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Uruguai vê com otimismo missão feita no México

Foi dado um passo importante. Assim resumiu o diretor do Instituto Nacional de Carnes (INAC), José Costa, representando a Associação da Indústria Frigorífica do Uruguai (Adifu), o resultado da missão que o país sul-americano fez nos últimos dias no México em busca de agilizar as ações para que este mercado reabra para as carnes uruguaias.

A delegação uruguaia, integrada também pelo vice-presidente do INAC, Jorge Romero Cabrera, e pelo delegado da Federação Rural, Luis Alfredo Fratti, contou também com a presença do diretor geral dos Serviços Pecuários do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), Recaredo Ugarte, com o objetivo de apressar tanto os trâmites oficiais como os privados.

“Nós viemos com a promessa do par mexicano de Ugarte, José Angel Del Valle Molina, de que em poucos dias haverá uma resposta de seu país sobre o que foi a análise de risco cumprido em julho do ano passado, quando veio ao Uruguai uma missão do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte)”, informou Costa.

Ugarte apresentou a Del Valle Molina as conclusões a que chegaram tanto os Estados Unidos como o Canadá neste sentido, entregando a ele cópias dos mesmos: o Canadá já está importando carne uruguaia e os EUA iniciaram seu processo legal para permitir esta importação – estima-se que será finalizado em maio/junho -, entendendo-se em ambos os casos que o Uruguai não apresenta riscos de transmitir febre aftosa através de suas exportações de carnes desossadas e maturadas.

“Ugarte foi muito contundente na reunião. Dados os resultados do Canadá e dos EUA, o México não deverá ter maiores diferenças com seus sócios, uma vez que a missão (do Nafta) contou com inspetores dos três países”, disse Costa, informando que Ugarte aproveitou a oportunidade para convidar Del Valle Molina a participar da Reunião Regional da Oficina Permanente Internacional de Carne (OPIC), que acontecerá em Punta Del Este no final de março, onde terá a oportunidade, por si mesmo, de conhecer um pouco mais sobre a realidade da cadeia agroindustrial de carnes uruguaia.

Costa valorizou a disposição e o compromisso assumido pela máxima autoridade sanitária do México que aproveitou o encontro para informar a Ugarte que outras oito fábricas uruguaias tinham sido autorizadas para exportar leite a seu país.

Além da solução referente ao aspecto sanitário, “o que não é pouco”, segundo Costa, ficam ainda por serem resolvidos outros aspectos relevantes, como o político. “O México não é o Canadá nem os EUA. Os três integram o Nafta, mas cada um tem critérios independentes. A prova disso é que o Canadá já abriu e os EUA estão em processo de abrir o que levará alguns meses”.

Neste sentido, estabeleceu-se que na nação asteca haverá eleições legislativas nos primeiros dias de junho, um tema que poderá pesar nas decisões, “considerando que ultimamente o governo vem tendo problemas com os setores agropecuários de seu país devido a assuntos referentes ao Nafta”. Costa disse também que a entrada da carne uruguaia poderá servir à administração do presidente Vicente Fox como um elemento antiinflacionário, porque atualmente o país importa carne dos EUA e de outros provedores que são mais caros que o Uruguai.

Apesar do Canadá e dos EUA constituírem dois mercados muito bons para as carnes uruguaias, a abertura do mercado mexicano significaria uma realização um pouco menos vital para a indústria uruguaia. “Enquanto nos EUA contamos com uma cota de 20 mil toneladas e, ultrapassando esta cota, temos que pagar tarifas para continuarmos vendendo, no Canadá, não temos cota, mas dependemos dos importadores que as manejam. No México, se pode ingressar pagando apenas uma taxa de 11% com o volume que quisermos”.

Para Costa, ingressar no México, além de otimizar as exportações a todo o Nafta, significa também a complementação dos cortes, fazendo com que o Uruguai obtenha mais e melhores alternativas comerciais. Isto porque, enquanto o Canadá e os EUA compram basicamente cortes dianteiros e carnes para processar, o México demanda mais cortes traseiros, de maior valor.

Durante a missão, a delegação do INAC manteve contatos tanto com os importadores como com os grandes vendedores de varejo. “Eles têm grande interesse que entremos. Já sabem o que é fazer negócios conosco, conhecem bem o produto e confirmaram a aceitação dos clientes por nosso produto”.

De qualquer forma, Costa disse que o Uruguai terá que esperar os acontecimentos, lembrando que o México tem suas próprias formas de administrar as coisas. “Antes, quando os EUA nos reconheceram como livres de aftosa e começou a comprar de nós, eles abriram seu mercado um ano e meio depois”.

Fonte: El Pais, adaptado por Equipe BeefPoint

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