A União Européia (UE) decidiu que não voltará a comprar carne argentina pelo menos até fevereiro do próximo ano, pois ainda não tem uma análise completa sobre os resultados obtidos com o controle da febre aftosa na Argentina. Este informe foi dado pelo secretário da Agricultura da Argentina, Marcelo Regúnaga, que enfatizou que a decisão dos europeus será favorável e que o país poderá retomar suas exportações de carne, depois de 11 meses de veto.
Em entrevista ao Jornal Clarín, Regúnaga afirmou que o Comitê Veterinário da UE não analisará hoje, em Bruxelas, o caso argentino, como era esperado, tanto por parte do governo como por parte da iniciativa privada. O motivo apresentado pelo comitê foi que não tinha recebido o relatório elaborado pela comissão de técnicos europeus que inspecionou a situação sanitária da Argentina em novembro.
Segundo declarou o secretário o ocorrido não vai prejudicar em nada a abertura do mercado. “Simplesmente o relatório não foi recebido”, diz. Ele acredita que o Comitê Veterinário reabrirá o mercado aos exportadores de carne argentinos no próximo encontro.
O problema é que o Comitê não voltará a se reunir até meados de janeiro, devido às festividades de final de ano. Caso o veredicto seja finalmente favorável à Argentina, os embarques poderão ser retomados após um mês. Assim sendo, o País terá ficado onze meses sem exportar carne bovina a seus mercado históricos, uma vez que tanto a UE, como EUA, Canadá, Chile e Israel proibiram suas importações desde 12 de março, quando o governo argentino admitiu a presença da doença.
“É uma notícia péssima para terminar um ano muito ruim”, resumiu o vice-presidente da Confederação Rural Argentina (CRA), Mario Llambías, ao tomar conhecimento desta nova prorrogação. Desde o fechamento dos mercados, segundo dados da Câmara da Indústria da Carne (CICCRA), a Argentina perdeu cerca de US$ 400 milhões em exportações, enquanto o preço do gado caiu devido à superoferta de carne no mercado interno. De fato, em novembro houve uma queda de 23,4% em relação ao preço praticado no mesmo mês do ano passado.
A rigor, a Argentina dominou quase por completo a epidemia de febre aftosa e, neste momento, se registra apenas um foco ativo da doença. Durante a visita dos técnicos europeus pediram ao governo que garantisse uma rápida vacinação de todo o rebanho argentino, de cerca de 50 milhões de animais.
“O programa de vacinação está se completando, haja visto que 94% do rebanho já foram vacinados”, menciona o secretário, ressaltando que antes do final do ano o trabalho estará finalizado.
A prorrogação da abertura do mercado europeu complicará ainda mais a situação dos frigoríficos exportadores, que terão apenas cinco meses para completar os embarques que constam da Cota Hilton 2001/02.
Brasil
Por enquanto, quem ganha com o embargo são os exportadores do Brasil, que estão conquistando antigos clientes dos argentinos na Europa. Em 2000, a UE comprou 40% das exportações nacionais do produto, que somaram 700 milhões de dólares. Atualmente, as vendas do Brasil são superadas apenas pelos Estados Unidos e Austrália, ainda preferidos na UE.
No ano passado, enquanto a produção brasileira foi de 6,8 milhões de toneladas, a argentina ficou em 1,2 milhão de toneladas.
Fonte: E-campo, Clarín e Correio do Povo, adaptado por Equipe BeefPoint