O consultor privado e ex-presidente do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), Roberto Vázquez Platero, manifestou sua preocupação pela alta dependência da carne uruguaia no mercado chinês. Ele disse que até agora em 2015, 41% da carne bovina de exportação foi enviada a esse destino.
Ele analisou durante a Jornada da Unidade de Produção Intensiva de Carne (UPIC) da Faculdade de Agronomia, realizada em Paysandú, com profundidade o mercado internacional da carne. Ele disse que Austrália, Brasil e Argentina iniciarão um processo de recomposição do rebanho bovino e, portanto, reterão ventres, o que possivelmente se reflete em menos abates e, consequentemente, é provável que os preços aumentem. Tudo dependerá da demanda dos Estados Unidos e, fundamentalmente, da China.
Ele disse que quando o preço da carne bovina sobe nos Estados Unidos, a população consome menos e prefere as carnes alternativas. Portanto, ele analisou que o que ocorrer na China será chave para os preços.
Ele disse que a China não é um país que dá muitas certezas e lembrou que quando a bolsa daquele país caiu, há 20 dias, foi por decisão do governo. Ele disse que esse autoritarismo do governo chinês é um risco que pode dar “dor de cabeça” ao Uruguai, que está “dependendo muito de um só mercado”.
No entanto, ele considerou que os preços da tonelada de carne bovina uruguaia de exportação deverão se manter nos níveis atuais, a não que que ocorra um imprevisto.
Entre as ameaças do setor ele citou a situação da economia chinesa; o efeito do tipo de câmbio em alguns países como o Brasil, que pode diminuir seu consumo e aumentar sua participação nas exportações; o acesso do Brasil e da Argentina a outros mercados, como Estados Unidos e China; um aumento da produção na Argentina; um aumento do consumo de carnes substitutas.
Platero destacou o excelente posicionamento da carne uruguaia, que é o segundo fornecedor da China, situando-se somente abaixo da Austrália. Além disso, disse que no país asiático a carne uruguaia é consumida pela classe média, que é o setor que mais aumenta seu consumo. Também disse que, agora, o Uruguai se mantém exportando sua carne ao mercado dos Estados Unidos sem concorrência do Brasil e da Argentina e tem um bom posicionamento na UE, onde comercializa os cortes de maior valor.
Fonte: El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.