Existem sérios problemas para poder confinar bovinos com destino à cota de carnes de alta qualidade da União Europeia (UE), já que no mercado uruguaio, não há volumes de relevância de bovinos com as características aptas para isso.
“O problema é que, para serem confinados nos currais, os bovinos precisam ter menos de 23 meses de idade e um peso de 350 a 400 quilos. Aqueles que se encontram atualmente no mercado, não cumprem com ambas as exigências de forma simultânea”, disse o diretor executivo da Associação Uruguaia de Produtores de Carne Intensiva Natural (Aupcin), Álvaro Ferrés.
A falta de animais desse tipo está relacionada com os ciclos produtivos, de forma que o país não conseguiu se adaptar às características exigidas para que então a carne uruguaia pudesse ser exportada dentro dessa cota e então distribuída pela UE. “No Uruguai, os partos se concentram em sua maioria entre os meses de agosto a novembro, sendo este um dos grandes entraves, sendo necessário buscar alternativas para poder se adequar aos pesos e idades exigidas”.
Ele também disse que a cota 481 é atualmente a única alternativa rentável para que os estabelecimentos de engorda possam funcionar, já que a equação econômica das outras operações produtivas não é rentável, nem há perspectivas de que possa ser em um futuro a médio prazo.
Embora essa situação já tenha ocorrido na primeira metade do ano, nos últimos meses as coisas se agravaram, explicou ele. Segundo estimou Ferrés, o número de animais confinados em 2013 será fixado em torno de 100.000 animais. A cota 481 é a única possibilidade de reverter essa queda e espera-se que o faça a partir de 2014. No ano passado, os currais de engorda do Aupcin chegaram a produzir 200.000 animais e em 2011, engordaram 300.000.
Quanto aos custos da reposição, Ferrés disse que o valor dos animais que cumprem com as exigências para entrar nessa cota é sensivelmente maior que os demais, ainda que a diferença de preço entre ambos depende do momento e principalmente do negócio. Embora o valor de alimentos para os bovinos tenha caído nos últimos meses, na equação total não tem um peso tão relevante atualmente, disse ele.
Ferrés complementa, dizendo que o problema se reverteria em 2014, já que se espera um aumento considerável no volume de animais que cumprem com as exigências necessárias para entrar na cota 481.
Os países que foram autorizados a enviar carne dentro da cota, que foi outorgada pela UE a cinco países: Uruguai, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Nova Zelândia; podem exportar carne bovina desossada e maturada que provenha de animais que tenham menos de 30 meses e que nos últimos 100 dias antes do abate, no mínimo, tenham sido alimentados somente à base de rações com um determinado nível de proteínas.
A cota surgiu como uma compensação da UE aos Estados Unidos no marco do litígio que fechou o mercado à carne com hormônios e depois foi aberta para outros países. Até agora nesse ano, já se exportou mais carne dentro da cota 481 do que dentro da cota Hilton, com a vantagem de que dentro da primeira são enviados cerca de 14 cortes, contra quatro na cota Hilton.
Praticamente todo o ciclo produtivo da cota 481 se faz sobre pastagens naturais (cria e recria) e se termina com ração durante os últimos 100 dias antes de ser enviado ao abate com entre 500 a 550 quilos de peso vivo. Dessa forma, garante-se uma carcaça com determinado calibre de cortes, como exigem os mais seletos mercados do velho continente.
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Fonte: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.