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Vaca louca impulsiona novas tecnologias de rastreamento

Os olhos de uma vaca podem funcionar como uma janela para a história inteira de sua vida. Pelo menos, essa é a teoria do ex-administrador de fazendas, Brian Bolton. Sua empresa, a Optibrand, de Fort Collins, no Colorado (EUA), inventou um dispositivo que os produtores rurais podem usar para fazer leitura óptica das retinas das vacas para que elas possam ser rastreadas ao longo de cada etapa do processo de produção da carne bovina.

O padrão das veias na retina de cada animal é único. O mesmo se aplica às ovelhas, inclusive as clonadas, como a Optibrand provou ao “escanear” as retinas de gêmeos clonados da falecida Dolly.

A Optibrand é uma das muitas empresas que estão se posicionando em um setor que ficou obcecado pelo rastreamento do gado bovino. Desde a descoberta de um caso da doença da “vaca louca” nos Estados Unidos, a secretária da Agricultura dos EUA, Ann Veneman, transformou a identificação de gado em prioridade nacional. A missão se tornou ainda mais urgente este mês, quando cientistas na Itália apresentaram evidências de que pode existir mais de uma variante da doença.

O plano do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) pede o aperfeiçoamento de uma tecnologia que possa rastrear a origem de qualquer doença, seja o mal da “vaca louca” ou a febre aftosa, em até dois dias a partir do começo do surto.

O órgão recomenda que todos os rebanhos nos EUA sejam marcados com dispositivos de identificação por radiofreqüência (RFID, na sigla em inglês), para que possam ser rastreados enquanto se deslocam entre fazendas e, por fim, para os abatedouros. A informação sobre a origem e a localização dos animais será armazenada em um banco de dados nacional. A RFID é a tecnologia preferida, mas a leitura óptica retinal, chips de computador implantáveis e a rápida validação de DNA também são opções. “Há espaço para todas essas tecnologias”, disse o diretor nacional de identificação animal do USDA, John Wiemers.

A repercussão perturbadora do único caso de “vaca louca” nos EUA ilustra o desesperador grau de necessidade de se implementar um plano de identificação e de testes rápidos. Quando o USDA encerrou a investigação sobre o animal em 9 de fevereiro, seus representantes admitiram que não conseguiram encontrar 11 vacas que podem ter comido a mesma ração consumida pelo animal infectado. Sua incapacidade de provar que esse animal teria sido um caso isolado poderá custar ao setor US$ 4 bilhões em perda em vendas este ano, devido ao embargo à exportação e à queda nos preços da carne bovina, avalia Chris Hurt, da Purdue University.

Para as empresas de tecnologia, esse desastre pode ser uma oportunidade para fincar um pé no estábulo. Entre as empresas que lideram o esforço para rastrear vacas está a Texas Instruments, que produz tecnologia RFID para gado, em parceria com a Allflex, de Dallas. Cada animal recebe um código numérico que é programado no brinco e em seguida lido opticamente com um aparelho portátil ou fixo, a cada vez que a vaca chega a um novo local na cadeia de produção.

Outra opção seria inserir dados de identificação em microchips implantados nas orelhas das vacas ou sob sua pele. Esses processadores poderiam ser lidos por leitores ópticos portáteis. Além disso, algum dia eles poderão oferecer outros benefícios. A Digital Angel Corp, sediada em St. Paul, no Estado de Minessota, vende chips implantáveis para gado, bem como para gatos e cachorros domésticos. Atualmente seus pesquisadores estão desenvolvendo um chip que monitora constantemente a temperatura do animal para alertar sobre doenças.

O futuro da pecuária chegará cobrando um preço alto. Um programa nacional de identificação poderá custar US$ 600 milhões ao longo de cinco anos, porém o projeto orçamentário de Washington para 2005 só provisiona verbas de US$ 33 milhões. A tecnologia de rastreamento custará ao produtor médio entre US$ 5 e US$ 20 por cabeça de gado, dependendo do sistema que escolher. Mesmo assim, “trata-se de um custo que nosso setor precisará assumir”, disse Ken Conway, dono da GeneNet, uma aliança de produtores de carne bovina, muitos dos quais já estão usando o RFID.

Fonte: Valor OnLine, adaptado por Equipe BeefPoint

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