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Uruguai explorará vantagens da rastreabilidade bovina para promover carne

A cadeia de carnes do Uruguai visa o mercado chinês e explorará a vantagem de contar com uma rastreabilidade bovina obrigatória. No restaurante da Expo Shanghai, os consumidores poderão saber a partir do churrasco toda a história do animal vivo.

A cadeia de carnes do Uruguai visa o mercado chinês e explorará a vantagem de contar com uma rastreabilidade bovina obrigatória. No restaurante da Expo Shanghai, os consumidores poderão saber a partir do churrasco toda a história do animal vivo.

Com um investimento de US$ 1 milhão somente da parte do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), aos quais se somam outros US$ 1,5 milhão do Uruguay XXI, o país promove suas carnes de alta qualidade na Expo Shanghai. Foi montado um restaurante, que está a cargo dos chefes Álvaro Verderosa e Tomás Bartesaghi, que inclui pratos da alta cozinha, onde se destacam os atributos da carne uruguaia e outro setor de comidas rápidas saudáveis, onde o chivito (sanduíche uruguaio de carne bovina grelhada) e as tirinhas de carne bovina são as vedetes.

Em um mercado como o chinês, onde o Uruguai enfrenta a competição da Austrália, a cadeia de carnes busca explorar a vantagem de contar com uma rastreabilidade obrigatória em bovinos que é modelo no mundo, que permite, a partir do corte, chegar até o local de criação do animal e seu proprietário.

“Não em todos os dias, mas sim, em determinadas datas, as pessoas poderão experimentar o que é a rastreabilidade. (A pessoa) levantará um ticket que estará embaixo do prato e chegará, a partir do bife que vai comer, a contar com toda a informação do animal antes do abate e, inclusive, poderá saber qual foi o produtor que criou esse bovino”, disse o presidente do INAC, Luis Alfredo Fratti. “A rastreabilidade aplicada pelo Uruguai é a enorme diferença que temos com o mundo e, nos próximos anos, será a ferramenta que nos diferenciará mais”.

Nos próximos dias, uma delegação de frigoríficos uruguaios, encabeçada pelo vice-presidente do INAC, Fernando Pérez Abella, participará da feira alimentícia Sial China, a mais importante dos países asiáticos, para dar outro impulso à carne uruguaia.

À medida que o poder aquisitivo do chinês melhora, consome-se mais carne e ocidentaliza-se mais sua dieta. “A China será um mercado mais importante quando realmente começar a consumir cortes bovinos de alta qualidade. Temos que competir com a Austrália nesse mercado – os australianos são tradicionais abastecedores de carne bovina e ovina -, mas lutamos no primeiro nível e participar da Expo Shanghai vale a pena”.

Fratti disse que “o futuro do Uruguai passa pela presença em grandes feiras com restaurantes especializados, mas oferecendo a plataforma para promover outros produtos do Uruguai, somando esforços com alguns órgãos”.

O Uruguai já está habilitado a entrar na China com carne fresca, mas não tem gerado negócios de grande volume com cortes de alto valor. No entanto, existe uma demanda crescente. Contrariamente, esse mercado tem grande demanda por produtos de carne e miúdos de difícil colocação em outros nichos.

A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    O Uruguai tem liderado a implantação da rastreabilidade bovino na America do Sul e já colhe benefícios reais. Lá a pecuária tem um peso no PIB muito maior que no Brasil e por isto demanda mais atenção das autoridades e da sociedade. Só assim podem atender aos mercados mais exigentes. Mas por outro lado nossa escala permite economias que podem fazer a diferença a médio e longo prazos.

    Att,

  2. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Ricardo,

    O relatorio anual do Marfrig apresenta os seguintes preços médios de exportação em 2009:

    Brasil US$ 3.308/tonelada
    Argentina US$ 3.395/tonelada
    Uruguai US$ 2.489/tonelada

    Os principais destinos da carne bovina Uruguaia continuaram a ser a Rússia, com 26,6% em volume, sendo seguida pela União Européia com 23,9%.

    A informacao de que o Uruguai tem liderado a implantação da rastreabilidade bovina na America do Sul, e por isso já colheria benefícios reais, conflita com estes dados economicos basicos…

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Caro Humberto,

    Veja abaixo matéria publicada pela Scot a este respeito:

    “Exportação de carne bovina congelada pelo UruguaiPor: Scot Consultoria ■2010-26-02

    Por Maria Gabriela O Tonini

    A carne bovina congelada foi o principal produto exportado pelo Uruguai em janeiro de 2010, com um total de US$69 milhões. Isso correspondeu a 16,4% de toda a exportação do país. A Rússia, o Canadá e a Itália foram os principais mercados do Uruguai, segundo análise da Scot Consultoria. As informações são do Informe de Exportações do Uruguai XXI.

    Apesar das exportações totais de carne bovina congelada terem recuado 5,8% em relação a janeiro de 2009, as vendas para a Rússia passaram de US$5 milhões para US$17 milhões no período. Já as vendas para a Itália ficaram praticamente estáveis em US$5 milhões no período.

