A velha lei que baliza o mercado da soja, vender quando o preço reage e garante a cobertura dos custos e um percentual de lucro, também está valendo, mais do que nunca, para o mercado do boi. Especialistas de mercado frisam que vender a arroba antes de entregá-la, continua sendo a melhor maneira de driblar as baixas de mercado e assegurar renda.
“É hora de fechar negócios. Mas não se fecha tudo em um único dia. O certo é acompanhar o mercado. Deu preço bom, fecha um pouco hoje, outro depois, mas o fundamental é estar acompanhando para aproveitar os picos de mercado”, orienta o diretor de Mercados Agrícolas da Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F), Félix Schouchana
Ele resume que mercado futuro de boi é simplesmente quando se vende com antecedência o boi antes de estar pronto para o abate. O pecuarista tem vários dias para tentar alcançar um preço melhor. “A idéia geral não é de vender o boi somente quando ele estiver pronto, e sim, vender agora em um preço bom e entregar depois”.
A arroba do boi gordo, com preço base de São Paulo, está estimada para atingir cerca de R$ 65 e R$ 66 a arroba durante a entressafra. Atualmente, com valor de mercado a R$ 57, em Mato Grosso o deságio é de cerca de R$ 6 por arroba. “A transação futura hoje, proporcionaria ao pecuarista um bom negócio. Se por exemplo, em outubro, algum fator externo, doenças, secas, pressionar a arroba para R$ 59, o pecuarista, que firmou contrato tem assegurado os R$ 66 do mercado futuro. Se acaso a arroba subir, as diferenças entre a compra e a entrega, são diluídas no dia-a-dia de mercado e não há perdas. O mercado futuro funciona como um seguro”, explica Schouchana.
Ele acrescenta que hoje já há sinalizações para a entressafra de 2006, base São Paulo, de R$ 66,40 e R$ 66,30. “Não se pode esquecer que venda no mercado físico muitas vezes não cobre os custos”, aponta.
Em outro exemplo, Schouchana esclarece melhor a operação. “Vender a arroba a R$ 70 no mercado futuro o pecuarista tem certeza de que esse valor é dele, já está travado este preço. Feito o contrato, se a cotação subir ou cair, os R$ 70 estão assegurados. O mercado futuro nada mais é do que fixar um preço de venda antes de vender ou fixar um preço de compra antes de comprar. Se eu vendo a R$ 70 hoje para entrega em outubro, esse preço não cai de uma hora para outra para R$ 60, por exemplo. Ele vai oscilando, e nestas diferenças, há a troca de dinheiro entre comprador e vendedor. Os valores se adequam e o residual não fica postergado e acumulado para o final do contrato”, reforça.
O diretor geral da Bolsa, Edemir Pinto, revela que 70% e 80% das empresas e produtores de pequeno e médio porte da América do Norte utilizam-se de instrumentos derivativos para comercialização de seus produtos, ou seja, operaram no mercado futuro. “No Brasil, menos de 5% lançam mão deste instrumento”.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT, adaptado por Equipe BeefPoint