Martín Secco, diretor do Frigorífico San Jacinto, no Uruguai, analisou a situação atual do mercado da carne em diálogo com Martín Olaverry para o programa Valor Agregado, na rádio Carve.
“A cadeia da carne uruguaia transmite muito bem os preços internacionais e, embora poucas vezes tenhamos vivido tanta incerteza política, o mercado internacional segue firme em demanda e preços”, afirmou.
Sobre a atividade no Uruguai, disse que se está trabalhando em bom ritmo, com muita demanda e um mercado interno em linha com a oferta, onde os frigoríficos estão absorvendo o gado disponível e aguardando uma melhor oferta de animais terminados a pasto (verdeos).
Consultado sobre os preços do gado, Secco foi direto: “não acredito que haverá grandes mudanças no preço do gado se o mercado internacional seguir como está”.
A respeito da tensão entre Brasil e Estados Unidos e das oportunidades para países como o Uruguai, o diretor de San Jacinto destacou que os volumes de carne exportável no mundo são previsíveis e o mercado sabe o que o Uruguai pode oferecer. “Essa demanda está sendo paga pelo consumidor americano, porque os importadores repassam esse sobrecusto à cota. Nós vamos continuar exportando cerca de 10% a mais, e nos próximos meses ficaremos sem cota ou ela ficará reservada para cortes de alto valor”, disse, ressaltando que os volumes exportados devem superar os de anos anteriores.
Sobre o mercado chinês, Secco afirmou que está comprando a bons preços, enquanto sobre a Europa comentou que está “tracionando bem”, e que, embora o Uruguai participe cada vez menos da cota 481, esse negócio vem sendo substituído pela mesma carne fora da cota. “É um mercado estável e, para esse segmento de alta qualidade, imagino que o Brasil terá dificuldade em competir com o Uruguai e a Argentina.”
Em relação ao confinamento, Secco disse não ter dúvidas de que o negócio seguirá atrativo, independentemente da manutenção dos preços. “Hoje estamos no melhor dos mundos, mas mesmo com margens menores, o confinamento veio para ficar. É uma forma eficiente de a indústria manter um abate constante e de o produtor colocar aqueles últimos quilos que faltam”, relatou.
Por fim, sobre os ovinos, declarou que em San Jacinto irão abater toda a oferta disponível, em um produto que já teve aumentos de até 40% em seu valor, com demanda presente e “escassez em todo o mundo”.
Fonte: El País, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.