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Vacina pode faltar outra vez em Goiás

Goiás, Paraná e São Paulo estão dando início à campanha de vacinação contra aftosa de olho na conquista de status de zona livre de aftosa sem vacinação. Por isso, os governos estaduais estão tomando todas as precauções para manter o status de zona livre de aftosa com vacinação.

Em Goiás a venda das vacinas já foi liberada, mas há ameaça de escassez do produto na segunda quinzena da campanha, o que levou entidades como o Fórum Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a buscar soluções para o problema junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No Paraná, a Secretaria da Agricultura vai aproveitar a vacinação para identificar animais de 270 propriedades situadas na região fronteira com a Argentina para facilitar o controle do ingresso de animais clandestinos.

Leia a matéria completa:

Sob uma nova ameaça de escassez de vacina antiaftosa, a Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (Agenciarural) anunciou para hoje a liberação das vendas do medicamento para a primeira etapa anual de imunização do rebanho bovino do Estado. O diretor de Defesa Agropecuária da Agenciarural, Hélio Lourêdo, afirma que a comercialização do produto só deveria iniciar-se amanhã, mas como se trata de um feriado, as autoridades de defesa animal decidiram pela antecipação, para que possa haver vacinação efetiva no primeiro dia da campanha.

O secretário da Agricultura, José Mário Schreiner, disse ontem que os levantamentos da Defesa Agropecuária indicam que existe um estoque razoável de vacina no Estado, mas admite, entretanto, que o fluxo previsto do medicamento da indústria para o consumidor é deficitário em relação à demanda presumida para os próximos 32 dias de campanha, que é de 120 milhões de doses para todo o Circuito Pecuário Centro-Oeste e de 19,5 milhões só para Goiás. Ele assegura que todas as providências serão tomadas nos próximos dias, no sentido de se encontrar uma solução para o problema.

No mês de abril, conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Goiás recebeu 5.477.960 doses. Deverão ser vacinados todos os animais. Quem não vacinar estará sujeito à multa de 05 Unidades de Referência Fiscal (UFIRs), cerca de R$ 5,30 por cabeça.

Prorrogação

O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, confirma que existe expectativa de dificuldades no abastecimento de vacina na fase final da campanha. Ele diz que se encontrará com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pratini de Moraes, ainda hoje, para expor as preocupações do setor e sugerir medidas para evitar um colapso, ainda que por breve período, no fornecimento de vacinas pela indústria. “Vamos sugerir ao ministro que se busque a antecipação dos testes e retestes de diversos lotes do medicamento que já se encontram nos laboratórios do ministério, bem como a prorrogação da campanha até o dia 15 de junho”.

Para Nogueira, essas duas medidas, tomadas conjuntamente, seriam suficientes para garantir vacina para atender todo o Circuito Pecuário Centro-Oeste (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e parte de Minas Gerais). Segundo ele, as atuais dificuldades com estoques do medicamento são devidas à revacinação no Rio Grande do Sul e ao fornecimento do produto ao Uruguai e Argentina, onde surgiram focos de aftosa recentemente.

O presidente da Associação Goiana dos Empresários Revendedores de Produtos Agropecuários (Agerpa), Gileno Andrade, afirma que, por enquanto, os estoques em Goiás são confortáveis, mas diz ter informação de que pode haver escassez do produto na segunda quinzena da campanha.

Paraná

Na região Sudoeste do Paraná, que tem sete municípios na fronteira com a Argentina, a Secretaria da Agricultura vai aproveitar a campanha de vacinação contra a febre aftosa para identificar animais de 270 propriedades. Esse trabalho será feito na região porque o país vizinho recomeçou a registrar casos da doença há pouco mais de um ano.

Para identificar os bovinos, serão usados brincos de plástico. “Com isso poderemos controlar o estoque físico das propriedades e determinar facilmente o ingresso de animais clandestinos”, explica o responsável pelo serviço estadual de Sanidade Animal, o veterinário Felisberto Baptista.

Segundo o veterinário, os bovinos que forem adquiridos posteriormente à identificação terão que ter as guias de trânsito apresentadas pelos proprietários. Caso contrário, serão encaminhados para abate sanitário. “Não podemos pôr em risco o sucesso de todo um trabalho que vem mantendo o Paraná livre de febre aftosa há sete anos”, completou.

Classificação

Apesar de já possuir condições técnicas para iniciar seu processo de classificação como área livre da febre aftosa sem vacinação, o Paraná continuará vacinando, por tempo indeterminado, seu rebanho bovino. Se quisesse obter o certificado, que favorece as exportações de carne, o Estado teria que suspender a vacinação este ano e torcer para não registrar nenhum caso da doença até maio de 2003.

A avaliação no governo paranaense é de que é necessário cautela, diante dos focos de aftosa que surgiram no ano passado no Rio Grande do Sul e na Argentina. “Nossa vizinhança oferece muito risco”, diz Baptista. Os focos da doença levaram a Organização Internacional de Epizootias (OIE) a reclassificar a região (que inclui Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Argentina e Uruguai) como infectada. Os dois estados brasileiros, que já haviam suspendido a vacinação, com o objetivo de melhorar seu status na OIE, perderam um trabalho que realizavam há sete anos.

Em maio de 2000 o Paraná obteve a certificação de zona livre da aftosa com vacinação, depois de uma campanha de mais de 20 anos. Pelas regras da organização, um ano depois (em maio passado) o Estado já poderia suspender a vacinação, comunicar a decisão à OIE e esperar mais um ano.

No entanto, a Seab prefere esperar até 2005, quando o Brasil pretende considerar a aftosa oficialmente erradicada de seu território. Hoje, estão na condição de livre com vacinação dois grandes circuitos pecuários: Centro-Oeste (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e parte de Minas Gerais) e Leste (Rio de Janeiro, Espírito Santo, leste de Minas Gerais, Bahia e Sergipe).

Durante os próximos 20 dias, cerca de 9,7 milhões de animais criados no Estado, em mais de 210 mil propriedades, receberão a primeira dose da vacina. Elas podem ser compradas nas 800 casas de produtos agropecuários em atividade no Paraná ou, no caso dos pequenos criadores, diretamente dos vacinadores treinados e credenciados pela Secretaria da Agricultura.

São Paulo

O governo de São Paulo lança hoje, oficialmente, a Campanha Estadual de Vacinação contra a Febre Aftosa e a Raiva. A abertura será na Fazenda São Judas Tadeu, no município de Porto Feliz. A meta é criar condições para o reconhecimento do Estado como zona livre da doença sem vacinação.

Fonte: O Popular (por Edimilson de Souza Lima), Paraná On Line, Gazeta do Povo/PR, Gazeta Mercantil (por Valmir Denardin), Clic RBS/ Agrol e Correio do Povo/ RS, adaptado por Equipe BeefPoint

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