As consequências da falta de uma política eficiente para o sistema de rastreabilidade no Brasil refletem em cheio nas exportações da carne bovina brasileira. A notícia de que o Brasil só conseguiu atingir 25,32% da cota Hilton, foi analisada como conseqüência da ineficiência do governo federal em fazer as auditorias nas propriedades do sistema ERAS/Sisbov e a rigidez das regras impostas pela União Européia para que o produtor tenha a certificação.
As consequências da falta de uma política eficiente para o sistema de rastreabilidade no Brasil refletem em cheio nas exportações da carne bovina brasileira. A notícia de que o Brasil só conseguiu atingir 25,32% da cota Hilton, foi analisada como conseqüência da ineficiência do governo federal em fazer as auditorias nas propriedades do sistema ERAS/Sisbov e a rigidez das regras impostas pela União Européia para que o produtor tenha a certificação.
“Essa é mais uma conseqüência da falta de prioridade por parte do governo federal com relação a rastreabilidade, bem diferente do que acontece na Argentina, por exemplo. Isso pode ser constatado na cota Hilton onde a Argentina cumpriu praticamente 100% da cota, mesmo tendo um rebanho de 50 milhões de cabeças”, disse o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
A situação está tão crítica que o Brasil busca alternativas e fala de flexibilização das regras da UE para que haja mais fazendas aptas a produzir gado para exportar. Para Vacari, a flexibilização é necessária, mas isso somente não vai resolver o problema. “O sistema é muito rigoroso, além do necessário, mas se ele não for prioridade do governo federal não vai funcionar. Aqui no Brasil a responsabilidade da rastreabilidade do gado é toda do produtor e quando ele decide investir, encontra uma barreira enorme e lenta por parte do governo federal que não consegue auditar as propriedades”, disse o superintendente da Acrimat.
Ele disse ainda, que investir na cota Hilton já é uma maneira de ajudar os frigoríficos a saírem da crise e toda cadeia produtiva, “pois ela é uma parcela importante de exportação de carne bovina de alta qualidade e valor que a União Européia concede anualmente a países produtores e exportadores de carnes. Um boi rastreado tem um valor agregado de até 10% e isso faz muita diferença”. Hoje 492 propriedades de Mato Grosso aguardam a auditoria oficial para fazer parte das propriedades aptas à exportar carne in natura para os mercados que exigem o Eras/Sisbov. Apenas 203 propriedades estão aptas à exportar para União Européia.
As informações são do Diário de Cuiabá, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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O descaso do governo é total!
O comprometimento dos frigoríficos também!
Existem notícias de que o “prêmio” pago pelo frigorífico pelo boi da lista TRACE desapareceu.
Agora a realidade é a seguinte: O pecuarista arca com toda a responsabilidade da rastreabilidade, custos, etc. e vende um boi pelo mesmo preço ou mais barato que um boi “comum”.
Resumindo, o pecuarista tem que tirar do bolso para poder vender boi para a UE.
O pecuarista vai vender um boi mais barato que o destinado para o mercado interno e ainda passar e pagar por frequentes auditorias só pelo fato de que sua carne vai para UE?
Só se for louco para o pecuarista aderir ao SISBOV!!!!
Assim como o Brasil vai conseguir cumprir sua nova cota hilton de 10.000 ton??
Caro Rodrigo, o SISBOV foi a famosa “solução à procura de um problema”.
Tínhamos rastreabilidade total com o sistema adotado há décadas, com GTA, nota fiscal, marca de fogo, inspeção federal no abate.
Os ingênuos acharam que a complicação da identificação individual traria mais garantias ao consumidor, já que a produção de carne apenas pelos mais “capazes” seria por si só sinônimo de “qualidade”. Rapidamente foram apoiados pelos “espertos”, que viram na reserva de mercado possibilidade de altos e cativos lucros.
Quando a coisa começou a ruir vieram com o risível argumento de que a identificação individual seria um moderno e revolucionário instrumento de gerenciamento da propriedade. Coitados, não lhes avisaram que o boi e a vaca frequentemente saem do seu lote ao pular a cerca, atravessar o arame ou ao “pular o brejo”. No gerenciamento “moderno” o gado é levado ao curral dia sim dia não, para se ler todos os brincos na esperança de achar qual rês está no lote errado.
Deu no que deu.
Precisamos da destruição criativa. Só implodindo o SISBOV teremos como progredir regredindo no tempo, voltando ao sistema que sempre tivemos. Felizmente o Congresso Nacional botou ordem na casa:
http://www.camara.gov.br/sileg/MontarIntegra.asp?CodTeor=572697
SISBOV? Não brinco mais!
Um ou dois estados não é o Brasil !
