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Uruguai: rastreabilidade é essencial para sobrevivência no mercado internacional

Durante a Feicorte (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne), que ocorreu de 17 a 21 de junho, diversos eventos foram promovidos para discutir as tendências da agropecuária e o mercado de carnes no Brasil e no mundo. No Congresso Internacional Feicorte 2008, pecuarista Fernando Mattos, ex Presidente Asociación Rural del Uruguay, apresentou em sua palestra dados sobre a pecuária do Uruguai, e salientou que o setor registrou grande crescimento nos últimos anos.

Durante a Feicorte (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne), que ocorreu de 17 a 21 de junho, diversos eventos foram promovidos para discutir as tendências da agropecuária e o mercado de carnes no Brasil e no mundo.

Um desses eventos foi o Congresso Internacional Feicorte 2008, que nos dia 18 e 19 de junho reuniu líderes de todos os segmentos para discutir o tema “Aproveitar a recuperação do ciclo bovino para repensar o negócio da carne”.

O pecuarista Fernando Mattos, ex Presidente Asociación Rural del Uruguay, apresentou em sua palestra dados sobre a pecuária do Uruguai, e salientou que o setor registrou grande crescimento nos últimos anos. Mattos apresentou dados sobre as exportações uruguaias que tiveram um crescimento de 101% nos últimos 9 anos.

No acumulado de janeiro a abril de 2008, a receita das exportações do Uruguai apresentou aumento de 53%, quando comparado aos dados do ano anterior. Essa situação só se tornou possível graças ao aumento dos preços no mercado internacional (cerca de 50%). “Temos que agradecer ao Brasil e Argentina, pela ausência no mercado”, comentou Mattos.

Apesar do Uruguai estar conseguindo conquistar mercados que tradicionalmente eram abastecidos por Argentina e Brasil o palestrante ressaltou que o país não tem a pretensão de exportar o mesmo volume que o Brasil. “Nossa produção é pequena, estamos focando carnes com maior valor agregado e buscando a profissionalização do setor” completou.

No Uruguai 70% da produção de carne bovina é exportada. Isso obriga o setor a manter atenção constante às regras vigentes nos mercados internacionais, criando grande interação entre produtores, frigoríficos e Governo. Fernando Mattos definiu os resultados dessa interação da seguinte maneira “precisamos nos unir para cumprir o exigido e fazer mais um pouco”.

Com esse pensamento é que foi desenhado o programa de rastreabilidade do país, onde o Governo disponibiliza os identificadores e obrigatoriamente todos os bezerros são identificados até os 6 meses de vida.

“Rastreabilidade não pode ser um negócio, precisa ser tratada como política de Governo. Esse sistema é a garantia de sobrevivência do setor no mercado internacional”, disse o pecuarista e completou, “o sistema eletrônico é essencial para diminuir erros. Se ocorrem falhas na informação dos dados a credibilidade do sistema será comprometida. Credibilidade, seriedade e transparência são essenciais”.

Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Euler Andres Ribeiro disse:

    Enquanto ficamos brigando por flexibilização das exigências, dizendo que o sistema de rastreamento só funciona em pequenos rebanhos, e não é factível para o Brasil, outros dizendo que é uma ingerência da Europa na nossa autonomia e outras bobagens mais, os Uruguaios perceberam a oportunidade e abocanharam o mercado que melhor paga pela carne.

    Tecnologia de rastreamento eletrônico já está totalmente dominada e barata, entretanto como não nos entendemos dentro da cadeia, o produtor não recebe do frigorífico uma diferença que compense o investimento com chip e auditoria externa. Este, por sua vez, prefere burlar o sistema para garantir maior oferta de bois rastreados a ser um elo importante na credibilidade deste.

    A visão de curto prazo nos impossibilita de ter lucro sustentável no longo prazo.

  2. Fernando de Oliveira Souza disse:

    Concordo integralmente com as palavras do Sr. Fernando Mattos. Me arriscaria até a dizer que o Rio Grande do Sul pode e deveria se tornar o “Uruguai do Brasil” em virtude de suas peculiaridades com relação ao gado e produção.

    Quanto a rastreabilidade, há que se investir em identificação eletrônica, para diminuir os erros como ele próprio comenta. Na nossa experiência pessoal, no primeiro ano de “chipagem” ocorreu diminuição dos erros de identificação de 10 por cento com a leitura visual para 1 por centro com a leitura eletrônica.