A tonelada exportada pelo Uruguai tinha um preço médio de US$ 14.726 esse ano, quando, no ano anterior, era de US$ 13.850, segundo dados do INAC, o que demonstra que a crise econômica na UE não afetou tanto a carne.
A tonelada de cortes dentro da cota Hilton produzida pelo Uruguai (6.300 toneladas) fechou em US$ 900 acima dos valores registrados no exercício anterior, apesar da crise econômica na União Europeia (UE), segundo estabelecem dados estatísticos do Instituto Nacional de Carnes do país (INAC).
A tonelada exportada pelo Uruguai tinha um preço médio de US$ 14.726 esse ano, quando, no ano anterior, era de US$ 13.850, segundo dados do INAC, o que demonstra que a crise econômica na UE não afetou tanto a carne. “É um dado muito bom, mais ainda quando há uma crise”, disse o presidente do INAC, Luis Alfredo Fratti.
Ele também destacou como “relevante” que no primeiro semestre de 2012 – comparando com a mesma data do ano anterior -, a cadeia de carnes gerou US$ 50 milhões a mais por seus embarques, devido ao maior volume exportado (foram quase 15.000 toneladas a mais vendidas) e a melhores preços.
No ano passado, muito próximo do fechamento do exercício Hilton, vários frigoríficos estavam atrasados com as cotas e, em maio, tiveram que sair para contemplá-la. Isso provocou no mercado uma disparada dos preços do gado. Esse ano, os empresários mudaram a estratégia, as compras para a cota foram mais fluidas durante o ano e evitaram sofrer em seus bolsos o problema que tinha sido gerado no ano anterior. As vendas foram muito mais ordenadas e muito antes.
O preço da cota Hilton depende do componente de cortes. São os cortes mais valiosos da carcaça e, quando há maior componente de lombos nas vendas, o valor por tonelada sobe. “Ao vender a cota Hilton de forma mais ordenada ao longo do ano, o efeito pesado da crise econômica da UE que começou no verão passado, a Hilton foi afetada nos últimos três ou quatro meses”, explicou o gerente do Frigorifico San Jacinto, que é representando da Associação da Indústria Frigorífica do Uruguai (Adifu) na Junta Diretiva do INAC, Gastón Escayola.
Ele disse que comparar os preços da tonelada Hilton entre anos “pode ser enganoso”, porque “depende da composição dos cortes vendidos.No nosso caso, vendemos muito quadril não Hilton, que tem um preço menor. Se a participação dos lombos na Hilton é maior, logicamente o preço médio sobe”. No entanto, a pós-safra – época do ano em que começa a faltar gado gordo – segue acentuando e, diferentemente dos anos anteriores, os preços do gado não dispararam. “É um ano muito diferente”.
Para Escayola, existem dois fatores a serem considerados. “É diferente dos anos anteriores, porque o clima está benéfico. Todos sabemos que não há gado demasiado e que o que há, tem boas pastagens”. Porém, segundo ele, o fator mais importante dessa pós-safra “é que estamos em um momento em que os mercados estão semiparalisados. Pouco gado com pouquíssima demanda no mundo, é lógico que estejamos nessa situação de equilíbrio”.
Nesse sentido, ele lembrou que a Rússia está comprando de forma lenta, Israel está baixando os preços e com a UE existe um estado de incerteza total. “Esses mercados não estão pressionando para comprar e quando mostramos intenção de vender, votam com preços menores. Para adiante, não sabemos como serão as perspectivas”.
Em pós-safras anteriores, a indústria parava parte das plantas, dava licença ao pessoal e fazia manutenção. Isso não está ocorrendo nesse ano. Pelo menos, no mercado não há rumores de frigoríficos que vão paralisar temporariamente os abates.
“Tínhamos anunciado que esperávamos para esse ano algo similar ao do ano passado e creio que é o que vem ocorrendo”, disse o presidente do INAC ao analisar a atual pós-safra. “Apesar de muita gente ter dito que ia matar muito menos, estamos com um abate quase igual, 1% superior ao do ano passado a essa altura do ano. Os preços são muito similares, apenas 2% a menos que no ano passado nessa data no acumulado, mas subiu o dólar”.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.