A indústria de carne bovina do Canadá perdeu um valor estimado de Cdn$ 3,3 bilhões (US$ 2,51 bilhões, na cotação de 18 de novembro) desde que detectou seu primeiro e único caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca”, há seis meses, de acordo com um novo estudo divulgado na sexta-feira (14).
O impacto representa “a grande ameaça e o choque que a indústria agropecuária canadense nunca tinha vivenciado”, disse o relatório, escrito pela Serecon Management Consultants Inc., de Edmonton, para uma coalizão de indústrias do país.
“Bovinos precisam ser abatidos, os produtores poderão deixar o setor, e as comunidades rurais poderão ter de encarar uma redução de custos”, alertou o relatório.
A crise no setor pecuário do Canadá teve início a 20 de maio, quando oficiais do governo revelaram que uma vaca de Alberta, doente, imprópria para consumo humano, apresentou resultado positivo no teste para EEB.
Os Estados Unidos e outros mercados de exportação, os quais tinham comprado mais de 60% da carne bovina e dos bovinos canadenses, fecharam suas fronteiras ao país, levando sua indústria ao caos. No começo de setembro, depois de uma ampla investigação sobre a indústria canadense de carne bovina, oficiais dos EUA abriram suas fronteiras a tipos limitados de carnes de animais jovens. Eles propuseram regras para permitir a entrada de bovinos e de mais cortes de carne bovina do país vizinho, os quais estão sob período de consulta pública.
O novo estudo, que assume que as atuais barreiras comerciais continuarão até o começo de 2004, revelou que a indústria de carne bovina do Canadá perdeu Cdn$ 1 bilhão (US$ 0,76 bilhão) em exportações de carne.
Neste contexto, os processadores de carne enfrentam um aumento de custos de Cdn$ 500 milhões (US$ 381,12 milhões) porque não têm mercado para miúdos ou ossos, usadas na alimentação de suínos e aves, informou o estudo. Esses custos têm significado menores preços para estabelecimentos de engorda e para os pecuaristas, bem como para os produtores de suínos.
Os estabelecimentos de engorda perderam Cdn$ 192 milhões (US$ 146,35 milhões), apesar dos programas de auxílio do governo. Os produtores que normalmente exportam bovinos vivos como estoques para cria ou para estabelecimentos de engorda dos EUA perderam um valor estimado de Cdn$ 700 milhões (US$ 533,57 milhões), demonstrou o relatório.
Os produtores deverão perder cerca de Cdn$ 850 milhões (US$ 647,91 milhões) durante o inverno e mais de 1,1 milhão de bovinos mais velhos.
Apesar de o comércio de carne bovina oriunda de animais considerados muito jovens para o desenvolvimento de EEB estar com perspectivas de retomada, oficiais do governo do Canadá dizem esperar que o comércio de carnes de animais mais velhos fique proibido no futuro próximo. Os preços desses animais caíram 75% desde maio, segundo o relatório.
Não incluída nos Cdn$ 3,3 bilhões (US$ 2,51 bilhões) estão os custos de Cdn$ 1,8 bilhão (US$ 1,37 bilhão) para as indústrias secundárias, envolvendo transportadoras, companhias de ração, veterinárias e outras fornecedoras.
Fonte: Reuters (por Roberta Rampton), adaptado por Equipe BeefPoint