva. A pesquisa deve caminhar desde as bancadas, das estantes e das memórias dos computadores acadêmicos ao encontro dos anseios desenvolvimentistas da sociedade.
Para esse ou outro conjunto de iniciativas desenvolvimentistas, no entanto, precisam ser bem conhecidas as demandas setoriais. Os integrantes da cadeia produtiva e suas entidades de classe precisam fazer o bom uso da palavra. O bom bezerro, hoje em dia, é o que berra, em alto e bom som.
Não existem donos da verdade. O espírito deste texto é democrático e de fomento ao debate e ao intercambio das idéias. O tempo não pode parar e inovar é preciso. Não devemos esperar o amanhã, o futuro é hoje e agora.
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Prezado Paulo,
Parabéns pelo artigo. Precisamos realmente “sair da moita” e lutar em prol da pecuária baiana, que anda bastante esquecida pelo setor público.
Políticas públicas ligadas ao aumento da produditividade das pastagens, estão diretamente ligadas à diminuição dos desmatamentos.
Abçs,
Dermeval Flores
Prezado Dermeval Flores Neto
Grato por suas considerações.Participar e inovar é preciso.Assim começa a abertura de uma nova estrada, indicando rumos.
Uma política pública para melhoria do índice de lotação através de um forte ,eficiente e eficaz Programa Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas é a solução óbvia e sustentável para minimizar ou até zerar os desmatamentos.
Para isso precisamos de eficiente extensão rural e tecnológica acompanhadas de uma política de crédito compatível e viável com as atividades agropecuárias, com taxas e prazos adequados às regiões e níveis produtivos.
Mais ação e menos locução.Preservar e produzir.A nova estrada passa por aí.
Saudações Sertanejas.
Paulo Cesar Bastos.
Seria muito importante para o país. Parabens.
Prezado Álvaro Belotto Júnior
A hora do Brasil é agora.Precisamos produzir e preservar, inovando e avançando no manejo e tecnologia.Novos caminhos adequados aos novos tempos.
A nova estrada da boiada é construída por todos.Não se constrói nada sozinho.
Grato por sua participação e considerações.Valeu.
Saudações
Paulo Cesar Bastos