A indústria de carnes do Uruguai fechará o ano marcando outro recorde de exportações e gerando cerca de US$ 950 milhões, apesar do processo de forte re-acomodação dos preços e de uma lenta evolução de custos. Porém, os exportadores enfrentaram um cenário onde o dólar perdeu peso relativo frente a outras moedas.
A indústria de carnes do Uruguai fechará o ano marcando outro recorde de exportações e gerando cerca de US$ 950 milhões, apesar do processo de forte re-acomodação dos preços e de uma lenta evolução de custos. Porém, os exportadores enfrentaram um cenário onde o dólar perdeu peso relativo frente a outras moedas.
Para o diretor comercial do grupo Marfrig Alimentos, Marcelo Secco, a perda de força do dólar foi a “maior condicionante da deterioração dos preços e, todavia, se está diante de um processo de canalização das águas”. Ele disse que a crise econômica motivou a carne a sair do cardápio de muitos restaurantes europeus e isso os exportadores sentiram muito. “Na União Europeia (UE), a crise afetou as estruturas de consumo e os operadores não querem assumir riscos. Porém, a carne continua sendo um produto demandado e a UE é altamente dependente da importação”. A crise do setor leiteiro motivou na Europa a liquidação de muito gado, o que fez cair os preços de alguns produtos, como a carne bovina.
No entanto, como no caso do Marfrig, algumas empresas continuam apostando em uma linha de produtos de maior valor agregado. Para Secco, a briga nesse mercado se dará em um cenário de preços muito estáveis e na oportunidade de explorar as cotas. “Aqueles países que têm cotas com vantagens tarifárias terão melhores oportunidades”.
Um pouco melhores são as perspectivas em Israel. Segundo Secco, nesse mercado há estabilidade e a moeda local se valorizou, o que outorga a possibilidade aos distribuidores de lutar por uma melhora dos preços. “Nós, como empresa, estamos tratando de consolidar uma melhor presença no mercado para depois ir melhorando os valores de venda. É um mercado importante e continuará sendo”.
Também para alguns analistas internacionais, como é o caso de Roberto Vázquez Platero, ex-presidente do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC) e ex-ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, se há complicações no mercado de carne, essas são circunstanciais. “Em curto prazo, as coisas estão um pouco complicadas, mas em longo prazo, a carne uruguaia tem um futuro muito bom”.
Essas complicações são notórias, atualmente, nos mercados como Estados Unidos, onde a matéria-prima do Uruguai não está sendo competitiva. São poucos os operadores que fazem negócios de manutenção do mercado nesses dias. Isso porque a pecuária dos EUA enfrenta uma enorme liquidação de ventres bovinos e não há perspectivas de que existam mudanças drásticas que modifiquem a relação.
A crise de consumo, todavia, sacode o mercado. “Em um ou dois anos, uma vez que virarmos a página da crise mundial, o futuro será muito bom, mas agora, as coisas não estão tão mal”.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.