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Uruguai não deve exportar mais para Rússia, EUA e Canadá pagam mais

Com uma forte exportação de cortes bovinos aos mercados da América do Norte, será difícil que os frigoríficos uruguaios possam aproveitar, em curto prazo, as oportunidades na Rússia. Segundo operadores, o país poderá exportar miúdos a esse mercado.

Canadá e Estados Unidos são hoje os protagonistas das compras de carne bovina uruguaia, principalmente de cortes de dianteiro, o mesmo grupo de cortes (Chuck & Blade) que a Rússia demanda.

O governo russo proibiu por um ano as importações de alimentos da União Europeia (UE) e Estados Unidos, dentre outros países, em represália às sanções que ambos impuseram no marco do conflito com a Ucrânia.

Alejandro Berrutti, gerente da United Breeders & Packers, disse que em curto prazo é difícil que a decisão russa traga benefícios às exportações de carne. “Hoje, todas as exportações estão indo para Canadá e Estados Unidos, onde se consegue 20% a mais de preço fora de cota do que a Rússia está disposta a pagar por um dianteiro bovino”.

O Uruguai tem uma cota de carne com os Estados Unidos de 20.000 toneladas de carne bovina peso embarque (que são 29.000 toneladas peso carcaça), desossada e maturada, mas há anos, como é o caso desse ano, que a indústria se beneficia de exportar mais carne além da cota. Dentro da cota, a carne paga 26,4% de tarifa mais US$ 44 por tonelada, mas fora da cota, paga 50%.

“Todos os países que têm a entrada aprovada nos Estados Unidos, como Austrália, Nova Zelândia, Uruguai ou Chile – entre outros – olham para esse mercado dentro e fora da cota”, explicou Berrutti. Os Estados Unidos contam hoje com um dos rebanhos bovinos mais baixos de sua história e sofre suas consequências da seca que tem castigado duro o rebanho em vários estados.

Paralelamente, o Canadá, onde também se entra com uma cota – 11.800 toneladas peso embarque com tarifa zero – “está fazendo compras para embarques em setembro e outubro, para que chegue em novembro e dezembro, mas essa carne ficará livre de impostos em janeiro, no marco da nova cota. São compras especulativas para fixar dentro da cota”, disse Berrutti. Essa demanda do Canadá é a que está outorgando maior firmeza à demanda do Uruguai.

Berrutti estimou que a Rússia voltaria a se converter em uma alternativa viável se cair a demanda dos países norte-americanos.

No entanto, na compra de miúdos, a demanda russa está muito ativa. “Está muito ativo em fígados, línguas e coração”, disse ele, ainda que tenha reconhecido que “os preços não têm mudanças, mas sim, há demanda firme”.

Segundo o Faxcarne essa semana, no Uruguai, o dianteiro se mantém em US$ 5.400 por tonelada FOB quando se vende dentro da cota. No entanto, nas vendas para o Canadá, são conseguidos preços de US$ 4.800 FOB. Em ambos os casos representam preços superiores aos que estão sendo pagos por China, Rússia ou Israel, disseram fontes da indústria.

Fonte: Jornal El País Digital, resumida, adaptada e traduzida pela Equipe BeefPoint.

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