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Uruguai tem projetos inovadores para exportar carnes

Complementando o tradicional sistema de designação de cotas com base nos antecedentes dos estabelecimentos exportadores, o Instituto Nacional de Carnes (INAC) do Uruguai outorgou licenças a cinco empreendimentos que apresentaram “propostas inovadoras”. O Uruguai dispõe de três cotas de exportação de carnes: cota Hilton para União Européia (UE), de 6,3 mil toneladas; aos Estados Unidos, 20 mil toneladas de carne bovina e 3,8 mil de carne ovina. Em todos os casos, as cotas estão expressas em peso embarque.

Desse total, foi projetado no país um sistema pelo qual se outorgam 6% para esses projetos, buscando premiar a inovação “que depois se espalha na cadeia e se torna um estímulo para que outros sigam e que, através de seu efeito, haja benefícios para a cadeia de carnes”, segundo analisou o presidente do INAC, Roberto Vázquez Platero.

Após o processo de apresentação de projetos, convocado em maio, foi nomeada uma comissão assessora – integrada por três técnicos do INAC – que avaliou os oito projetos apresentados e os ordenou para cada uma das cotas às quais se apresentaram (não houve nenhum projeto apresentado para a cota de carne ovina).

Segundo o diretor geral do INAC, Eduardo Indarte – que integrou a comissão assessora junto a Guillermo Pigurina e Martín Ferreira -, os projetos foram avaliados “de acordo com a metodologia internacional mais moderna”. Para isso, foram considerados critérios relacionados ao valor intrínseco do projeto, para constituir uma proposta de inovação com relação aos conceitos tradicionais de produção, processamento ou comercialização da carne.

O comparecimento, segundo o diretor, demonstra uma resposta muito boa dos operadores, produtores, frigoríficos e participantes da comercialização, para melhorar a venda de carnes uruguaias.

Uma novidade é que apareceram os produtores vinculados, “o que é gratificante, porque o INAC priorizou o conceito da cadeia de carne”, disse Indarte. Segundo ele, é bom ver como os diferentes elos se integram para melhorar seu negócio, portanto, possibilitar uma melhor contribuição aos interesses do país.

No caminho

Segundo o delegado dos produtores na Junta do INAC, Fernando Mattos, esse foi um “processo histórico”. Segundo ele, o regulamento aprovado premia aqueles produtos que agreguem valor, dinamizem a cadeia e diferenciem os produtos que hoje os mercados consumidores de destino valorizam mais.

Por isso, ele disse que essa iniciativa é uma “velha inspiração dos produtores”, que estimula os projetos inovadores. “É o pontapé inicial que pode dar um subsídio importante para toda a cadeia. Se agregamos um valor de integração às cotas, estamos no caminho certo para sua valorização”.

Projetos

Carne Hereford – Propõe um sistema inovador de rastreabilidade, identificação de características requeridas no mercado mundial para a carne e certificação. O projeto é protegido e reconhecido pela marca Hereford. Inclui o uso de medidas objetivas para avaliar a maciez da carne e uma estratégia de penetração de mercados de um nível de exigência muito alto, tanto em cortes Hilton – a UE -, como nos EUA. Tudo isso em uma integração entre produtores e indústria.

Frigorífico Colônia – Proposta inovadora para valorizar a carne do gado Holandês, mediante obtenção de animais de maior qualidade, o que representa uma interessante oportunidade para o sistema de produção de leite uruguaio. Surge a possibilidade de um produto proveniente do setor leiteiro, com muitas boas chances no comércio de carnes mundial. É inovadora, também, a proposta de aliança entre produtores e frigorífico para obter produtos que respondam a demandas do mercado.

Frigorífico Tacuarembó – Projeto relacionado à organização entre o frigorífico e os produtores, para utilização de um protocolo muito restrito que gera um selo de qualidade de carne orgânica. Um produto diferenciado com boas possibilidades e sobre as quais o frigorífico tem tido avanços importantes com uma boa experiência. A carne entrará no mercado dos EUA com certificação da Secretaria de Estado para carne orgânica, o que a tornará comparável com a melhor carne de qualidade produzida e consumida naquele país.

Frigorífico San Jacinto – Projeto inovador, que valoriza a carne, melhora as possibilidades de exportação, por meio da certificação de carne natural, usando o protocolo do INAC. Surge, neste caso, uma nova forma de aliança entre produtores e frigorífico, uma aposta em nível comercial, agora de carne natural certificada, que já é um programa desenvolvido e teve provas com exportações no ano passado.

Frigorífico PUL – A proposta consiste em uma plataforma de sistema de certificação de carne, com diferentes protocolos e certificações, buscando uma oferta de carne certificada por sua condição natural e orgânica, o que favorece toda sua comercialização. Trata-se de outro exemplo de integração de produtores e indústria. Põe ênfase na geração de grandes volumes de produtores que têm cumprido todas as exigências, para gado orgânico na Europa, e, nos EUA, carne natural, ou as exigências de protocolo de mercado, ou seja, podendo exportar praticamente a qualquer mercado do mundo.

Cotas designadas

Cota Hilton (UE) – Das 6,3 mil toneladas que correspondem ao Uruguai, foram distribuídos 4% no primeiro ano aos projetos inovadores – (termina em junho de 2004). Segundo a pontuação obtida, os projetos receberam as seguintes porcentagens: Carne Hereford – 1,80% (113 toneladas); Frigoríficos Colonia, Tacuarembé e San Jacinto – 0,56% (35 toneladas); Frigorífico PUL – 0,54% (43 toneladas).

EUA – Distribuíram-se 6% das 20 mil toneladas a serem cumpridas entre janeiro e dezembro de 2004. O resultado foi: Frigorífico Colônia – 1,80% (360 toneladas); Frigoríficos Tacuarembó e San Jacinto – 1,19% (238 toneladas); Carne Hereford – 1,14% (228 toneladas); Frigorífico PUL – 0,68% (136 toneladas).

Fonte: El País, adaptado por Equipe BeefPoint

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