    Em volume as exportações de carne bovina congelada do Uruguai somaram 20 mil toneladas. O preço médio desta carne, depois de uma brusca queda no final de 2008, com o advento da crise mundial, se estabilizou em torno de US$3,5/kg, variando pouco desde então. Observe a figura 1.

    Em janeiro de 2010, o Brasil exportou mais carne congelada que o Uruguai, quase 80 mil toneladas, o correspondente a US$211 milhões (dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). No entanto, o preço médio desta carne ficou em US$2,65/kg, abaixo do valor do Uruguai.

    Apesar de serem concorrentes diretos, o Brasil exporta mais carne que o Uruguai. No entanto, a carne uruguaia (pelo menos a carne bovina congelada) apresentou maior valor no último mês.”

    Att,

  4. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Ricardo,

    O agregado de um ano nos permite conclusões, a meu ver, mais sólidas. E a minha impressão é que o Uruguai não conseguiu transformar em dinheiro sua suposta rastreabilidade de 100% do rebanho. Menos faturamento com mais despesas significa margens mais apertadas.

    Uma curiosidade minha, que sei que você é ERAS: Quanto em media tem conseguido REALIZAR a mais por arroba vendida no ano? Você tem um funcionário exclusivo para lidar com a papelada residindo na fazenda? Que porcentagem das cabeças que você vendeu pensando em conseguir o “plus” foi desclassificada no frigorífico?

    Conheço muita gente que iniciou o credenciamento para ERAS e desistiu, mas não tenho dados palpáveis. Qual a sua impressão, o pessoal está conseguindo segurar o tranco ou a lista ERAS tem mais fantasmas do que pecuaristas ativos?

  5. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Caro Humberto,

    Se quiser posso lhe enviar os agregados anuais de exportações de carne bovina do Uruguai e Brasil a que tive acesso e baseado nos quais fiz meu comentário. Os números do Marfrig é que não se encaixam com os do Uruguai, mas acredito que podem ser explicados por razões industriais, logísticas, comerciais e estratégicas. Nem sempre os números de uma empresa espelham os do país onde atua.

    Mas como dizia um antigo professor meu, “torturando bem os números eles sempre confessam o que queremos”. Ou, em outras palavras, o recorte feito nunca é neutro.

    Por isto não posso afirmar com certeza se o saldo líquido do Uruguai (acréscimo de receitas & acréscimo de despesas) com a rastreabilidade é positivo ou negativo. Mesmo porque não tenho acesso aos custos consolidados.

    Intuitivamente (considerando o diferencial de preços) me parece que o saldo seja amplamente positivo. Ou seja, melhorou as margens da atividade pecuária. Mas estou sempre aberto a rever posições se confrontado com dados.

    E respondendo sua curiosidade informo que recebemos entre R$ 4,00 e R$ 10,00 a mais por arroba de boi gordo vendida no MT nos últimos 12 meses e felizmente não tivemos nenhum animal desclassificado. Não temos um funcionário específico para a tarefa da rastreabilidade, mas gastamos parte do tempo de um funcionário administrativo e parte do tempo dos capatazes e peões responsáveis pela coleta dos dados a campo. Se somarmos tudo acredito que corresponda, para efeitos de calculo, a alocação de uma pessoa dedicada integralmente a tarefa. E contamos com bons softwares de apoio e hardwares para coleta automática dos dados. Mas considerando que temos mais 30.000 animais rastreados e vendas anuais de cerca de 9.000 animais considero o custo perfeitamente aceitável.

    Sobre a situação geral do SISBOV diria que é verdade que muita gente desistiu de aderir e que alguns que entraram na “famigerada lista Traces não conseguiram permanecer nela. De fato é bem mais fácil entrar na lista do que permanecer. E o diferencial de preços pagos também oscilou muito por região do pais e em algumas delas foi irrisório.

    Mas também é verdade que no consolidado o nº de fazendas habilitadas e de animais rastreados segue crescendo. O que demonstra o interesse do produtor, bem como que tem mais gente conseguindo cumprir com as regras do que pessoas perdendo a certificação de suas fazendas. Diria ainda que para os confinamentos, com os atuais preços dos animais de reposição, habilitar-se virou
    fundamental para própria viabilidade da operação.

    Att,

  6. Alberto Pessina disse:

    Caro Humberto, bom dia.

    O Miguel do Beef Point, me solicitou para comentar a sua questão sobre os custos das fazendas Eras.

    Também sou habilitado, porém em SP e tenho um confinamento que gira ao redor de 6.000 cab/ano. Por aqui os premios são bem menores, e giram em torno de 2% a 5%. E como nosso colega José Ricardo citou, muitos confinamentos estão habilitados, fazendo com que na entressafra ocorra uma oferta maior de animais ERAS e assim, os premios tem sido próximos aos valores minimos nesta data.

    Com toda esta crise mundial a demanda da EUROPA também caiu bastante o que diminui o interesse dos frigorificos, principalmente quando a oferta aumenta. Assim, no nosso caso não tem sido muito interessante participar do ERAs, pois o premio pago está pouco acima do custo.

