O fluxo comercial das carnes uruguaias à Europa está lento, mas a queda da produção nesse continente mantém firme o interesse dos importadores. A Rússia lidera as compras em volumes e ocupa o segundo lugar em termos de preços.
O fluxo comercial das carnes uruguaias à Europa está lento, mas a queda da produção nesse continente mantém firme o interesse dos importadores. A Rússia lidera as compras em volumes e ocupa o segundo lugar em termos de preços.
A instabilidade do euro frente ao dólar está obrigando os importadores europeus de carne a atuar com extrema cautela, de forma que as compras se limitam exclusivamente ao necessário, tornando lento um mercado que, no entanto, mantém seu interesse diante da queda da própria produção.
O assessor da Câmara da Indústria Frigorífica do Uruguai, Daniel Belerati, considera que o impacto dessa crise europeia no comércio de carnes do Uruguai é equivalente a um “poço de ar” em um vôo de avião. Para ele, o lógico é que o mercado continue se comportando como está fazendo agora, ou seja, com muita cautela. O analista disse que os importadores compram estritamente o necessário, já que, com uma instabilidade tão grande da moeda europeia, o comprador assume um risco importante ao fechar a operação de câmbio. Isso leva à situação de o mercado trabalhar sobre pedido e o negócio fechado, ou seja, vende-se um contêiner, faz-se a operação de câmbio e, assim, fecha-se a compra.
Para Belerati, devemos esperar uma certa instabilidade inicial até que, em poucas semanas, o mercado volte a ter tranquilidade. “O interesse não tem caído, principalmente pensando que os países mais problemáticos, como Grécia e Espanha, não são clientes de grandes volumes do Uruguai”. Por sua vez, ele considerou que a Europa seguirá necessitando de carne bovina, porque cada dia produz menos. “O mercado não desaparecerá, mas hoje, estamos vivendo um momento de turbulência”. Ele disse que o momento atual é muito diferente do que se viveu em outubro de 2008, quando desapareceram mercados de um dia para o outro, como é o caso da Rússia.
Outro fator que Belerati considera que está incidindo na conjuntura é que a Argentina está pressionando muito o mercado, já que está terminando o prazo para a venda de cota Hilton. “O Governo argentino habilitou essa cota em 29 de abril, de forma que, em um prazo de 35 dias aproximadamente, até 5 de junho, o país precisa exportar 20.000 toneladas de cota Hilton”, o que aumenta a pressão. No caso do Uruguai, já estão terminando as últimas partidas para completar sua cota Hilton de 6.300 toneladas.
Quanto à Rússia, Belerati disse que é um mercado que atualmente está muito ofertado, sobretudo pelo Uruguai e pelo Brasil, ainda que também haja carne paraguaia em bom nível de oferta. Os preços têm tido escassas quedas e o mercado se mantém firme.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.