Os consumidores chineses estão desenvolvendo o gosto pela carne bovina e o governo segue aumentando as importações. O Uruguai está dando seus primeiros passos como fornecedor desse mercado e a China está sendo tão importante que o Instituto Nacional de Carnes (INAC) está pensando em ter um técnico para dar um impulso maior à presença de cortes produzidos e processados no Uruguai.
Os consumidores chineses estão desenvolvendo o gosto pela carne bovina e o governo segue aumentando as importações. O Uruguai está dando seus primeiros passos como fornecedor desse mercado e a China está sendo tão importante que o Instituto Nacional de Carnes (INAC) está pensando em ter um técnico para dar um impulso maior à presença de cortes produzidos e processados no Uruguai.
Porém, as oportunidades não são apenas para o Uruguai que, nesse mercado, assim como em muitos outros, compete com a Austrália, mas também, para os vizinhos e a indústria brasileira já está aproveitando, ainda que, diferentemente do Uruguai, os cortes e os miúdos procedentes dos frigoríficos brasileiros entram por Hong Kong (passam a fazer parte do canal de carne ilegal).
Há algumas semanas, os importadores chineses baixaram o ritmo de compras e, no caso do Uruguai, somente importavam alguns cortes (além de miúdos), segundo operadores consultados pelo El País.
A presença de carne brasileira que entra via Hong Kong e se mistura com a ilegal que também vem através do Vietnã – na China, há um forte comércio de carne ilegal, que as autoridades não podem controlar completamente -, já fez baixar os preços, pois se vende a US$ 500 a US$ 600 a menos por tonelada do que a carne uruguaia. Essa tendência de preços complicou muito as vendas do Uruguai, concordam operadores, e se mantém até hoje, por mais que os importadores chineses estejam começando a comprar de novo todos os cortes de bovinos. Para o Brasil, hoje, os principais mercados passaram a ser Rússia e Hong Kong.
Atualmente, 90% das importações de carne são feitas através de Hong Kong e terminam na China continental, fazendo parte do canal Chaozhou (circuito ilegal). Esse circuito ilegal está nas mãos de clãs costeiras e estão distribuídos ao longo da costa do Vietnã até Xangai. Esses clãs se encarregam de passar a carne de Hong Kong até o continente.
No caso dos frigoríficos uruguaios, hoje a China está operando mais forte em miúdos que em carne (compra aorta, rabo, bastante língua; atualmente, não compra fígados).
Observando as estatísticas, apesar da competição do Brasil e da Austrália, o mercado chinês está comprando parte da carne que antes era exportada à Rússia (em anos anteriores, era o principal mercado).
As exportações de cortes bovinos para a China cresceu em 482% (praticamente 6 vezes mais volume) até a primeira semana de junho, com relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados estatísticos do INAC.
O gerente da empresa Mirasco Meat, Samy Ragi, disse que o mercado internacional de carnes está bastante complicado. A demanda da Rússia está caindo cada vez mais devido à maior presença de carne paraguaia. A indústria, devido ao valor do dólar, não pode deter mais os abates e o único mercado que está mantendo mais ou menos os preços é a China. Segundo ele, os chineses são novos consumidores de carne e os uruguaios são novos abastecedores desse mercado. Até que o Uruguai ganhe o gosto do mercado chinês e esses ganhem gosto pela carne uruguaia falta muito, porque toda a carne produzida no Uruguai não consegue satisfazer a décima parte dos consumidores chineses.
Ragi conta que muita gente fala sobre o mercado chinês, mas todavia, não se sabe muito como se comportará com a carne uruguaia. Pessoalmente, ele vê crescimento na demanda, mas, todavia, o mercado não está demandante como muita gente imagina. Há uma oferta por Hong Kong, onde entra carne paraguaia, argentina e brasileira.
Os chineses estão com um Produto Interno Bruto que cresceu em 1.500% entre 1978 e 2011 e, com mais dinheiro nos bolsos, voltam-se às proteínas, onde a carne é a grande vedete, por mais que não haja o hábito de consumo desse produto. Outro dado importante é que a população urbana passou a superar em 2011 a rural e se projeta que a população urbana/rural será de 70% e 30%, respectivamente, até 2030.
O governo chinês, atento a essas mudanças, trabalha na melhora da logística, na modernização da indústria de carnes e na melhora da logística para dar um maior abastecimento. Segundo o analista Richard Herzfelder, especialista do Research & Consultancy Prospective et Stratégie, que esteve no Uruguai há uns meses, a grande oportunidade para o Uruguai está no nicho de grandes restaurantes e na carne ovina no circuito étnico.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equiepe BeefPoint.