    Quanto ao funcionário, eu concordo c/ o José Ricardo, e considero que o trabalho todo somado deve equivaler no minimo a um funcionário a mais. E os custos totais (rastreadora, operação, brincos, maior necessidade de manejo do gado, investimentos, etc…) devem girar em torno de 1 a 2 R$/@ a mais.

    No caso da desclassificação, caso a papelada esteja correta, não é alta.

    Espero ter lhe ajudado.

    Grande Abraço

  7. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caros José Ricardo e Alberto,

    Muito obrigado pelas valiosas informações.

    Concordo plenamente com o José Ricardo. Os números que apresentei se referem à realidade do Marfrig, e não necessariamente do Uruguai como um todo. Mas no mínimo são um sinal de alerta para a possibilidade de que aquele país não esteja conseguindo transformar em dinheiro sua suposta rastreabilidade de 100% do rebanho.

    Com a desvalorização acentuada do Euro (há quem palpite que ele vai tender à paridade com o dólar), penso que nossas exportações para a UE vão sofrer um razoável impacto, que se refletirá numa queda significativa do ágio do “boi Europa”.

    Mais uma pergunta ao José Ricardo, que tem um rebanho grande que inclui cria: você controla o gado com brincos ou com chip?

  8. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Humberto de Freitas Tavares,

    Em duas propriedades de cria uso brincos visuais e leitores de códigos de barra de alta precisão. Em outras duas propriedades de engorda uso brincos visuais e brincos eletrônicos associados. A razão é que em operações de ciclo completo os rebanhos de cria são maiores que os de engorda e além disto na fase de engorda os erros de rasteabilidade no abate dos animais tem consequências econômicas mais graves.

    Com a redução recente dos custos dos brincos eletrônicos estamos analisando sua adoção também nas propriedades de cria. Mais um problema com a rastreabilidade maior que a velocidade de leitura do código, que pode ser melhora com os brincos eletrônicos, é gerenciar a perda de identificadores em ciclos de produção mais longos. Infelizmente a retenção dos brincos esta abaixo da necessária.

    Att,

  9. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Pezado Alberto Pessina,

    Muito obrigado por sua colaboração na discussão.

    Concordo que a oferta de animais rastreados oriundos de confinamentos no segundo semestre tem reduzido o diferencial de preço pagos pelo “boi europa” na entresafra. E concordo que o diferencial da praça de São Paulo seja menor que a do MT.

    Mas ainda assim me parece que o diferencial de SP tem sido suficiente para cobrir os custos e deixar uma margem de contribuição significativa. Usando um custo de R$ 1,50/@, na média da sua faixa, e considerando um diferencial de preço de 3,5%, na média da sua faixa, teremos uma “receita adicional”, para uma @ de R$ 85,00, de cerca de R$ 3,00 / @ contra um “custo adicional” de R$ 1,50 / @. Aproximadamente 100% de retorno em 100 dias.

    Sem dúvida a pecuária é uma atividade de margens apertadas, mas na minha opinião rastrear o rebanho tem permitido melhorar um pouco o quadro.

    Att,

  10. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Humberto de Freitas Tavares,

    Esqueci de comentar que outra razão de adotarmos brincos eletrônicos nas fazendas de engorda é que com eles é possível fazer uma leitura precisa e rápida do código de identificação sem necessidade de contenção dos animais no brete. E como sabe na contenção de animais pesados sempre há riscos de hematomas que geram prejuizos na toalete.

    Não tenho números confiáveis de qual é a perda média na toalete gerada pelo uso do brete no embarque de animais para abate , mas se evitarmos a perda de um kilo por animal cobriremos os custos do brinco eletrônicos. Uma análise técnica destas perdas por instituição especializada de grande credibilidade certamente ajudaria a tomada de decisão pelos produtores.

    Att,

  11. Alberto Pessina disse:

    Caros José Ricardo e Humberto

    Conforme havia comentado, segue artigo abaixo interessante sobre a remuneração Europa qua a Scot publicou.

    Boi “Europa” vale o mesmo que boi “comum”

    Por Maria Gabriela O Tonini

    Em muitos frigoríficos, o “boi Europa” (bovinos provenientes de fazendas cadastradas na lista Trace e aptos a serem exportados para a União Européia) vale o mesmo que o boi “comum”.

    O prêmio no pagamento por este tipo de animal já chegou a mais de 10% em momentos de oferta reduzida, especialmente quando o cadastro das fazendas na lista Trace estava no início.

    No ano passado o ágio caiu no segundo semestre e ficou em torno de 3% a 5% em agosto, beirando 1% no ápice do confinamento de 2009 (outubro e novembro).

    Neste ano a situação se repete. Isso porque a maior parte das fazendas cadastradas na lista Trace realizam o confinamento e a oferta deste tipo de animal aumenta no segundo semestre.

    Atualmente, em boa parte dos frigoríficos não há ágio no pagamento pelo “boi Europa”. Quando muito, dependendo do frigorífico e do estado, existe um ágio de 2%.

    Com o pequeno ágio ou a ausência dele, muitos pecuaristas alegam que não há vantagem no esforço para o cadastro e manutenção das fazendas na lista Trace.

    Acesse: twitter.com/scotconsultoria

    Att,