O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai definirá em curto prazo uma política de rastreabilidade pecuária individual de caráter obrigatório, segundo confirmou o diretor de Serviços Pecuários, Francisco Muzio.
“Essa política será promovida em consenso com as entidades rurais”, disse ele, dizendo também que, apesar de não ser iminente, a rastreabilidade individual será uma exigência dos mercados internacionais nos próximos anos.
Muzio afirmou que este é um assunto fundamental e destacou que a União Européia (UE) está reclamando que o Uruguai sinalize tomada de decisões nesta direção. O tema da rastreabilidade pecuária individual já está na MGAP, segundo ele, que disse que, em março passado, uma missão da UE visitou o país para inspecionar a produção de carne de alta qualidade. As autoridades já estavam processando um questionário a partir da missão sanitária européia de 2004 e, em setembro próximo, receberão outra delegação.
Também influenciou nestas definições do MGAP a posição dos Estados Unidos e do Canadá que se encaminham também para sistemas de rastreabilidade individual do gado, o que “torna cada vez mais necessário que o país tenha uma definição neste sentido”.
Muzio disse que já existe uma definição de que o país tem que “buscar a rastreabilidade individual, porque não se trata somente de uma vantagem ao produtor, mas sim, em médio prazo, o país que não adotar este sistema certamente não terá acesso aos mercados, que exigirão isso”.
Em função destas perspectivas, o MGAP está trabalhando na elaboração de uma estratégia com relação à rastreabilidade que deverá incluir um período de análise junto aos setores produtivos e industriais em busca de obter um consenso. Muzio disse que a estratégia para implementar o projeto será cumprida em etapas, nas quais serão dados sinais referentes à forma com que será instrumentado e quando estará todo o rebanho bovino uruguaio com rastreabilidade individual.
Muzio lembrou que o Uruguai já tem uma experiência piloto voluntária que não deu bons resultados, com cerca de 400 mil bezerros identificados de um milhão previsto. “Porém, hoje o cenário mudou, porque as perspectivas que os mercados apresentam como exigência para os próximos anos nos levam a pensar em uma rastreabilidade individual obrigatória”.
Ele disse que esta medida será adotada em curto prazo, mas que se buscará que seja o resultado de um consenso que tenha o apoio dos produtores.
Muzio explicou que os EUA anunciaram que implementarão até 2009 o sistema em seu rebanho bovino e que um caminho semelhante será seguido no Canadá. “A UE está nos perguntando qual será a política do país sobre rastreabilidade, porque as autoridades do governo anterior disseram que estavam encaminhando o Sistema Nacional de Informação Pecuária (SNIG), entre cujas políticas estava a de rastreabilidade individual voluntária”.
Como conseqüência, embora não seja iminente que a UE exija do Uruguai a identificação individual do gado, o que é pedido em curto prazo “o país dará sinais de qual será a política neste sentido”.
Fonte: El Observador (por Hugo Ocampo), adaptado por Equipe BeefPoint
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Individual e obrigatória. Assim procedem os países que querem participar do mercado mundial. Quem não o fizer estará na contramão!
Será que todos estes exemplos não serão suficientes para fazer o Brasil enxergar o óbvio?
E o nosso SISBOV apresentando uma “nova” versão, tão antiquada que penso estarmos voltando a “idade da pedra”.
O maior exportador do planeta quer mudar a sua rastreabilidade sem se preocupar com o que o “seu cliente” pensa disso.
Somos levianos e iremos perder o mercado externo. Se a pecuária está ruim agora, pior vai ficar, se a carne que hoje exportamos ficar aqui “dentro”.
Lamentável que o Uruguai e Argentina estejam sempre a nossa frente no mercado de carnes!
Só para se ter uma idéia de tamanho, nasce por ano no Brasil exatamente a totalidade do rebanho existente na Argentina.