A Direção Geral de Serviços Pecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca (MGAP) do Uruguai busca certificar eletronicamente todos os bovinos que chegarem aos frigoríficos exportadores cujos cortes sejam destinados à União Europeia (UE).
A rastreabilidade obrigatória do rebanho bovino que o Uruguai iniciou em março de 2006, a partir das gerações de bezerros, segue criando desafios e grandes avanços que pretendem fornecer valor agregado aos cortes e garantir não somente sua inocuidade, mas também, que cada corte exportado seja um pedaço da natureza.
Entre as metas do MGAP está certificar eletronicamente – fazendo uma leitura de dados de cada animal – os animais cuja carne tenha por destino a UE, um dos mercados mais exigentes que tem hoje as carnes uruguaias, tanto para gado terminado a pasto, como a grãos (cota 481).
“Vem-se trabalhando muito bem, mas essa certificação requer adaptações e ajustes, além de uma sincronização com as equipes do Instituto Nacional de Carnes (INAC)”, disse o diretor geral de Serviços Pecuários, Francisco Muzio. Ele estimou que nesse segundo semestre, serão feitos todos os ajustes para “poder fazer uma coleta de sangue individual de cada animal”.
Até agora, o MGAP realiza coletas aleatórias de sangue dos animais que chegam às plantas de abate buscando portadores assintomáticos de brucelose e outras doenças. São feitos cerca de 15.000 soros por ano. Amparando-se na rastreabilidade e na leitura de cada identificador, poderão ser tomadas amostras de sangue de cada um e controlar melhor a brucelose bovina.
Nessa fase da doença, onde os casos clínicos seguem baixando (há somente 31 no primeiro semestre de 2014; antes havia mais de 200), é fundamental detectar os portadores assintomáticos. Por isso, o uso de dados surgidos da rastreabilidade e da coleta de sangue de todos os animais permitirá às autoridades sanitárias rastrear mais profundamente dentro dos estabelecimentos e a nível de cada grupo que chega para o abate.
“São elementos que nos levarão a melhorar notoriamente a possibilidade de ir tendo maior sensibilidade na detecção dos animais positivos à brucelose”.
Por outro lado, a leitura dos identificadores de todos os animais que chegam ao frigorífico permitirá ir eliminando os animais “fantasmas”, que, segundo Muzio, “são aqueles que, por alguma razão, não foram ao abate e depois aparecem no campo quando estariam supostamente já eliminados. Também pode acontecer que tenham sido abatidos e aparecem como estando no campo”.
Os frigoríficos exportadores já têm todo o software instalado para poder fazer a leitura de cada animal e se irá avançando no resto das plantas. “Podem ocorrer casos de sensibilidade dos sistemas para poder fazê-lo de forma eletrônica, mas vamos arranjando”. Até agora, o Uruguai é o único país no mundo que tem todo o rebanho bovino rastreado de forma obrigatória e essa ferramenta já funciona como elemento de certificação de qualidade em alguma cota de carne.
Fonte: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.