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Uruguai: projetos de capitalização no setor pecuário captam mais investidores

Crescem os pecuaristas sem fazenda que apostam em ganhar dinheiro investindo na cria e engorda de bovinos no Uruguai. Desses, 90% são uruguaios e vivem na cidade. As empresas que oferecem projetos no mercado captaram mais investidores durante 2011.

Crescem os pecuaristas sem fazenda que apostam em ganhar dinheiro investindo na cria e engorda de bovinos no Uruguai. Desses, 90% são uruguaios e vivem na cidade. As empresas que oferecem projetos no mercado captaram mais investidores durante 2011.

Com uma receita média por tonelada de carne bovina de US$ 3.980 em todo o ano de 2011, que superou em 22,4% o valor registrado em 2008 (US$ 3.249), com um preço histórico para o boi gordo (nos primeiros 9 meses de 2011 cresceu 33% em relação ao mesmo período de 2010) e com 36% de aumento no preço da vaca gorda, os investimentos em projetos de capitalização em pecuária não pararam de crescer.

Cada vez há mais pessoas que vivem na cidade que pensam em investir em produtos agropecuários, porque a carne, lácteos e outras commodities seguem com valores historicamente altos apesar da crise econômica da União Europeia (UE) e outros países.

No caso, o Club Portfolio Ganadero – que impulsiona a empresa Berrutti United Breeders & Packers – lançou no ano passado novos sistemas de capitalização pecuária para criar e engordar bezerros, vacas de descarte e até a opção de trabalhar em fazendas em confinamento, associando-se com a indústria frigorífica. A resposta foi tão boa que captou mais 107 investidores que em 2010. Antes, a empresa se dedicava somente à engorda de vacas. Comparado com o ano anterior, os investimentos cresceram em 200%.

“Em 2011, foram superadas todas as nossas expectativas e os próprios investidores se surpreendem de que haja tanta gente apostando na proposta”, disse um dos gerentes da empresa, Alejandro Berrutti.

Antes, o investimento mínimo exigido era um caminhão de 30 cabeças, o que demandava no mínimo US$ 13.000. Nesses fundos de investimento, a maior garantia é a propriedade dos animais. Agora, a nova proposta, tem investimento mínimo de US$ 10.000, estando aberta a pessoas físicas e empresas.

“Abriu-se o espectro de ação com negócios de curto e longo prazo. Engordam-se vacas em três ou quatro meses, dependendo do peso em que estão entrando no sistema. Vacas que entraram em julho, já em setembro saíram para a indústria. São negócios muito curtos e o dinheiro gerado volta a entrar para a compra de gado”, explicou Berrutti. O negócio mais longo é de 30 meses, que é a engorda dos bezerros com destino ao abate.

Segundo o empresário, “97% dos investidores são uruguaios – deles, 70% são homens e 30% mulheres – de todas as idades. Temos investidores de 18 anos e de mais de 80 anos”.

Uma nova modalidade é que alguns investidores fazem aportes mensais, que complementam o pagamento inicial. “Alguns tomaram o empreendimento como uma poupança, onde todos os meses depositam uma quantidade de dinheiro variável”.

Outra proposta de capitalização na pecuária é a da Conexión Ganadera. Nesse caso, também cresceu a quantidade de investidores. A empresa foi criada em 1999, por Gustavo Basso e Pablo Carrasco, visando conectar o capital financeiro com o setor produtor, bem como o dos próprios produtores agropecuários entre si. “A gente está aprendendo que o gado, a terra e o ouro, diante da crise, oferecem uma boa opção para refugiar capitais. Durante o segundo semestre de 2011, o número de investidores cresceu”, disse Carrasco. Também nesse caso, 90% dos investidores são uruguaios, com valor médio de US$ 30.000 a US$ 40.000.

A gama de investidores é muito grande, pequenos empresários, bancários e assalariados. Cerca de 60% são de Montevidéu, 30% do interior e 10% do exterior.

Agora, a Conexión Ganadera finaliza os detalhes para lançar nos Estados Unidos a primeira carne moída com rastreabilidade a partir de carne bovina processada e exportada por frigoríficos uruguaios. “Esperamos começar em abril de 2012, já estão contratados os vendedores e estão trabalhando na coordenação conosco. A ideia é fechar os negócios entre fevereiro e março e, em abril, faríamos o primeiro embarque”, disse Carrasco. Depois, o mercado é que determinará o ritmo de crescimento dos embarques.

A empresa visa sair da exportação de commodities e mira a um consumidor específico, além do fato de o preço da carne nos Estados Unidos estar mais alto ou mais baixo. Carrasco recordou que desde 2002 até agora, o preço médio do gado aumentou 18% anualmente, mas nos últimos dois anos, subiu 80%, seguindo o aumento de preço da tonelada exportada. “Estimo que o preço da tonelada de carne bovina exportada pelo Uruguai ficará em US$ 4.000 e depois dará outro salto”.

Você conhece algum projeto de investimento na pecuária no Brasil? Um dos casos mais famosos foi o da Boi Gordo além de diversos fundos de investimentos no setor. Deixe seu comentário e compartilhe conosco.

A reportagem é do site El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

2 Comments

  1. Cícero Pithan Reis disse:

    Seria mais econômico aos Uruguaios queimarem o dinheiro ao  contrário de aplicar nesta picaretagem, assim eles não pasariam por trochas e nem sentiriam raiva futura.
    Uma proposta q eu sempre faço aos vendedores de sonhos(ração para engorda), he a seguinte.. Ele vem em minha fazenda e escolhe a quantidade de bois, que queira, depois nos pesamos e entrego os bois para o trato na própria fazenda, a única preocupação dele será fornecer a dita ração milagrosa, porque a distribuição fica pela minha conta. No final da engorda estes bois serão pesados e a diferença(ganho), ele pagara a fazenda 20% a fazenda, ate agora não encontrei um.  Não he uma forma de se tornar fazendeiro, sem boi e sem terra.
    Abraço

  2. Marcos Francisco Simões de Almeida disse:

    Não conheço e gostaria de saber detalhes sobre os "diversos fundos de investimento no setor"