Curtumes diminuem o ritmo de industrialização do couro em Goiás para amenizar os efeitos da queda de cerca de 35% nos preços do produto, no decorrer dos últimos seis meses. Em janeiro, o quilo do couro verde, ou seja, sem nenhum beneficiamento, valia R$ 2,40. Agora está em R$ 1,55, informa o presidente do sindicato da categoria, o empresário João Essado.
A queda começou em abril, motivada pela redução da demanda no mercado interno, inicialmente, e depois também no externo. A indústria calçadista nacional vem substituindo, de forma crescente, o couro por matérias-primas sintéticas, que fazem a diferença no custo e aperfeiçoam-se cada vez mais na imitação, estratégia que tem conseguido atrair os consumidores. Além disso, há um outro fato que está agravando os problemas do setor, que seria a taxa de 9% aplicada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), sobre as exportações do couro wet-blue (ou semicurtido). Segundo o empresário Emílio Bittar, proprietário da Coming Indústria e Comércio de Couros Ltda e diretor do Sindicato das Indústrias de Curtumes e Correlatos do Estado de Goiás, a taxa já vinha dificultando os negócios desde dezembro do ano passado. Bittar explica que a taxa do governo foi anunciada como forma de desestimular as vendas sem o processamento completo, que agrega valor ao produto mas, no seu entender, a taxa tem atrapalhado o comércio, descapitalizando o setor. Ela vigora até 30 de novembro e ele receia que seja renovada.
O empresário afirma que as indústrias goianas vêm tentando fazer o completo beneficiamento para agregar mais valor ao produto, mas isso depende do setor calçadista, já que a demanda pelo couro acabado é a melhor forma de levar os curtumes a se aprimorar. Foi a criação dos pólos calçadistas de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e de Franca, em São Paulo, que motivou o progresso da indústria do couro naqueles Estados, arremata.
Fonte: O Popular/GO (por Marly Paiva) , adaptado por Equipe BeefPoint.