Dois ou três estados estão quilômetros de distância do resto em relação à Auditorias.
A época do me vô já se foi.
O prêmio da @ TRACE é realidade. Talvez representa hoje o lucro de uma propriedade.
A desorganização gera um produtor vendendo de um preço, outro exigindo outro preço e outro implorando por outro preço. Em GO já tem uma organização dos produtores habilitados ao mercado Europa. O prêmio está sendo mantido em mais de 10 % do valor da arroba.
O SISBOV é uma realidade que não vai recuar. O ser humano se tornou “o maior da cadeia” porque sempre conseguiu se adaptar e principalmente evoluir.
Coitado de nós pelo representantes que temos no congresso. E pensar que a minha sogra vota naquele “do cavalo branco” porque ele é bonito.
Um grande abraço aos companheiros pecuaristas que vêem o futuro e não ficam achando que o passado voltará …
O diferencial de preço do dito boi Europa vai oscilar na exata proporção da demanda e oferta.
Se a demanda européia estiver fraca ou a oferta de bois rastreados estiver alta o diferencial fecha. Se a demanda européia estiver forte ou a oferta de bois rastreados estiver baixa o diferencial abre.
É um principio básico da economia capitalista.
E cada frigorífico faz sua análise individual da conveniência de atender determinados mercados em detrimento de outros baseado na sua capacidade industrial, comercial (preços pagos pelos mercados e seu acesso a eles), na sua percepção de risco do cliente e no seu custo (cujo o componente principal é o preço da arroba).
O que quer disser que o diferencial de preço da arroba Europa entre os frigoríficos não será igual.
Da mesma forma cada pecuarista faz sua análise individual da conveniência de atender determinados mercados em detrimento de outros baseado na sua capacidade técnica de atender as exigências (sejam de rastreabilidade, de marmoreio da carne, etc) e sua expectativa de lucros. E os lucros serão decorrentes de preços pagos pelos frigoríficos da sua região e os custos por ele incorridos.
Notem também que a capacidade técnica de cada produtor e a realidade de preços pagos em cada região mudam. Por isto a conclusão de um produtor pode ser diametralmente oposta a conclusão de outro e ambos estarem certos.
Porém como o SISBOV é de adesão voluntária. bastante trabalhoso e burocrático, se não houver perspectiva de remuneração compatível com os custos adicionais para um bom numero de produtores a oferta futura de bois rastreados se reduzira.
Em suma, não há como o diferencial sumir definitivamente e imaginarmos que os produtores continuarão arcando com os custos. E não o creio que os frigoríficos em conjunto abram mão do mercado que melhor os remunera.
Mas cada frigorífico pagará de acordo com sua conjuntura.
Por isto tudo creio que produtores que estiverem em zona habilitada para a UE, próximos a frigoríficos exportadores, sejam organizados e tenham escala compativel para que seus custos com rastreabilidade sejam competitivos terão, na média, um bom retorno do investimento em rastreabilidade.
Prezado Sr. José Ricardo,
Parabéns pelo alto nível de conhecimento de seu texto. Este demonstra a serenidade que falta a alguns comentários neste fórum.
O SISBOV é burocrático e para poucos, aos que conseguem ter capacidade cultural, operacional, tecnologica e de disciplina. Ao final vem o prêmio que varia como bem explicado pelo Sr. Jose Ricardo. De acordo com a lei da oferta e demanda, e mercados dos frigorificos. Goiás paga de 10 a 17% de acordo com a época do ano e frigorifico.
Observem que determinado frigorifico paga menos pois APARENTA ao mercado maior LIQUIDEZ com relação aos demais, ou seja, o produtor se submete a receber menos para não ARRISCAR (Risco existe em todo negócio, seja com este ou com os demais) . Este frigorífico se utiliza desta posição mercadológica, colegas produtores busquem outros frigoríficos, pois este também necessita cumprir suas cotas.
A realidade do SISBOV é um caminho sem retorno. Mas um caminho que veio para colocar no mercado quem realmente tem capacidade para permanecer na organização e no controle. Muitos dos que fizeram comentários, com certeza, conheceram o SISBOV antigo e com mais certeza, acharam que era somente brincar os animais nos currais do frigorifico, acharam que, a UE (mercado que melhor paga para a carne), iria deixar tudo correr em corda bamba e entraram no processo. Hoje, quem está apto ao mercado europeu sabe que o diferencial pago pelos frigorificos, realmente é um diferencial. Não que o atual SISBOV seja um mar de rosas e que não aconteça erros, mas hoje é uma realidade. Melhorias precisam acontecer, mas não é o abolimento da rastreabilidade que acabará com os problemas da produção de carne do Brasil.