Síntese Agropecuária BM&F – 31/03/2005
31 de março de 2005
3ª Etapa do Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças
4 de abril de 2005

Uso de dietas com altos níveis de concentrado

O uso de dietas com altos níveis de concentrados passou a ser avaliado de forma diferente pelos nutricionistas de bovinos, devido ao aumento da produção agrícola de grãos nos últimos anos. Juntamente ao crescimento da produção de grãos, houve também aumento na disponibilidade de resíduos oriundos desses grãos, como os farelos de soja e algodão. Com isso, houve um estreitamento na diferença do custo por unidade de energia da dieta entre volumoso e concentrado, havendo inclusive situações onde o custo por unidade de energia da dieta no concentrado é mais barato do que no volumoso. Por essas razões, observou-se aumento na proporção de concentrados em dietas de bovinos de corte confinados.

Ribeiro et al., (2002) avaliaram as características de carcaça de tourinhos confinados com dietas de 79, 85 e 91% de concentrado. Foram utilizados animais com 3/4 de sangue europeu e 1/4 Zebu, com aproximadamente 257 kg de peso vivo e 9 meses de idade, sendo abatidos com 13 meses e 435 kg. O volumoso utilizado como fonte de fibra da dieta foi o bagaço de cana cru, outro subproduto de baixo custo da agroindústria. As composições das dietas experimentais estão descritas na tabela 1.

Tabela 1. Composição das dietas experimentais em porcentagem da matéria seca.


Os autores observaram maiores deposições de gordura para os tratamentos com maiores níveis de concentrado na dieta, com maior deposição de gordura renal e pélvica para os tratamentos 9 e 15% em relação ao tratamento com 21% de bagaço de cana. Houve também tendência de maior espessura de gordura subcutânea para os tratamentos com maiores níveis de concentrado na dieta (tabela 2). Apesar de haver maiores deposições de gordura para os animais com maiores teores de concentrado na dieta, não foram observados diferentes rendimentos de carcaça para esses animais, com valores de aproximadamente 57% para todos os tratamentos.

A utilização de baixos níveis de fibra em dietas de alto concentrado para bovinos inteiros jovens confinados, não altera a composição física das carcaças.

Tabela 2. Características de carcaça, composição física e peso das carcaças


Em relação à maciez, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos, havendo resposta ao processo de maturação. Os cortes foram submetidos a 7 e 14 dias de maturação, sendo observado melhora na maciez com o aumento do tempo de maturação (Tabela 3). A maciez foi avaliada através dos valores de força de cisalhamento.

Tabela 3. Médias de força de cisalhamento dos músculos Supraspinatus e Longissimus dorsi.


Foram observados menores valores de força de cisalhamento para o corte Supraspinatus, classificado como de segunda, em relação ao músculo Longissimus dorsi, considerado corte de primeira. Esse fato provavelmente ocorreu devido ao tamanho das carcaças e da cobertura de gordura. Carcaças menores e com espessura de gordura menor são mais susceptíveis ao encurtamento das fibras pelo resfriamento.

Referências bibliográficas

RIBEIRO, F.G.; LEME, P.R.; BULLE, M.L.M.; LIMA, C.G.; SILVA, S.L.; PEREIRA, A.S.C.; LANNA, D.P.D. Características de carcaça e qualidade da carne de tourinhos alimentados com dietas de alta energia. Rev. Soc. Bras. Zootec., v. 31, p. 749-756, 2002.

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