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Uso de sal proteinado em pastagens de grama estrela roxa

Durante o período seco, tornou-se prática comum a substituição do sal mineral por sal proteinado. Esse manejo tem como objetivo minimizar a baixa digestibilidade da forragem, que apresenta-se em elevado estágio de maturação. Com o avanço da maturação nas forrageiras, ocorre diminuição da porção do conteúdo celular, e aumenta as frações estruturais da planta. As frações estruturais da planta são compostas basicamente por FDA e lignina, compostos de baixa digestibilidade, que proporcionam menores taxas de passagem de alimentos pelo rúmen, diminuindo a capacidade de ingestão do animal.

A deficiência de nitrogênio ruminal, causada pelos baixos teores de proteína da forragem durante a seca, limita o crescimento de microorganismos ruminais, principalmente bactérias celulolíticas, responsáveis pela degradação de fibras do conteúdo ruminal. Segundo Segundo Minson & Milford (1965) citados por Minson (1990) o nível mínimo de PB na forragem, para que não ocorra diminuição da ingestão voluntária, é de 7%.

O simples aumento dos teores protéicos do material ingerido não é uma garantia de maior suprimento intestinal de proteína por unidade de matéria seca ingerida, ou maior quantidade de proteína absorvida. Tal eficiência no aproveitamento da fração protéica dependeria da disponibilidade de energia para os microorganismos ruminais utilizarem a amônia oriunda da proteína degradada.

Acredita-se que em condições de pastagens tropicais, durante o período de secas, ocorra tanto deficiência de proteína degradável no rúmen (PDR), quanto de proteína não degradável no rúmen (PNDR).

Moreira et al. (2003) avaliaram o uso de sal mineral (SMI) ou sal proteinado (SMP) para crescimento e terminação de bovinos em pastejo durante o período de secas. O sal proteinado foi formulado com milho, farelo de soja e uréia, para a obtenção de uma mistura com 40%PB e 1500 Kcal/kg de matéria seca (baixa energia) do suplemento. Foram utilizados animais cruzados em pastagens de grama estrela (Cynodon plectostachyrus) com disponibilidade média de 3643 kg/matéria seca/ha; proteína bruta 4,5%; 79,9% FDN e 51,5% FDA (Tabela 1). As condições descritas acima mostram um ambiente bastante comum nos sistemas de produção de bovinos de corte do Brasil.

Tabela 1. Composição bromatológicas das pastagens nos diferentes tratamentos.


O consumo médio do suplemento foi de 0,07% do peso vivo/cabeça/dia (baixo consumo). Não foram observadas diferenças em ganho de peso entre o tratamento sal mineral e sal proteinado tanto para animais em crescimento, como para animais em terminação (Tabela 2). O fato de não haver diferença em desempenho para os animais desse trabalho pode ser explicado pelo baixo consumo dos suplementos (baixa energia), juntamente com a qualidade da forragem disponível. Ao analisarmos os valores de PB médio de folhas e colmos de aproximadamente 6%, mais a capacidade de seleção dos animais durante o pastejo, pode-se supor que o valor de PB do material ingerido esteja próximo de 7%, valor citado por Minson (1990) como mínimo para que não ocorra queda na ingestão voluntária de alimentos. Portanto, nas condições citadas acima, um suplemento protéico de baixo consumo não traria melhoras no desempenho.

Tabela 2. Peso vivo inicial, final, ingestão média diária do suplemento, ganho médio diário e ganho de peso vivo por hectare.


Os resultados mostram que a suplementação deve ser muito bem planejada para cada situação específica, não sendo possível generalizar estratégias de suplementação. Na programação para a suplementação de bovinos de corte, o produtor deve ter em mente qual o objetivo a ser alcançado, as categorias a serem suplementadas e as condições de pastagens naquele momento. Só assim toma-se a decisão de qual estratégia de suplementação utilizar, se concentrada ou volumosa, se protéica ou energética, e de baixo ou alto consumo. Nas condições atuais da bovinocultura de corte, com custos de insumos elevados e pequena margem de lucro, é extremamente importante uma decisão acertada no momento do planejamento alimentar do rebanho.

Referências bibliográficas

MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. San Diego: Academic Press, 1990, cap. 2, p. 9-58.

MOREIRA, F.B; PRADO, I.N.; CECATO, U.; WADA, F.Y.; NASCIMENTO, W.G.; SOUZA, N.E. Suplementação com sal mineral proteinado para bovinos de corte, em crescimento e terminação, mantidos em pastagens de grama estrela roxa (Cynodon plectostachryus) no inverno. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia. V. 32, n. 2, p. 449-455, 2003.

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