Os consumidores dos Estados Unidos poderão reduzir a demanda por carne bovina logo após o caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) ou doença da doença da “vaca louca” registrado na terça-feira no Canadá, mas analistas não acreditam que as vendas de carne bovina nos EUA serão seriamente afetadas, a menos que mais casos sejam registrados.
As notícias divulgadas na terça-feira de que o Canadá tinha apresentado seu primeiro caso de EEB em uma década gerou pânico entre os investidores porque a doença, que ficou por muito tempo confinada na Europa e no Japão, está agora no país vizinho, ameaçando a indústria de carne bovina local de US$ 60 bilhões.
“Eu acho que isso terá um leve impacto na demanda por carne bovina dos EUA”, disse o analista da indústria de alimentos do Bank of América, Todd Duvick. “Eles (Canadá) têm controles de prevenção similares aos do EUA. Eu acho que isso levanta algumas dúvidas em termos de ser suficiente”.
O medo surgiu em um momento em que os consumidores dos EUA estão comprando steaks e hambúrgueres para o feriado de Memorial Day (feriado dos EUA em homenagem aos mortos nas guerras e em conflitos próprios, que o país participou), um dos períodos de maior consumo de carne bovina do ano.
As vendas de carne bovina caíram na Europa no final da década de noventa e no Japão no começo desta década após a descoberta de casos de EEB nestes locais. Isto porque se acredita que o consumo de carne bovina oriunda de animais infectados com a doença possa transmitir às pessoas uma forma variante da enfermidade, chamada de doença de Creutzfeldt-Jakob, que já matou mais de 125 pessoas na Europa, principalmente no Reino Unido.
“Tudo indica que este é um caso isolado”, disse o analista da indústria de alimentos de Merryl Lynch, Leonard Teitelbaum. “Se a “vaca louca” atingisse os EUA, experiências na Europa e no Japão nos levam a acreditar que o consumo de carnes de forma geral cairia, com um maior impacto na carne bovina”.
Ações das redes de hambúrgueres McDonald’s Corp. e Wendy’s International Inc. caíram na terça-feira, bem como ações da companhia Tyson Foods Inc., devido às preocupações referentes à possível queda na demanda. O pânico parece ter se reduzido na quarta-feira, e algumas ações já estavam mais altas.
Para manter a doença fora do país, os EUA não importam carne bovina nem bovinos de países que têm a doença. A indústria pecuária dos EUA parou há anos de alimentar animais com carne e farinha de ossos, que são suspeitas de disseminar a doença.
Na terça-feira, os EUA baniram as importações de bovinos e de carnes do Canadá, que no ano passado exportou mais de 1 milhão de bovinos e cerca de 453,592 milhões de quilos de carne bovina ao país.
“Se o consumo de carne bovina cair como resultado do medo dos consumidores, isso poderia afetar os preços dos bovinos e a indústria pecuária representa 20% da receita rural”, disse o economista agrícola da Universidade de Purdue, Chris Hurt. Entretanto, Hurt disse que uma barreira de longo prazo à carne bovina e aos bovinos canadenses poderia elevar os preços dos bovinos. Cerca de 9% da carne bovina fornecida nos EUA vêm do Canadá e a perda desta carne poderia levar ao aumento dos preços dos bovinos nos EUA.
Fonte: Reuters (por Bob Burgdorfer), adaptado por Equipe BeefPoint