As carnes uruguaias enfrentam o grande desafio de recuperar a liderança que perderam em 2001 nos mercados asiáticos, quando a epidemia de febre aftosa provocou um efeito dominó nos mercados.
As carnes uruguaias enfrentam o grande desafio de recuperar a liderança que perderam em 2001 nos mercados asiáticos, quando a epidemia de febre aftosa provocou um efeito dominó nos mercados.
Segundo o jornal El País, o Uruguai já realizou gestões para reabrir os mercados da Coréia do Sul e do Japão às carnes resfriadas, maturadas e desossadas, uma vez que, até hoje, só são admitidos produtos termoprocessados, entre eles, carne bovina cozida. Todas as baterias se centram hoje na possível abertura do mercado coreano, onde se reconhece a qualidade e a sanidade das carnes uruguaias.
O Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC) não descarta a possibilidade de promover a carne fresca, uma vez que for habilitada a entrada. “O que estamos investindo em promoção não é suficiente”, disse a economista e diretora de Mercados Externos do INAC, Silvana Bonsignore. Ela citou a necessidade de somar sinergias com investidores privados.
O INAC está consciente de que para ter uma presença permanente no exterior, a carne uruguaia precisa de investimento privado e estabeleceu três modalidades diferentes. “A primeira é um clube que se chama Uruguai Natural Clube, onde se aponta a restaurantes de primeira categoria, não se pede ao comércio que mude nada, mas sim, que tenha pelo menos um prato com carne uruguaia”. A empresa terá um selo na porta e, em conjunto com o INAC, decidirá quem são os formadores de opinião que, através de uma série de cenas, falarão da carne uruguaia após degustá-la.
Bonsignore estabeleceu como segundo modelo a criação de um restaurante temático, onde o gancho para o consumidor “é o natural”, mas a carne é associada à cultura, às tradições e a outras coisas boas do Uruguai.
O terceiro modelo está destinado às pessoas dos países desenvolvidos que cada vez têm menos tempo para comer, mas precisam de um alimento saudável, rico, seguro e rápido. A vantagem deste modelo é que se poderia aplicar aos mercados onde hoje o Uruguai só entra com carne cozida (como Coréia e Japão).
Até hoje, o Uruguai baseou sua estratégia de vender carne como sinônimo de confiança, mas devido à grande diversidade nos destinos a exportar, o marketing foi focado diretamente nos atacadistas. No marco desta estratégia, foram incorporados elementos emocionais, baseados nos estudos de mercado com os consumidores. “Conecte-se à natureza, conecte-se a uma vida saudável, conecte-se com o melhor sabor para compartilhar e a carne uruguaia é o vínculo” dizia um dos slogans da campanha.
Bonsignore comparou o mercado de carnes com um tabuleiro de xadrez, onde o rei é os Estados Unidos, a rainha, a Austrália; o Brasil representa o cavalo; e União Européia (UE), o Canadá e a Nova Zelândia são as torres; a Argentina é o bispo; o Uruguai se move como um peão, tirando vantagens das debilidades e erros dos competidores.
“Nunca poderemos competir em volume nem em preços, por isso, queremos melhorar e crescer e a única forma possível é através do valor agregado e da diferenciação dos produtos”.
O marketing dos principais países produtores
EUA: Exalta o prazer de comer carne norte-americana e sua facilidade de preparo. Observa-se uma tendência crescente a valorizar o natural e o orgânico.
Austrália: Conta com uma área de “inteligência de mercados” altamente desenvolvida. Instalou escritórios em países como EUA, Europa, China, Japão, Coréia e outras nações do sul da Ásia.
Brasil: Apela com suas mensagens sobre o poder de conquistar o mundo com sua grande produção, tecnologia de última geração e uma cuidadosa higiene do produto.
Canadá: Visa promover a carne nos mercados asiáticos. Hoje tem mais comunicação destinada a crianças, com informações didáticas nos temas vinculados à nutrição.
Europa: A mensagem central está fincada na segurança dos alimentos.
Argentina: Ressalta seu potencial genético, o rol natural de sua produção e a alta qualidade do produto. Há empresas privadas que miram o consumidor final.
A reportagem é do jornal uruguaio El Pais.