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USDA: Brasil investe no desenvolvimento da pecuária

O poder de exportação de produtos agrícolas do Brasil é resultado de uma estratégia deliberada que começou no começo dos anos noventa, de acordo com um relatório divulgado pelo Serviço Agrícola Externo (Foreign Agriculture Service – FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Após descartar a política de substituição das importações pela industrialização, que por anos prejudicou a agricultura desviando recursos estatais para o desenvolvimento industrial, o Brasil tem agora adotado a agricultura como forma de gerar receitas de exportação e estimular a geração de empregos nas áreas rurais. O setor de carnes é particularmente considerado um canal importante de exportações de valor agregado.

Os investimentos no setor de carnes têm sido mais notáveis nas regiões sul e sudeste do país, onde geralmente há maior quantidade e melhor acesso à infraestrutura marítima. Os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, que representam menos de 10% da região total do país, englobam 37% da população e 51% do PIB; estes estados também são responsáveis pela produção de 70% de carne de aves, 49% de carne suína e 26% de carne bovina.

Apesar de a maioria das exportações brasileiras de carnes ainda se originar destes quatro estados, a região do Cerrado, que inclui 1,5 milhão de quilômetros quadrados localizada no planalto central de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, é a nova fronteira de desenvolvimento agrícola de larga escala. Já bem conhecida pela produção de milho e soja, o Cerrado brasileiro é também bem adaptado para a produção de aves e gado.

Com abundante oferta de alimentos para os animais, baixo custo da terra e relativamente baixas regulamentações ambientais, o Cerrado tem um vasto potencial para a produção de carnes. Quase metade dos rebanhos bovinos de corte do Brasil, que são rebanhos de raças zebuínas alimentados a pasto, está localizada no Cerrado. A produção de carne de aves também quase dobrou nos seis anos entre 1997 e 2002.

Carne bovina


Em 2003, o Brasil ultrapassou os EUA se tornando o segundo maior exportador mundial de carne bovina depois da Austrália. Na última década, a indústria de carne bovina brasileira foi atrás de melhoramento genético e inovações tecnológicas para aumentar a produtividade. A idade média de abate, por exemplo, caiu de 54 para 38 meses. Apesar de a indústria ainda ser relativamente fragmentada, a produção de carne bovina está cada vez mais orientada para exportação. Hoje, há cerca de 600 mil produtores, mas menos de 5% destes produtores têm rebanhos de mais de mil cabeças. Além disso, as exportações de carne bovina, como uma porcentagem da produção total, aumentaram de 5% em 1990 para cerca de 16% em 2003. Como a produção de carne bovina é predominantemente feita com animais alimentados a pasto (somente 5% da produção brasileira se origina de animais confinados), o Brasil também tem trabalhado para capitalizar no risco mínimo de encefalopatia espongiforme bovina (EEB).

Em 2004, o Brasil espera exportar 1,35 milhão de toneladas de carne bovina e provavelmente ultrapassará a Austrália como maior exportador mundial de carne bovina. Apesar de a União Européia (UE), o Chile e o Egito provavelmente continuarem sendo os principais mercados de exportação da carne bovina brasileira, os exportadores brasileiros estão tentando reduzir as preocupações referentes à febre aftosa para atingir os lucrativos mercados da Ásia, particularmente da China e do Japão. Seguindo um modelo bem sucedido de exportação de carne de frango, as exportações de carne bovina do Brasil estão progressivamente enfatizando o alto valor dos produtos. Cortes frescos resfriados de carnes, por exemplo, aumentaram de 6% do total de exportações de carne bovina em 1998 para 20% em 2003.

Fonte: Foreign Agriculture Service, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (FAS/USDA), adaptado por Equipe BeefPoint

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