A carne uruguaia é uma das melhores do mundo e a trajetória de abate de animais cada vez mais jovens continua acentuada, refletindo o investimento e a intensificação produtiva, que veio para ficar. Segundo dados do Instituto Nacional da Carne (INAC), em 2022 serão abatidos 25% menos novilhos com 8 dentes e prevê-se um crescimento de novilhos de 2 para 4 dentes, aproximando-se das 700.000 cabeças. Isto significa que juntamente com a categoria dente de leite completaram 70% dos novilhos, segundo Jorge Acosta, Gestor de Informação do INAC, ao apresentar a reestruturação do abate anual de bovinos.
No caso das novilhas, os níveis de abate são semelhantes aos de 2021, para os quais se estima ultrapassar as 320.000 cabeças, ao mesmo tempo que se observa uma queda na industrialização de animais adultos.
A consolidação do abate de animais cada vez mais jovens também está ligada aos confinamentos. Ao final de 2022 haverá um aumento de 13% em relação ao ano anterior, mas fechará com um crescimento de 19% em novilhos e 13% a menos em novilhas. O INAC estimou que o abate de bovinos confinados ultrapassará as 350 mil cabeças, ou seja, cerca de 15% do total de animais abatidos.
Em nível global, o abate de bovinos cairá entre 7% e 9% em relação a 2021, mas ficará acima de 2,4 milhões de cabeças. A industrialização no primeiro semestre do ano foi alta, com mais de 1,34 milhão de bovinos passando pelos frigoríficos e consequentemente acumulando mais de 56% do abate anual. O INAC destacou que estes números colocam 2022 acima da média dos últimos 20 anos (2,2 milhões).
Exportações
O setor de carnes voltará a bater um novo recorde no final de 2022. “Ao nível das exportações, elas ultrapassarão amplamente os US$ 3 bilhões em 2021 como resultado do aumento médio dos preços para venda no exterior”, disse Acosta. Isso representa um aumento de aproximadamente 10% em relação ao ano anterior, com um aumento menor na China (+4,85) que gerará receitas próximas a US$ 1,8 bilhão, valor que representa 56% das receitas totais e marca um aumento de US$ 200 milhões com o principal parceiro comercial do Uruguai.
O Uruguai estará exportando 520.000 toneladas de peso carcaça, ou seja, cerca de 50.000 toneladas a menos que em 2021 (9%), com queda de volumes em todos os mercados, exceto nos Estados Unidos, onde houve uma recuperação de 9,5%, mas com uma preço médio por tonelada superior ao que estaria fechando 2022 com uma média anual acumulada muito próxima de US$ 5.000 por tonelada.
Adesão ao TTP é uma etapa fundamental para a carne
“A adesão do Uruguai ao Acordo Transpacífico (TTP) é uma grande notícia para todo o setor produtivo e certamente para a carne”, disse o presidente do Instituto Nacional de Carnes, Conrado Ferber. “Agora temos que esperar que esse pedido seja aprovado, mas temos que nos preparar e fazer todo o trabalho necessário para cumprir as exigências deste acordo, que não são de todo impossíveis”, afirmou o chefe. Existem oportunidades comerciais para colocar carne nesses destinos.
De olho no Vietnã e na Indonésia
“O Uruguai exporta mais de 90% de sua carne para três mercados: China, União Europeia e Estados Unidos. Quando se olha para o mercado global, esse número não é de 90%, é de 50%. É claro que o Uruguai está super-representado em alguns lugares e sub-representado em outros”, explicou o Gerente de Conhecimento do INAC, Álvaro Pereira. “Isso a priori não é bom nem ruim, mas merece análise”, acrescentou. Pode ser uma situação desejada e o Japão é um exemplo válido, “o mercado mais habilitado e estamos colocando muita coisa lá, como é o caso das línguas bovinas”, admitiu Pereira.
Na mira hoje está o Vietnã e a Indonésia, dois mercados relevantes onde o Uruguai não está presente. Nestes países, os restaurantes são a primeira categoria de consumo de carne fora de casa, acima dos fast food e outros tipos de estabelecimentos, pelo que as oportunidades de agregação de valor são muito interessantes.
O responsável do INAC entendeu que “existem duas oportunidades diferentes. Em primeiro lugar, miúdos. Esses países, por terem um padrão de consumo diferente do nosso, valorizam alguns produtos que nós não valorizamos. Para algumas pequenas coisas, eles podem funcionar muito bem. Por exemplo, hoje toda a placenta é exportada para a Tailândia. O piso nesses mercados é fornecido pelo Brasil e pela Índia. Eles fazem dois terços das importações, mas o terço superior fica com Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, com preços altíssimos e tudo para restaurantes. Nesse segmento pode haver oportunidades para o Uruguai”, disse Pereira.
Fonte: El País Digital, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.